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quarta-feira, 8 de maio de 2024

Devemos muito a David Attenborough


Comunicador por excelência e divulgador superlativo da beleza e variabilidade da Vida na Terra, Sir David tem dedicado parte substancial da sua longa vida a dar-nos a conhecer - com competência, elegância, graciosidade e rigor - o fascínio da Natureza.
Mas não só.
Ciente e consciente de que a biodiversidade é realmente o seguro de vida da nossa existência, David Attenborough tem alertado para os perigos eminentes que a perda da diversidade biológica trará para a Humanidade.
Só é pena que a nossa reacção - individual e colectiva - não acompanhe devidamente a urgência do que vivemos. Cada vez com mais frequência, vamos assistindo aos efeitos da nossa quase inacção.
A continuarmos assim, um dia, em breve, veremos que é tarde para reagirmos. Demasiado tarde.
Parabéns pelo seu 98º Aniversário e Obrigado, Sir David.


Numa entrevista ao Público, diz que não conhece a palavra reforma. 
Incansável ambientalista e comunicador de Ecologia e Biologia. 
Foto: Sir David Attenborough no lançamento mundial de Planet Earth III dos estúdios da BBC em Frameless, a 12 de Outubro de 2023, em Londres.

Karl Popper manda-nos um reminder...



Clica na imagem e tens acesso ao E-Book

Escrito no exílio político na Nova Zelândia durante a Segunda Guerra Mundial e publicado em dois volumes em 1945, A Sociedade Aberta e os seus Inimigos foi saudado por Bertrand Russell como uma “defesa vigorosa e profunda da democracia”. Este lendário ataque às filosofias de Platão, Hegel e Marx profetizou o colapso do comunismo na Europa Oriental e expôs as falhas fatais dos sistemas políticos socialmente concebidos. Ele permanece altamente legível, erudito e lúcido e é uma leitura essencial hoje como quando foi publicado em 1945. Está disponível aqui numa edição especial centenária de um único volume.

Novas descobertas de arte rupestre no Leste do Sudão reafirmam alterações climáticas catastrófica


Novas descobertas arqueológicas no deserto hiper-árido de Atbai, no leste do Sudão, indicam que o deserto do Saara já foi um ambiente verdejante e exuberante.

Julien Cooper, do Departamento de História e Arqueologia, liderou uma equipa de arqueólogos em 2018 e 2019 no Projeto de Levantamento Atbai, descobrindo 16 novos sítios de arte rupestre em Wadi Halfa, uma das zonas mais desoladas e secas do Sara. Quase todas as obras de arte recém-descobertas, que datam de há 4000 anos, apresentam a presença de gado.

“Era intrigante encontrar gado esculpido em paredes rochosas do deserto, uma vez que o gado necessita de muita água e de hectares de pasto e não sobreviveria no ambiente seco e árido do Saara atual”, afirma Julien Cooper.

“A presença de gado na arte rupestre antiga é uma das provas mais importantes da existência de um Saara outrora verde”, acrescenta.

A arte rupestre descoberta no Sudão Oriental também pinta o deserto como uma savana relvada, repleta de poças, rios, pântanos e charcos e lar de uma variedade de fauna da savana africana, como a girafa e o elefante.

A ideia de um “Saara verde” foi comprovada em trabalhos de campo e investigações arqueológicas e climáticas anteriores, com os especialistas a referirem-se a este período como o “período húmido africano” – uma época de aumento da precipitação das monções de verão que começou há cerca de 15 000 anos e terminou há cerca de 5 000 anos.

As representações de humanos ao lado do gado podem indicar o ato de ordenha, sugerindo que a região foi ocupada por pastores de gado até ao segundo ou terceiro milénio a.C. Depois desta altura, a diminuição da precipitação tornou impossível a criação de gado. Atualmente, esta região quase não recebe precipitação anual.

Após o fim do “período húmido africano”, por volta de 3000 a.C., os lagos e os rios começaram a secar, a areia cobriu as pastagens mortas e a maior parte da população humana deixou o Sara para se refugiar mais perto do Nilo.

“O deserto de Atbai, em torno de Wadi Halfa, onde foi descoberta a nova arte rupestre, ficou quase completamente despovoado. Para os que ficaram, o gado foi substituído por ovelhas e cabras”, explicou Julien Cooper.

“Este facto teria tido grandes ramificações em todos os aspectos da vida humana – desde a dieta e as reservas limitadas de leite, aos padrões migratórios das famílias de pastores e à identidade e subsistência daqueles que dependiam do seu gado”, acrescentou.

