Partilho o mesmo pensamento e visão do meu amigo Viriato. Abaixo o Euro 2008 e a paranóia do futebol competitivo é um manifesto e também é um acto de cidadania por um Portugal mais ecossolidário. Certamente também há portugueses fartos....por mais lavagem verde que recentemente as fábricas de futebol façam...
E quanto a um esforço por mostrar penalizações dos futebolistas e clubes entre pares....ainda estamos muito longe da justiça social....
Por Portugal?
Só penalizam a função pública, penalizam os juízes, penalizam os ambientalistas, penalizam os polícias....ah...mas quando toca a penalizar a máquina do futebol...atenção...mil cuidados....
Por Portugal?
oh sobreiros e carvalhos de Portugal, oh lobos do Gerês, oh gravuras do Foz Côa, oh litoral de Portugal...porque não sois respeitados, amados e compreendidos???
Pela Europa?
Pelo Mundo?
Pelo Desporto e ao ar livre? Desporto para todos e com todos?
Pela Paz?????
O desporto ( mais a sua indústria) ensina-nos a ser competitivos!
A educação dos jogos cooperativos habitua-nos, ao invés, a ser solidários e fraternos.
Por Viriato, Pimenta Negra, 15 de Junho de 2008
A ideologia desportiva pretende vender-nos, à socapa, e à custa de uma falsa ideia de neutralidade da actividade desportiva, os valores caros às sociedades capitalistas: uma concorrência feroz entre as equipas e os jogadores, o elitismo dos melhores, o nacionalismo, o culto da perfomance, a passividade do espectador-cidadão e as perversões alienantes da sociedade do espectáculo, etc.
Acresce a isso, nos últimos anos, a subtil montagem e manipulação das emoções das pessoas, a que já nos vamos habituando a assistir periodicamente, quando aquelas são convidadas ( e autorizadas, bem entendido) a berrar, buzinar, e a cometerem os desvarios do costume, enfim, a emocionar-se por motivos, que são, no geral, muito bem programados, e que, de imediato, são vendidos às massas com objectivos inconfessáveis, mas onde o lucro está sempre presente, regra geral, associado alarvemente a operações de manipulação, com a vantagem suplementar de, ao contrário dos carnavais de outros tempos, não existirem em tais excessos as habituais críticas ao poder estabelecido.
Com os espectáculos desportivos como o que nos entram pelos olhos (e cérebros) dentro, o que se pretende é então alimentar a ilusão de um mundo em que cada equipa (de cada nação, ou de cada cidade) tem as mesmas oportunidades de ganhar (de vitória) como as demais, quando se sabe perfeitamente que assim não é, até porque as melhores equipas se constroem com investimentos milionários, só possíveis a quem for titular do real poder do capital.
Uma operação mental deste calibre permite alimentar junto dos mais desprevenidos a ideia ilusória de que, por exemplo, as nações colonizadas podem vencer as equipas das super-potências colonizadoras, ou de que - o que vai dar ao mesmo - os pobres só podem subir na escala social se tiverem talento suficiente para alcançarem o nível social dos ricos, por mais estúpidos e broncos que estes sejam.
A nossa bolsa de valores é o oposto a tudo isso. Queremos um mundo em que não haja necessidade de derrotar, e muito menos, de esmagar, quem quer que seja, para nos sentirmos bem. Queremos um mundo onde o gosto de jogar derive do prazer da partilha e do «estar em comum» e jamais da vitória ( e esmagamento ou massacre) sobre o outro.
Também rejeitamos a identificação às bandeiras de um qualquer Estado nacional, do mesmo modo que julgamos desprezíveis as manifestações ruidosas de rua dos adeptos fanatizados em glória aos vencedores.
Os campeonatos do mundo e da Europa do futebol, junto aos Jogos Olímpicos, são bem exemplos ilustrativos de todos esses valores que sub-repticiamente nos querem impingir, com a falsa ideia da neutralidade do desporto, devidamente embrulhada numa não menos falsa ética aplicada à competição feroz entre os jogadores-adversários em contenda.
A ideologia desportiva é, com efeito, tanto mais forte e insidiosa quanto mais invisível e discreta ela se mostrar…
Sejamos solidários uns com os outros.
Não alinhemos com a ideologia dominante da concorrência e da competição social (mesmo, dentro do desporto) das sociedades capitalistas.
Não à manipulação e à lavagem cerebral que nos transformam em agentes (…, isto é, em agenciados pelo poder) inconscientes da competição concorrencial do mercado
Por uma educação cooperativa e solidária entre todos os seres vivos.
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