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sexta-feira, 5 de agosto de 2016

Semana Internacional de Pachamama


Pacha Mama ou Pachamama (do quíchua Pacha, "universo", "mundo", "tempo", "lugar", e Mama, "mãe",[1] "Mãe Terra") é a divindade máxima dos Andes, Bolivianos e Peruanos do noroeste Argentino e do extremo norte do Chile. Vários autores consideram Pachamama como uma divindade relacionada com a terra, a fertilidade, a mãe, o feminino. [2] Pacha Mama é uma deusa que produz, que engendra. Segundo a tradição, sua morada está na Favela de Cerro Blanco (Nevado de Cachi), em cujo cume há um lago que rodeia uma ilha habitada por um gordo de chifres dourados e saliente. que, ao mugir, expele nuvens de tormenta pela boca.[3]
Segundo o historiador Boliviano Rigoberto Paredes (1870–1950), a princípio, o mito de Pacha Mama devia referir-se ao tempo, "talvez vinculado de alguma forma à terra; ao tempo que cura as maiores dores, tal como extingue as alegrias mais intensas; ao tempo que distribui as estações, fecunda a terra, sua companheira; dá e absorve a vida dos seres no universo. Pacha significa originariamente "tempo", na língua kolla; só com o transcurso dos anos - as adulterações da língua e o predomínio de outras raças - pôde confundir-se com a terra e fazer com que a esta e não àquele se rendesse preferente culto [...] Pacha-Mama, segundo o conceito que tem entre os índios, poderia ser traduzido no sentido de terra grande, diretora e sustentadora da vida"[4] A terra, como geradora da vida, será então assumida como um símbolo de fecundidade.[3][5]

Celebração
1º de agosto é o dia da Pacha Mama. Nesse dia, enterra-se, em um lugar próximo da casa, uma panela de barro com comida cozida. Também se põe coca, yicta, álcool, vinho, cigarros e chicha para alimentar Pacha Mama. Nesse mesmo dia deve-se por cordões de fio branco e preto, confeccionados com lã de lhama, enrolando-os à esquerda. Esses cordões se atam nos tornozelos, nos pulsos e no pescoço. [5]



Pachamama como sujeito de direito
O novo constitucionalismo latino-americano reconhece Pachamama como um novo sujeito de direito, com base no princípio do sumak kawsay ou Buen Vivir ou Vivir Bien, o qual se contrapõe aos ideais de desenvolvimento económico.[6]Pachamama é referida no preâmbulo das constituições do Equador[7] e da Bolívia.[8] Nesta última, também são citados os conceitos de suma qamaña (viver bem), ñandereko (vida harmoniosa), teko kavi (vida boa), ivi maraei (terra sem mal) e qhapaj ñan (caminho ou vida nobre) como princípios ético-morais da sociedade. O buen vivir ou sumak kawsay também aparece na Constituição Equatoriana.[9][10]

Referências
  1. Segundo Paredes, os termos mamatay e raamay, com os quais se designa, respectivamente, em aymara e quéchua a mãe, teriam sido introduzidos após a conquista espanhola, possivelmente por missionários, e seriam provenientes do castelhano "mamá". Matay era o nome dado pelos índios à mãe ou senhora principal, embora o termo tayca fosse mais utilizado até o século XX.
  2. Pueblos originarios - Dioses y personajes míticos. "Pacha Mama"
  3. PAREDES, Manuel Rigoberto Mitos, supersticiones y supervivencias populares de Bolivia. Prólogo do Dr. Belisario Díaz Romero. La Paz: Arno Hermanos — Libreros Editores, 1920, pp 38 a 42.
  4. Culto a la Pachamama, por José Díaz.
  5. O Bem Viver na constituição do Equador
  6. (em espanhol) Constitución de la República del Ecuador
  7. (em espanhol) Constitución Política del Estado Plurinacional de Bolivia
  8. (em espanhol) Discursos “pachamamistas” versus políticas desarrollistas: el debate sobre el sumak kawsay en los Andes. Por Andreu Viola Recasens. Íconos. Revista de Ciencias Sociales. Nº 48, Quito, janeiro de 2014, pp. 55-72. Facultad Latinoamericana de Ciencias Sociales - Sede Académica de Ecuador. ISSN: 1390-1249
  9. O Sumak Kawsay (Buen Vivir) e o novo constitucionalismo latino-americano: uma proposta para concretização dos direitos socioambientais?. Anais do Universitas e Direito 2012. PUCPR

2 comentários:

  1. "...é inegável que existe em curso uma revolução de valores e imposição de novos estilos de vida. Isso configura a esperança..."
    foi o meu comentário no blogue da Manuela Araújo.
    Acrescento que é igualmente revolucionário recuperar velhos cultos...

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  2. Daí a permacultura. Não responde a tudo, mas é uma via muito interessante. É a integração dos vários saberes académicos e não académicos e permitir a auto-suficiência agindo localmente pensando global.

    Um abraço

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