Atualmente, o gado é um símbolo de identidade e significado em todo o Sudão do Sul e em partes da África Oriental. O gado é decorado, marcado e tem um papel significativo nos clientes funerários, com crânios de gado a marcarem as sepulturas e a serem consumidos em festas.

terça-feira, 7 de maio de 2024

A guerra nunca partiu, de Mia Couto


"A guerra nunca partiu, filho. As guerras são como as estações do ano: ficam suspensas, a amadurecer no ódio da gente miúda."- Mia Couto in "O Último Voo do Flamingo"

Carriça no Eco-Caminho da Maia


Olá, encontrei uma carriça (Troglodytes troglodytes) no Eco-caminho da Maia! 
Sabiam que é um dos pássaros mais pequenos da nossa avifauna, mas com um dos cantos mais poderosos e melodiosos?
E que o nome científico troglodytes refere-se ao hábito destes pássaros em "desaparecer" dentro de buracos no solo à procura de invertebrados para se alimentarem?

Cérebro de um racista


"O nacionalismo é uma doença infantil; é o sarampo da Humanidade" - Albert Einstein

segunda-feira, 6 de maio de 2024

Sobre os cépticos e as alterações climáticas


Vamos lá ver se nos entendemos em relação às alterações climáticas. Há dois tipos de alterações climáticas: as geológicas e as antropogénicas. Quando nada se referir quando falamos de alterações climáticas são as provocadas pelo Homem. A realidade está aí: eventos climáticos extremos, degelo das calotes, ondas de calor em países habitualmente frios (Suíça, p. ex.). São causadas sobretudo pelo uso e abuso de petróleo, gás, carvão e biomassa. Os jactos privados e os cruzeiros contribuem em GT de CO2, aumentando a temperatura global. 1ºC a mais trará consequências desastrosas: secas prolongadas, aumento do nível do mar, etc. 
Os GEE principais são o CO2 e o metano. Entre os GEE, incluir óxidos nitrosos e o insuspeito vapor de água que tem um poder de EE superior aos outros (e que não se pode controlar quando a temperatura atmosférica subir).
Quanto às alterações climáticas geológicas existiram no passado e continuarão a existir, nomeadamente a tectónica de placas e o vulcanismo.
O nosso clima está a mudar e nós somos a causa principal através das nossas emissões de GEE. Os factos sobre as alterações climáticas são essenciais para se compreender o mundo à nossa volta, e para tomarmos decisões informadas sobre o futuro.

Saber mais:
2. Climate Emergency Forum: Adaptação e Mitigação


3. Estudo independente ataca cépticos e confirma que a Terra está mesmo mais quente

Racismo Ambiental e Justiça Ambiental

Ainda na sequência desta postagem estive num Congresso bem há pouco tempo, em Londres onde actualizamos as informações disponíveis em relação à Justiça Ambiental. Há muito por fazer. Em muitos Países da Europa se verifica imigração com indícios de racismo, sobretudo a Hungria e agora o Reino Unido que estão a tentar resolver o problema da imigração expulsando ruandeses. A imigração não está descontrolada. Quem está desregulada e com consequências graves, é a banca, que atinge sucessivamente vários recordes de lucros.
Numa conversa amena ao almoço, falamos de um tema "Strange Fruit". Cantado inicialmente por Billie Holiday em 1939, conhecia a versão da Nina Simone e disseram-me que  há uma versão muito humana por parte de Annie Lenox.
Oiçam bem:

Considerando as imagens vívidas e a metáfora sustentada da música “Strange Fruit”, não deveria ser surpresa que ela tenha começado como um poema. Foi escrito por Abel Meeropol (1903-1986), professor, poeta e compositor, que publicou sob o nome de Lewis Allan.

A canção aborda as questões raciais nos EUA e pela primeira vez faz um relato de Racismo Ambiental.

O racismo ambiental é um termo utilizado para se referir ao processo de discriminação que populações periferizadas ou compostas de minorias étnicas sofrem através da degradação ambiental. A expressão denuncia que a distribuição dos impactos ambientais não se dá de forma igual entre a população, sendo a parcela marginalizada e historicamente invisibilizada a mais afetada pela poluição e degradação ambiental.

Atualmente, a falta de investimento em regiões sem saneamento básico, o despejo de resíduos nocivos à saúde em regiões de vulnerabilidade social, a grilagem e a exploração de terras pertencentes a povos originários são exemplos da manifestação do racismo ambiental.

