Bem que andávamos desassossegados com o silêncio de Constança e Sá, sobretudo na rede X. Jornalista corajosa e frontal.
Ouvir os seus argumentos nos tempos da Troika era um bálsamo numa época bem negra que o País atravessou. Tinha a acutilância e a inteligência como algumas das características mais marcantes.
Outra característica marcante: no debate público em geral, representou sempre um compromisso com a verdade e com a independência editorial.
A primeira visibilidade foi na redação do Independente, do qual foi diretora-adjunta e diretora, tendo ainda sido redatora principal no Diário Económico. Porém ficou ainda mais famosa e conhecemos a sua personalidade na Televisão.
Durante muitos anos, integrou então a redação da TVI, em que foi editora de Política, mas abandonou esta estação de televisão em 2020 quando a Cofina estava em vias de entrar na Media Capital. "Saí da TVI, que durante muitos anos foi a minha casa, por uma questão de dignidade, saúde mental e higiene. Nunca acabaria a minha vida profissional a trabalhar para a Cofina. Lamento", justificou então.
Era assim, uma mulher de valores.
Um ano depois, acabaria por voltar à TVI para fazer comentário político.
Amante de livros e música erudita, fumadora assumida, na vida pessoal foi uma mulher de paixões e prazeres. Constança Cunha e Sá nunca se deixou encantar por carros. Até hoje, não tirou a carta de condução. "Nunca me inscrevi para tirar a carta e já não o vou fazer. Odeio burocracias e papelada", assumiu, sem medo das palavras.
Sentidos pêsames à família e amigos. Sentida vénia, Constança, que nunca se vergou ao sistema plutocrático.

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