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quarta-feira, 22 de dezembro de 2004

A Cultura da Reutilização


Olimpio Araujo Junior

O conceito da reutilização, por mais que não percebamos, já está intrínseco em nossa sociedade, desde a criança, que prefere brincar com a caixa do que com o brinquedo, até aos pais, que reformam um antigo móvel de família, reaproveitando-o de forma útil e decorativa.

Quem nunca passou as roupas de um filho mais velho para outro filho, e posteriormente para outra criança, ou simplesmente doou ou vendeu à um brechó. Quantas pessoas procuram brechós, ou por necessidade de um produto mais barato, ou em busca de algo diferente, ou com se diz atualmente, “fashion”.

A reutilização também é cultura, principalmente quando lembramos dos famosos “sebos”, lojas onde se podem encontrar verdadeiras relíquias literárias e musicais. Um mesmo livro pode ser lido por muitas pessoas, por isso é possível afirmar que o leitor é descartável, o livro não, afinal, ele pode atravessar gerações multiplicando conhecimento, sendo reutilizado inúmeras vezes.

O que é lixo para muitos pode ser útil para outros, e mesmo nos lares mais abastados é possível encontrar um vidro de conserva guardando pregos, uma garrafa com água na geladeira ou mesmo antigos aparelhos ou utensílios utilizados na decoração interna.

Nas grandes cidades, favelas inteiras são construídas com o que para muitos é apenas lixo, e o mesmo lixo sustenta muitos de seus moradores, que dependem da coleta de materiais recicláveis para sobreviver.

Até mesmo a história estaria comprometida se alguém não tivesse guardado algo que um dia foi “útil”, depois tornou-se “dispensável”, e hoje é “antiguidade”. Em campo Magro, região metropolitana de Curitiba, é possível encontrar um museu especializado em coisas antigas ou curiosas encontradas no lixo.

Precisamos rever nosso conceito sobre o que é lixo, entendendo melhor essa dinâmica, resolveremos mais facilmente este grande problema sócio-ambiental. Na natureza, nada vira lixo, tudo faz parte de um constante ciclo de reaproveitamento. Quando aprendermos também a viver desta forma, com certeza teremos um mundo muito melhor.

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