Poema - Carinho

Minha arte digital: "Tu Gitana"

      
"No suave toque do vento ao entardecer,
Nas estrelas que brilham no escuro do anoitecer,
Há um carinho que envolve, que faz florescer,
Nos corações que amam, um eterno viver.

No sussurro do rio ao correr para o mar,
Na ternura do olhar que não cansa de admirar,
Existe um carinho que nunca vai se acabar,
Nas almas que se encontram, um eterno lar.

Então que o carinho seja o nosso guiar,
Em cada passo, em cada olhar a brilhar,
Que sejamos o eco desse doce soar,
Do amor que nos une, sem nunca se esgotar."
João Soares, 05.05.2024


Música do BioTerra: 

Acção Climática Já: mitigação e adptação


A mitigação refere-se aos esforços para reduzir ou prevenir a emissão de gases de efeito estufa. Adaptação é o processo de ajuste aos impactos atuais ou esperados das alterações climáticas. A necessidade de adaptação varia de um local para outro, dependendo do risco para os sistemas humanos ou ecológicos.

Mitigation refers to efforts to reduce or prevent emission of greenhouse gases. Adaptation is the process of adjusting to current or expected impacts of climate change. The need for adaptation varies from one location to another, depending on the risk to human or ecological systems.

domingo, 5 de maio de 2024

Subscreva o Manifesto Mais Cidadania

50 anos após o 25 de Abril, a democracia em Portugal está doente.


SINAIS E SINTOMAS: Polarização, revolta e falta de esperança

Vivemos num sistema político onde os processos eleitorais e os debates parlamentares reforçam ideias preconcebidas e a divisão da sociedade. A composição das assembleias municipais e da República, em conjunto, não é representativa da população: são mais homens, mais velhos e mais ricos que a nossa sociedade. Há a perceção de que as nossas vozes não são ouvidas sobre decisões de interesse geral. Observamos uma elevada abstenção eleitoral e a ascensão de forças antissistema que oferecem como alternativa o autoritarismo.

DIAGNÓSTICO: Reduziu-se democracia a eleições.

A organização em partidos é útil e necessária, mas insuficiente para a persecução dos interesses gerais e da convergência, pois cada qual precisa atender às suas bases de apoio. A necessidade de sobreviver aos ciclos eleitorais dificulta a implementação de políticas públicas de longo prazo. Os processos participativos existentes não mudam os rumos das políticas e não são acessíveis a uma grande parcela da população. Esta conjugação de fatores impede que a maioria das pessoas se sinta ouvida e representada.

TRATAMENTO: Instituir Assembleias Cidadãs.

Assembleias Cidadãs (ACs) são espaços em que pessoas comuns participam em sessões de informação transparentes e discutem, num ambiente estruturado e com a assistência de moderadores, quais são as melhores decisões sobre questões políticas complexas.

A legitimidade democrática deriva dos seus participantes serem, de facto, uma amostra representativa da população geral, ao refletirem a sua diversidade em termos de género, idade, nível de rendimentos, identidade étnico-racial e zona de residência. A amostragem é um método com provas dadas e um longo histórico de utilização nas ciências naturais e sociais, sendo indispensável para a regeneração de democracias doentes.

A aleatoriedade e rotatividade dos participantes é altamente resistente à corrupção e ao desenvolvimento de grupos com interesses particulares.

A etapa de aprendizagem, que precede a etapa de deliberação em pequenos grupos, é um antídoto para decisões baseadas em preconceitos e desinformação, permitindo gerar recomendações políticas pelo bem comum.

RESULTADOS ESPERADOS: Revitalização de laços sociais, regeneração das instituições, prevenção da corrupção.

Muitas experiências internacionais demonstram que ACs podem dar resposta a qualquer questão política, por muito complexa que seja, por exemplo: rever artigos de uma constituição (Irlanda), escolher um novo um sistema eleitoral (Canadá) ou decidir como responder à crise climática (França). Pela sua ação promotora de diálogo entre camadas distintas da sociedade, as ACs geram compromissos que dificilmente seriam atingidos em eleições e referendos, com resultados esperados na melhoria da governabilidade, na (re)estabilização do sistema político e na retoma da confiança nas instituições.

COMO USAR: Aplicação pura ou diluída.

As ACs já demonstraram enorme potencial político. O seu uso mais promissor é serem novas instituições políticas, complementando a representação por via eleitoral (exemplo: Ostbelgien). Em simbiose com os órgãos do poder, podem ser implementadas pelas juntas de freguesias, pelos municípios, pela Assembleia da República ou pelo governo. São uma poderosa ferramenta para encontrarmos consensos em questões de ordem local ou nacional. A sua introdução deve ser progressiva e a sua composição deve ser periodicamente avaliada e ajustada para se obterem os efeitos esperados.

