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segunda-feira, 28 de julho de 2025

O novo relatório Global Wetland Outlook 2025 apela a ação urgente para conservar as zonas húmidas


Principais conclusões

1. Perda e degradação em curso
Desde 1970, o mundo perdeu cerca de 22 % das zonas húmidas, o que equivale a 411 milhões de hectares, com uma taxa média anual de perda de 0,52 % ao ano .
Aproximadamente 25 % das zonas húmidas remanescentes já estão em pobre estado ecológico 

A degradação é mais severa em África, América Latina e Caraíbas, mas também em aceleração na Europa, América do Norte e Oceânia 

2. Valor económico colossal – mas vulnerável
Embora ocupem apenas cerca de 6 % da superfície terrestre, as zonas húmidas contribuem com até 7,5 % do PIB global, estimado entre 8 e 39 triliões de dólares por ano em serviços (filtragem de água, controlo de cheias, sequestro de carbono, pesca, cultura, etc.) 

Estima-se que a redução desses serviços até 2050 possa representar uma perda económica total acumulada (NPV) superior a 205 triliões USD, caso os ecossistemas sejam geridos de forma eficaz até lá 

3. Causas principais da degradação
A transformação das terras (agricultura, desenvolvimento urbano e infraestruturas) é o principal fator de perda nas zonas húmidas — especialmente em África, América Latina e Caraíbas 

Noutras regiões, os fatores dominantes variam: espécies invasoras na América do Norte e Oceânia; seca e alterações climáticas na Europa 

A mudança climática — subida do nível do mar, alterações hidrológicas, branqueamento de corais e secas — está a intensificar perdas e riscos 

4. Investimentos actuais insuficientes
O financiamento mundial para a conservação da biodiversidade representa apenas 0,25 % do PIB global, muito aquém do necessário 

O relatório sugere que são necessários entre 275 e 550 mil milhões de dólares por ano para travar a perda de zonas húmidas e promover a sua restauração sustentável 

Exemplos de sucesso: o projecto dos Kafue Flats (Zâmbia) começou com 300 000 USD e já entrega 1 milhão anual, suportando 1,3 milhões de pessoas — e um fundo regional de 3 mil milhões USD em rotas de migração de aves na Ásia, restaurando mais de 140 zonas húmidas 

5. Quatro caminhos estratégicos para a mudança
Integrar o valor das zonas húmidas no planeamento nacional, considerando-as como infraestrutura natural essencial (zonamento estratégico, regulação da água, políticas agrícolas) 

Reconhecer o papel central das zonas húmidas no ciclo hídrico global, valorizar a sua função de armazenamento e filtragem de água

Incorporar zonas húmidas nas finanças climáticas e da biodiversidade, usando instrumentos como créditos de carbono, obrigações resilientes e financiamento misto público‑privado 

Mobilizar investimentos públicos e privados para conservação e restauração, com capacidade local e participação comunitária nos projetos 

6. Custos e benefícios da gestão
Proteger zonas húmidas saudáveis é mais económico do que restaurar zonas degradadas: restauração pode custar entre 1 000 e 70 000 USD por hectare por ano, enquanto preservação requer menos recursos

O retorno estimado para cada dólar investido em restauração está entre 5 a 35 USD em benefícios ecológicos e sociais 

O relatório pode ser descarregado aqui


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