Depois de no último Verão o país ter perdido dezenas de hectares de floresta devido aos fortes incêndios ocorridos no país, o Instituto de Estradas de Portugal (IEP) está a promover a marcação e o abate de centenas de árvores existentes nas bermas de diversas estradas nacionais do centro do país, denunciam hoje a QUERCUS e a Sociedade Portuguesa de Arboricultura.
Para além da QUERCUS e da Sociedade Portuguesa de Arboricultura terem vindo a constatar no terreno esta situação também temos recebido várias queixas de cidadãos, questionando sobre qual a necessidade de abater o arvoredo indiscriminadamente.
Instituto das Estradas de Portugal Promove Abate Indiscriminado de Árvores na Margem das Estradas
Segundo apurámos, pelo menos as Direcções de Estradas de Santarém e de Portalegre do IEP, estão a promover concursos públicos para o abate de árvores na margem das estradas nacionais, com argumentos pouco fundamentados de as árvores estarem decrépitas, doentes ou que possam representar um perigo potencial para a segurança rodoviária.
Só no Distrito de Santarém, existem centenas de árvores marcadas para abate, desde carvalhos, freixos, plátanos, choupos, eucaliptos, olaias, amoreiras, ulmeiros, ciprestes, incluindo azinheiras e sobreiros protegidos legalmente, nomeadamente na EN 110 (Tomar), EN 113 (Ourém), EN 243 e EN 365 (Golegã) e EN 349 (Torres Novas), para além de outras estradas não vistoriadas.
Concordamos com o abate pontual das árvores que ameaçam a segurança rodoviária, no entanto, constatámos, em vistorias a diversos locais, que muitas das árvores não apresentam problemas fitossanitários que justifiquem uma intervenção de abate, algumas apenas carecem da limpeza de ramos secos, desramas, podas de formação ou outras acções localizadas efectuadas por técnicos especializados.
Direcção de Estradas de Portalegre do IEP, está a abater centenas de árvores na Estrada Nacional 2 em Ponte de Sôr
Actualmente na Estrada Nacional 2, no concelho de Ponte de Sôr, entre a localidade de Domingão e Montargil, a Direcção de Estradas de Portalegre do IEP entregou a empreitada a uma empresa de exploração florestal, a qual se encontra a cortar centenas de árvores existentes na margem da estrada, nomeadamente pinheiros-bravos, pinheiros-de-alepo, eucaliptos ornamentais, para além de outras espécies.
O arvoredo que margina esta estrada, junto da albufeira da barragem de Montargil, representa um elemento cénico fundamental para a valorização da paisagem numa área de interesse turístico, para além das inúmeros benefícios que lhe são sobejamente reconhecidos pela sociedade.
O corte raso de todos os pinheiros-bravos numa faixa com cerca de 5 metros para além da faixa de rodagem é completamente incoerente com o bom estado fitossanitário das árvores, o qual, na maioria dos casos, não representa qualquer risco acrescido para a segurança rodoviária.
A QUERCUS e a Sociedade Portuguesa de Arboricultura consideram esta acção promovida pelo IEP desprovida de fundamentação técnica, parecendo existirem interesses com a exploração das madeiras e lenhas.
Neste sentido, e como se trata de património natural colectivo, o qual está a ser abatido sem fundamento pela entidade responsável pela gestão, o Instituto das Estradas de Portugal, a QUERCUS e Sociedade Portuguesa de Arboricultura espera que o abate das árvores cesse imediatamente e que seja revisto o concurso público, devendo este ser baseado num relatório de diagnóstico fitossanitário do arvoredo, efectuado por uma entidade independente.
Dada a gravidade destas acções sugerimos a necessidade urgente da criação de regulamentação legal para as acções de abate das árvores públicas, património colectivo que não pode ser destruído apenas por decisão do IEP.
Conheçam e apoiem também a Sociedade Portuguesa de Arboricultura
Muitos outros poemas podem ser encontrados neste site Poemas sobre Árvores cujo objectivo é reunir o maior número possível de poemas sobre as árvores.
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