COMO OBTER: Ação direta
Subscreva este manifesto e junte-se à construção de uma iniciativa legislativa para se reconhecer as Assembleias Cidadãs como (mais) uma forma válida do povo exercer o poder político.

Para grandes males, grandes remédios.

NOS 50 ANOS DO 25 DE ABRIL, QUEREMOS MAIS DEMOCRACIA!
25 de março de 2024

Acerca do Grupo racista armado que invadiu casa e agridiu imigrantes no Porto



Os pides e os filhos da pide que agora se acolitam nos partidos de extrema-direita, nunca foram "fofinhos" como alguns os querem apresentar.
Foram sempre violentos psicopatas e boçais energúmenos, torcionários e assassinos.
Os últimos acontecimentos registados no Porto, juntam-se aos assassinatos de Giovani Rodrigues em Bragança, de Ademir Araújo Moreno no Faial, de Gurpreet Singh em Setúbal, de José Carvalho, Alcindo Monteiro e Bruno Candé em Lisboa entre outros, aos raids anti imigração em várias cidades do país, às agressões a jovens estrangeiros durante a visita papal, aos incêndios de habitações com morte em Lisboa, às agressões em Olhão, à lucrativa escravatura aterorizadora em explorações agrícolas alentejanas, às ameaças de boicote aos eventos e manifestações comemorativas do 8 de Março, do 25 de Abril e do 1º de Maio e às milhares de queixas apresentadas à Comissão para a Igualdade e Contra a Discriminação Racial (CICDR).
A captura de um manipulador assassino nazi, as agressões bárbaras no Porto por parte de grupo de terroristas fascistas a imigrantes e o desplante com que estes últimos se dirigiram à esquadra da PSP para pedir explicações sobre um dos seus membros que entretanto tinha sido detido, mostram como estes biltres se movimentam, organizam e actuam à vontade até nas barbas das autoridades.
Não é de estranhar este à vontade quando estes criminosos xenófobos se poderão até sentir legitimados por discursos anti-imigração com ares de institucionais como os mais recentes de Ventura ou Passos Coelho.
Estas actuações demonstram ser necessário um maior combate às ideologias de ódio e mais investigação, prevenção e repressão sobre estas organizações, e imperiosa a aplicação de condenações exemplares a estes vis patifes.

Música do BioTerra

Palestra

Referências

1. «O jovem preparava tudo através da internet, na plataforma Discord, onde criou uma espécie de comunidade que instigava outros jovens a matar e ainda à "automutilação grave de jovens, mutilação e morte de animais e difusão de propaganda extremista nazi"» 



O cavalo preto, por Clarice Lispector


“Existe um ser que mora dentro de mim como se fosse a casa dele, e é. Trata-se de um cavalo preto e lustroso que apesar de inteiramente selvagem – pois nunca morou antes em ninguém nem jamais lhe puseram rédeas nem sela – apesar de inteiramente selvagem tem por isso mesmo uma doçura primeira de quem não tem medo: come às vezes na minha mão. Seu focinho é úmido e fresco. Eu beijo o seu focinho. Quando eu morrer, o cavalo preto ficará sem casa e vai sofrer muito. A menos que ele escolha outra casa e que esta outra casa não tenha medo daquilo que é ao mesmo tempo selvagem e suave. Aviso que ele não tem nome: basta chamá-lo e se acerta com seu nome. Ou não se acerta, mas, uma vez chamado com doçura e autoridade, ele vai. Se ele fareja e sente que um corpo-casa é livre, ele trota sem ruídos e vai. Aviso também que não se deve temer o seu relinchar: a gente se engana e pensa que é a gente mesma que está relinchando de prazer ou de cólera, a gente se assusta com o excesso de doçura do que é isto pela primeira vez."
Clarice Lispector
Minha arte digital


sábado, 4 de maio de 2024

Nova era: EUA começam a produzir baterias de sódio sem lítio

Nova bateria de íons de sódio sem lítio da Natron 

Após dois anos de trabalho e testes, a estadunidense Natron Energy, especialista em baterias de íon de sódio, começou a produzir, em massa, suas novas baterias de sódio sem lítio de longa duração. A ideia da empresa, segundo o New Atlas, era ter iniciado a produção em 2023, mas houve pequeno atraso 

Baterias de sódio sem lítio são melhores? O sódio é cerca de 500 a mil vezes mais abundante em nosso planeta do que o lítio; Além disso, sua obtenção é realizada por método diferente de extração, que não deixa marcas na Terra; A Natron diz que suas baterias de íon de sódio são produzidas somente de materiais abundantes no mundo, incluindo alumínio, ferro e manganês; Sem contar que os materiais necessários para a química do íon de sódio da Natron são adquiríveis a partir de cadeia de abastecimento doméstica confiável e localizada nos EUA, evitando assim questões geopolíticas, ao contrário de materiais comuns de lítio, como cobalto e níquel.

