| Vale do Lítio em Minas Gerais- Brasil |
O discurso é clima e futuro; a realidade, no terreno, é corrupção suspeita, decisões opacas e destruição brutal de turismo, agricultura, comunidades e natureza.
Barroso e Montalegre: O que era paisagem intacta, ideal para caminhadas, gastronomia local e vida comunitária, arrisca tornar-se um cenário de explosões, pó e camiões. Ao mesmo tempo, concessões polémicas, negócios com baldios travados em tribunal e projectos ligados à Operação Influencer (Galamba/Escária PS- etc) alimentam a ideia de que o que manda não é o interesse público, mas redes de influência em torno do Estado.
No Alentejo, a mega-central solar Fernando Pessoa significa abater cerca de um milhão e meio de árvores e transformar centenas de hectares num campo industrial cercado. O montado, a paisagem aberta, o silêncio e o céu limpo – pilares do turismo, da agricultura de qualidade e da identidade da região – são sacrificados em troca de um “mega projecto” aprovado à pressa, já contestado. A energia e o dinheiro saem pela linha de alta tensão; quem fica herda a paisagem arruinada
Em Sines, a corrida ao hidrogénio “verde” e a novas infraestruturas industriais ameaça virar a costa alentejana – hoje motor de turismo balnear e de natureza – num corredor de tubos, tanques e betão. Um dos grandes projectos está também sob investigação na Operação Influencer, reforçando a percepção de que a transição energética é o novo campo de negócios para quem tem a chave dos gabinetes certos.
Quanto à Central Solar SOPHIA , na Beira Interior podemos dizer com certeza que a Central Solar Sophia é um projeto privado, promovido pela Lightsource bp, com apoio de empresa nacional para licenciamento (Coloursflow). Contudo:
1.Há receio de que o projeto assuma características de “mega-central”, implicando vastas áreas vedadas (1.734 hectares vedados, segundo dados públicos) e ocupação de solos que hoje têm funções agrícolas, florestais ou naturais.
2. A escala do projeto, o tipo de zoneamento de solo e a densidade de instalação levantaram enormes críticas de ambientalistas, populações locais e comunidades intermunicipais.
3.A contestação pública e institucional é significativa — há quem considere que a forma como o processo está a decorrer reflete desequilíbrios entre interesses privados e os valores ambientais, sociais e territoriais da região.
Por isso, para muitos, Sophia já não é apenas “energia solar”: é um exemplo do que se entende como “projetos energéticos feitos à pressa” — com promessas de “transição verde” que coincidiriam com lucro para privados, e riscos definitivos de prejuízo para território, biodiversidade e comunidades.
Conclusão
Estamos perante um caso de Green Corruption (Corrupção Verde)
O padrão é sempre o mesmo: destrói-se em baixo, lucra-se em cima. Territórios que vivem de turismo, agricultura e natureza perdem tudo o que os faz existir; grandes empresas e decisores políticos ganham projectos “estratégicos”, subsídios e poder. Se isto é a “transição verde”, o risco não é só matar serras, campos e mar – é matar a já quase nula confiança das pessoas e transformar o combate ao clima em mais um capítulo da história da corrupção em Portugal. E Portugal mais pobre em todos os aspectos. Todos estes projectos, a ser confirmados, inevitavelmente gerarão um considerável passivo ambiental para as gerações futuras.
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