Fonte texto e imagem: Edifícios e Energia
Através da utilização de aglomerado de cortiça expandida (ICB), o projecto greenURBANLIVING quer encontrar novas soluções para o mercado das coberturas verdes. Mais “amigas do ambiente”, com “mais design” e mais “atentas” à gestão das águas pluviais em meio urbano.
As coberturas verdes têm vindo a conquistar cada vez maior aceitação. Para além de colorirem algum do cinzento das paisagens urbanas, apresentam-se como ferramentas de relevo para a retenção da precipitação – tão importante em áreas com grande densidade de construção, comummente caracterizadas por uma elevada taxa de impermeabilização dos solos –, mas também para o aumento do conforto térmico e para a melhoria da eficiência energética nos edifícios. Mas, como em tudo, há sempre espaço para melhorar e inovar. É precisamente essa a intenção por detrás do greenURBANLIVING, um projecto promovido pela Amorim Isolamentos (AISOL) e em desenvolvimento com Instituto de Investigação e Desenvolvimento Tecnológico para a Construção, Energia, Ambiente e Sustentabilidade (ITeCons), a Neoturf e a Associação Nacional para a Qualidade nas Instalações Prediais (ANQIP).
A cortiça toma o lugar do sintético
O projecto apresenta como objectivo primário o desenvolvimento de novos sistemas de cobertura e fachada verdes, recorrendo, para isso, a um valioso recurso endógeno – a cortiça. Através da utilização de aglomerado de cortiça expandida (ICB), e tendo como finalidade a sustentabilidade e a funcionalidade das soluções encontradas, os promotores da iniciativa acreditam que a utilização deste recurso natural vai trazer vantagens evidentes relativamente aos sistemas de cobertura verde tradicionais.
As expectativas do promotor líder do projecto, cuja experiência no fabrico de novos produtos com a incorporação de cortiça é vasta, reflectem a ambição de “reforçar” as vendas “nos diversos mercados internacionais”. Carlos Manuel, da Amorim Isolamentos, acredita que a “concretização deste projecto permitirá uma nova aplicação de prestígio da cortiça”. E faz questão de lembrar que a utilização deste recurso natural, “devido às [suas] características únicas”, vem trazer “vantagens adicionais” aos sistemas de coberturas verdes, destacando o facto de permitir “uma solução absolutamente sustentável”, que apresenta maior “durabilidade” e possibilita um “melhor aproveitamento das águas pluviais” e uma “melhor conservação da vegetação”.
À especialista em cortiça, junta-se a especialista em coberturas verdes – a Neoturf. Paulo Palha, responsável da empresa parceira do projecto, espera que o sistema, desenvolvido “com materiais nacionais”, venha a ser “simples de instalar, com grande longevidade, superior termicamente e com capacidade de incorporação de mais design como elemento diferenciador”.
O projecto aposta na substituição de materiais sintéticos por cortiça, mas não se fica, só, pelo objectivo da sustentabilidade. O recurso ao aglomerado de cortiça expandido vem permitir a melhoria das funções de isolamento térmico e acústico, assim como possibilita a exploração de novas formas arquitectónicas, passando a ser possível modelar digitalmente coberturas e fachadas verdes com formas irregulares. Paulo Palha refere ainda a “redução do número de componentes do sistema”, a incorporação do design na implementação da fachada ou cobertura verde e o aumento da “longevidade” do sistema. “Os sistemas de cobertura e fachada verdes actuais recorrem frequentemente a materiais sintéticos para suportar a vegetação e para garantir as funções de drenagem e de retenção de água” – esta é a realidade que a iniciativa pretende mudar.
No desenvolvimento da nova solução, está envolvida também uma equipa multidisciplinar do ITeCons, nomeadamente nas áreas da acústica, química e higrotérmica. Nuno Simões é um dos responsáveis e membro dessa equipa e explica de que forma este projecto pode alterar a solução de coberturas verdes, privilegiando a sustentabilidade da nova solução, sem descurar a viabilidade e a eficiência do novo sistema: “As funções de retenção de água serão garantidas pela capacidade intrínseca que os grânulos de cortiça têm para reter água no seu interior. A capacidade drenante, por sua vez, será regulada pelo espaço intersticial existente entre grânulos, propriedade que varia com a massa volúmica do ICB”.
Por seu lado, a Neoturf tira partido do “conhecimento acumulado sobre o tipo de botânica” que mais bem funciona nas condições “exigentes e diversas do clima nacional”. Para além disso, o facto de a empresa nacional participar “em diversos fóruns nacionais e internacionais ligados à temática das coberturas verdes” permite-lhe “avaliar que tipo de sistemas e produtos podem ter sucesso numa perspectiva de exportação”.
Uma solução com várias formas e feitios
Uma das grandes vantagens, conferida pela utilização de aglomerado de cortiça expandida e amplamente referida pelos protagonistas do projecto, é a capacidade de “personalização geométrica e de pré-fabricação”. Nuno Simões revela que existe a pretensão de “garantir uma maior liberdade arquitectónica na execução de coberturas e fachadas verdes”, referindo a “possibilidade de modular diferentes formas de canteiros e de conceber sistemas de cobertura a aplicar em suportes inclinados”. As várias formas e feitios que o sistema pode apresentar devem-se à concepção e exploração de técnicas avançadas de produção, desenvolvidas pela Amorim Isolamentos no âmbito projecto, o que permite a “personalização geométrica tridimensional da cortiça, recorrendo a tecnologias de corte e fresagem robotizadas”.
No final do projecto, agendado para Setembro de 2018, o objectivo é poder apresentar um modelo de cobertura “com um perfil ambiental e energético superior ao das soluções convencionais”, que se revele viável e capaz de competir, no mercado, com os sistemas já existentes.
Solução à vista
Neste momento, há já uma solução desenvolvida que, segundo Nuno Simões, “apresenta viabilidade técnica”, com bons resultados ao nível do “desempenho térmico e acústico, capacidade de drenagem e retenção” e com “adequada compatibilização entre as espécies verdes e o novo sistema”. O especialista do instituto de Coimbra revela também que a solução desenvolvida está “numa fase em que já ocorreu a fabricação de provetes, estando em curso várias campanhas laboratoriais para avaliar o desempenho”. Para além do desenvolvimento de soluções alternativas, “outra das preocupações previstas [no projecto] é a realização de um guião de aplicação destes novos sistemas de coberturas e fachadas vivas”.
Para Armando Silva Afonso, presidente da direcção da ANQIP, outra das parceiras da iniciativa, as coberturas e fachadas verdes são, “sem qualquer dúvida, a solução que o futuro irá impor nas nossas cidades”. O dirigente da associação destaca o potencial do sistema em desenvolvimento, revelado pelos resultados já obtidos, “em termos de controlo de escoamento de água e capacidade de retenção”, considerando que o contributo destes sistemas para a “eficiência hídrica nos edifícios e para a gestão urbana das águas pluviais é da maior importância”.
Olá João, adorei esta idéia, muito viável e com um futuro promissor, vamos ver se vinga, espero que sim.
ResponderEliminarBeijinhos de Luz!
AnaMaria
Olá Ana Maria
ResponderEliminarObrigado pelo comentário.
Esperemos que sim.
Beijinhos e até breve