Os íons de sódio têm atraído grande interesse nos últimos anos por ser meio de armazenamento de energia promissoramente mais confiável e potencialmente mais barato.

Mesmo com sua densidade de energia ficando atrás da do íon de lítio, ele possui algumas vantagens, tais como ciclos mais rápidos, vida útil mais longa e utilização final mais segura e não inflamável. Ele se tornou atrativo para utilizações estacionárias, como centros de dados e armazenamento de backup de carregadores de veículos elétricos (EVs, na sigla em inglês).

Pioneirismo
A Natron tem 11 anos de existência e é uma das pioneiras na pesquisa e implementação de baterias de íons de sódio. A maioria dos projetos dessa tecnologia segue em laboratório, mas a estadunidense iniciou uma das primeiras grandes operações de produção no mundo todo.

Para comemorar, no início desta semana, a companhia realizou cerimônia em sua fábrica, localizada em Holland, Michigan (EUA), chamando-a de primeira produção em escala comercial de baterias de íon de sódio nos EUA.
As baterias de íon de sódio oferecem alternativa única ao íon de lítio, com maior potência, recarga mais rápida, ciclo de vida mais longo e química completamente segura e estável. A eletrificação de nossa economia depende do desenvolvimento e produção de soluções novas e inovadoras de armazenamento de energia. Nós, da Natron, estamos orgulhosos de fornecer tal bateria sem o uso de minerais de conflito ou materiais com impactos ambientais questionáveis.
Colin Wessells, fundador e co-CEO da Natron, em fala durante o evento de comemoração

Segundo a empresa, suas baterias carregam e descarregam a taxas dez vezes mais rápidas que as de íon de lítio. Tal nível as torna, de acordo com o New Atlas, importantes candidatas aos altos e baixos do armazenamento de energia de backup. Elas também têm vida útil estimada de 50 mil ciclos.

Não há nível de densidade de energia baseado no peso divulgado pela Natron, mas um artigo da Chemical & Engineering News, de 2022, colocou as baterias de íon de sódio em 70 Wh/kg na parte inferior da escala de densidade de energia das de íons e sódio.

Este resultado está em linha com o plano de negócios inicial da empresa, pois as baterias de íons de sódio com demanda para uso potencial em mobilidade têm mais que o dobro desta densidade.

Em 2021, a CATL apresentou bateria de íon de sódio de 160 Wh/kg e pretende ampliar a densidade para mais de 200 Wh/kg, visando melhor desempenho em carros elétricos.

A Natron prevê que suas instalações em Holland aumentem sua produção para até 600 megawatts e a deixem funcionando em 100% de sua capacidade, sendo modelo futuro para instalações em escala de gigawatts.

É natural que, atualmente, o foco da empresa para distribuir seu novo produto sejam as instalações de armazenamento de dados de inteligência artificial (IA), visto que, de dois anos para cá, a IA passou a exigir mais e mais consumo de energia.

Nas centrais de armazenamento de dados de IA, as baterias de ciclo rápido, como as novas de íon de sódio, podem se tornar ferramente essencial de gerenciamento de energia. Espera-se que as primeiras entregas sejam realizadas já em junho deste ano.

A empresa estadunidense pretende, também, expandir o foco para outros mercados de energia industrial a longo prazo, incluindo o carregamento rápido de EVs e telecomunicações.

A intifada que Israel tem de encarar. E o Velho Mundo também


Alexandra Lucas Coelho
"1. Eu ia começar este texto pela Califórnia. Só que ontem à noite o meu amigo W. escreveu a dizer que tinha conseguido sair de Gaza. Meio morto mas incrivelmente vivo, ao fim de sete meses de um horror sem precedentes no nosso tempo. Contarei adiante o que ele quiser contar, a partir do Egipto. Para já, vai dormir, ser tratado e reencontrar a filha mais nova, que conheci pequenina há 19 anos e agora terá o pai na sua festa de casamento. 
2. Quando W. estava prestes a atravessar o Sinai, no longo êxodo de Gaza, muitos milhares de estudantes, ainda mais novos do que essa filha dele, estavam acampados em mais de cem campus por toda a América, num apoio também sem precedentes à Palestina, contra a participação dos EUA na guerra e para exigir às universidades o fim dos apoios a Israel. Um dos maiores acampamentos era o da UCLA (Universidade da Califórnia, em Los Angeles). E de repente, na terça-feira à noite, véspera de feriado, jovens a 12.200 quilómetros de Gaza, com vidas mais ou menos confortáveis, estavam ali numa barricada, a serem atacados por uma milícia pró-Israel com bastões, ferros, foguetes, objectos pesados, gás-pimenta. Não era um confronto entre duas facções. Foi um raide bélico contra um acampamento pacífico. Dezenas de estudantes ficaram feridos. Há inúmeros vídeos com os atacantes a destruir e espancar. Dois dias antes, provocadores já tinham desafiado o acampamento, muitos falando hebraico. Havia bandeiras israelitas. 
Na terça, os atacantes foram mascarados, mas não há dúvida de que eram pró-Israel. “Em 33 anos na UCLA, nunca vi nada tão aterrorizador”, escreveu David N. Myers, “Distinguished Professor” de história e cultura judaica, no Forward, jornal com mais de cem anos, feito por judeus americanos. Um “falhanço total da universidade, da cidade de L.A. e do estado da Califórnia”, porque os atacantes agiram “com impunidade durante três horas”, apesar de a UCLA ter a sua própria força policial e de a polícia de L.A. estar algures no campus. Havia sinais de perigo desde domingo e nada foi feito para evitar a escalada. Então, além de “condenar a violência chocante”, a universidade tem de “investigar como os manifestantes antiguerra foram deixados sem defesa durante horas”, aponta Myers. Mas não só: “Tornar claro que exprimir oposição à guerra em Gaza é legítimo, que anti-semitismo e islamofobia não têm lugar no campus, e que a retórica irresponsável sobre o perigo que representariam manifestantes pacíficos contribuiu para horror”. Com a força de ser quem é, Myers desafia ainda os líderes da comunidade judaica a denunciarem atacantes que agem em nome de uma suposta protecção dos estudantes judeus. Quando há incontáveis judeus em protesto nos campus, e eles mesmos foram alvos do ataque de 30 de Abril. No dia seguinte, a UCLA ainda viveu a brutalidade do desmantelamento policial dos acampados. Com balas de borracha: sim. Com 200 estudantes detidos. Ao todo, vamos em mais de dois mil detidos desde que a repressão policial na Universidade de Colúmbia acendeu o levante por todo o país. Toda a América do Norte, já, porque nos últimos dias sucederam-se acampamentos no Canadá, e também na Universidade Autónoma do México, que tem memórias vívidas de repressão. Como Colúmbia e outras universidades têm. Gaza é o novo Vietname nos campus da América, desta vez em directo. Esta geração vê o horror nos seus telefones há sete meses, e viu agora o que a polícia fez a estudantes. E professores. 
Eu vi filósofas de cabelo branco serem atiradas ao chão, imobilizadas à bruta, levadas polícia, na universidade de Emory. Não só milhares de estudantes foram feridos, detidos, como suspensos, impedidos de assistir às aulas, ameaçados de expulsão, ou banidos, mesmo. E, ainda assim, estão determinados a não parar. A, por exemplo, mostrar um cartaz com a palavra genocídio na cara de responsáveis de Harvard. Sim, têm coisas a perder, e já pagaram um preço, físico e académico. É o próprio futuro da universidade que está em risco longo ensaio de Louis Menand há dias na New Yorker). Chamar a polícia para reprimir estudantes no campus é uma linha vermelha. Ser presidente numa universidade e marioneta de um tribunal público é incompatível. Tenho amigos em várias universidades americanas. 
Um deles, João José Reis, dos mais importantes historiadores brasileiros, está há meses numa visita a Princeton (depois de temporadas noutros campus, desde há décadas). “Essa é a guerra da vez, e é uma guerra também americana, pelo nível de engajamento dos EUA”, escreveu-me, quando perguntei se gostaria de dizer algo. “Já tínhamos lido e visto o jornalismo daqui adoptar essa atitude entre autocondescendente e covarde, mas ver acontecer nas universidades é chocante, por se apresentarem ao mundo como o paraíso da liberdade e do pensamento crítico. A máscara caiu. Prevalece o poder dos doadores pró-Israel, apesar de muitas universidades terem dinheiro por anos e séculos. Então vale tudo, vale ter seus alunos ameaçados de expulsão e também seus professores, apesar de empregos teoricamente estáveis. Vale as universidades se calarem e até aplaudirem a violência e a prisão.” Enquanto isso, duas universidades tão prestigiadas como a Rutgers e a Brown mostraram como era possível dialogar com os estudantes, e os acampamentos serem desmontados pacificamente. Na Rutgers, os estudantes conseguiram, entre outras vitórias, bolsas para jovens de Gaza. Oito em dez pontos aceites, num clima de alegria. E a universidade aceitou debater os restantes, incluindo o desinvestimento em Israel. Contraste total entre as imagens ali e a militarização em Colúmbia ou na UCLA. Ou seja, havia boas alternativas a chamar a polícia. Outro amigo, Pedro Schacht Pereira, está como visitante em Yale, e em contacto permanente com a Ohio State University, onde éprofessor Æxo, tem um filho estudante e a polícia também actuou. Aí, raparigas foram forçadas a tirar o hijab. Professores e pais questionaram a universidade. Entretanto em Yale, um provocador de megafone, com um discurso de ódio contra os palestinianos, insultava os manifestantes. Pedro não testemunhou qualquer resposta anti-semita, ao contrário, uma organização empenhada em impedir que isso acontecesse. Eu vi centenas de imagens e relatos de várias universidades. E vi também um provocador pró-israelita de megafone, desta vez na Califórnia, que dizia: “Tirem os vossos hijabs e arranjem um emprego! Vocês são gordas, feias e falidas.” Islamofobia desbragada. Como dizer “Voltem para a Polónia” é anti-semitismo, e li no Haaretz que isso aconteceu num campus. Também li, e foi amplamente noticiado na imprensa americana, que a universidade de Colúmbia baniu um estudante do campus porque ele tinha dito “os sionistas não merecem viver”. Quando dei uma primeira olhada nas notícias, pensei que ele tinha dito aquilo agora no campus. Lendo mais, ficávamos a saber que era um post no Instagram. Feito em Janeiro. De que ele se retractara. Mas no retrato geral que me chegava de Israel era como se os campus da América estivessem a gritar ao megafone que os sionistas não mereciam viver. A palavra campus passara a estar atrelada à palavraanti-semitismo. É a forma favorita e Israel não pensar no seu próprio problema. Estava resolvido: o que se passava nos campus da América era anti-semitismo. Mas esta intifada também é contra isso: a exploração do anti-semitismo. O que está a acontecer nos campus da América não é pequeno, e não é anti-semitismo. Embora haja anti-semitas por toda a parte, como há racistas por toda a parte, nenhum mais importante que outro, todos criminosos. E todos para levar a sério. O anti-semitismo mata, como os judeus sabem. Incluindo os que estão nos campusda América agora a lutar pela vida. O futuro dos judeus não está no governo de Israel. Está na mão deles." (este texto continua amanhã)

Esopo e a Língua

Velázquez - Esopo (Museo del Prado, 1639-41)

Esopo, considerado o pai da fábula, era um escravo que viveu no século V a. C.
Um dos seus mestres, Xantus, ordenou-lhe que fosse ao mercado e lhe trouxesse o melhor alimento que encontrasse para receber convidados importantes. Esopo comprou apenas língua e a cozinhou de maneiras diferentes. Os convidados ficaram fartos de comer e saborearam como uma delícia.
Quando ficou sozinho, Xantus perguntou-lhe o que era tão delicioso.
— Você me pediu o melhor — disse Esopo — e eu trouxe língua. A língua é o fundamento da filosofia e das ciências, o órgão da verdade e da razão. Com a língua se instrui, se constroem as cidades e as civilizações, se persuade e dialoga. Com a língua se canta, com a língua se reza e se declara amor e paz. O que mais pode haver melhor do que a língua?
Poucos dias depois, Xantus disse-lhe que viriam visitantes desagradáveis que ele deveria atender por protocolo, mas queria manifestar-lhes o seu desgosto servindo-lhes uma má refeição.
—Traga do mercado o pior que encontrar — recomendou.
Esopo trouxe língua e a fez preparar com um sabor tão desagradável que repugnou os clientes.
— Que porcaria é essa que você serviu? — perguntou Xantus.
— Língua — Esopo respondeu. A língua é a mãe de todos os processos e discussões, a origem das separações e das guerras. Com a língua se mente, com a língua se calúnia, com a língua se insulta, com a língua se quebram as amizades. É o órgão da blasfêmia e da impiedade. Não há nada pior do que a língua.
- A língua é uma arma de dois gumes.
"O homem, tão indefeso por natureza, não tem presas, não tem garras, não cospe fogo, mas tem o dom da linguagem, e uma língua pode ser tão suave quanto o mel e tão afiada quanto uma faca".

sexta-feira, 3 de maio de 2024

A atribulada carreira diplomática do candidato do Chega



O cabeça de lista do Chega às próximas eleições europeias tem no seu currículo quatro décadas de carreira diplomática marcadas por várias polémicas e infrações disciplinares. Antes disso, juntou-se ao CDS e foi secretário-geral da Juventude Centrista logo em 1974. E esteve ligado a um dos momentos mais importantes dos primeiros tempos do partido, quando organizou o comício no Teatro de São Luiz que acabou com os militares a escoltarem os jovens centristas à saída do local, cercado por manifestantes da esquerda. Depois do evento, a atividade partidária reduz-se mas mantém a proximidade. Em 1979, a vitória da AD garante a pasta dos Negócios Estrangeiros a Freitas do Amaral e Tânger, há poucos meses no quadro do Ministério, é chamado para seu adjunto. Numa reportagem sobre o percurso de Tânger Corrêa, o Público recorda que o ativismo partidário do jovem diplomata, que passava pela colagem de cartazes do partido, deixou furioso o então secretário-geral do Ministério, Gonçalo Caldeira Coelho, também próximo do CDS.

Comunidade portuguesa de Toronto recolheu dinheiro para lhe comprar barcos de competição... e ficou a ver navios
Já nas funções de chefia de um posto diplomático, em 1984 como cônsul-geral em Toronto, surge o primeiro caso polémico. O estilo aventureiro e enérgico depressa lhe garantem simpatia de figuras da comunidade emigrante. E Tânger transmite-lhes o seu amor pela prática de vela e o sonho de ir aos Jogos Olímpicos. A comunidade mobilizou-se para lhe oferecer um barco de competição, mas o azar levou a que fosse destruído na viagem para uma competição nos EUA. Seguiu-se novo peditório para angariar dezenas de milhares de dólares e assim comprar um segundo barco topo de gama para o cônsul. Não há memória de um diplomata português ter aceite um presente - na verdade, dois - tão caro, o que as regras de conduta hoje proíbem expressamente a partir de um limite de 150 euros.

Tânger Corrêa usou o barco na preparação dos Jogos Olímpicos de Barcelona em 1992, onde cumpriu o sonho de participar. Mas a promessa de devolver o barco à comunidade portuguesa quando abandonasse o posto consular, ficando à guarda de um clube náutico que a comunidade iria criar, nunca se cumpriu. O cônsul trouxe o barco para o Clube Naval Setubalense, alegando que para isso teve o acordo da comunidade, que ficou a ver navios. Um inquérito do Ministério foi arquivado após as explicações de Tânger Corrêa de que o barco era apenas emprestado e que dele não tirou benefícios patrimoniais.

Em Goa ocupou uma casa, içou a bandeira... e abriu conflito diplomático
Depois de Toronto, foi colocado em Goa em 1993, com a missão de comprar uma casa para a residência oficial e a chancelaria. O negócio com uma propriedade da família Pacheco de Figueiredo ficou fechado, mas a casa estava vazia e à guarda de um motorista da família, que se recusou a abandoná-la. Com um grupo de amigos, Tânger Corrêa arrombou a porta da casa quando o seu ocupante estava ausente, retirando os seus pertences e colocando um poste onde içou a bandeira portuguesa, abrindo assim um incidente diplomático. Um grupo de populares organizou-se e retirou a bandeira, num caso que fez notícia e levou o governo local a afirmar não ter autorizado a mudança do consulado português. O negócio da casa ocupada acabou por cair e Tânger não tardou a ser retirado do posto.

As virtudes da lentidão


Estou a começar a ter aulas de Tai-Chi desde Janeiro deste ano. Estou a adorar.
O nosso Presidente da República não podia estar mais certo quando afirmou que os orientais são lentos.
Siddhartha Gautama (o Buda) meditou durante seis meses (segundo alguns relatos) antes de descobrir as suas Quatro Nobres Verdades.
Na filosofia Taoísta apenas o lento e deliberado pode ser considerado Virtuoso ou Sábio.
Na estética japonesa "Ma" é o espaço vazio.
Na fotografia os espaços negativos (vazio) são importantíssimos para o sujeito "respirar".
Na escrita, a mesma tarefa. A lentidão contribui para a imaginação e vêm novas ideias. Acreditem.
Na actualidade ocidental com o nervosismo e stress das pessoas sempre ligadas a algo ou alguém distante, com os smatphones ligados na cabeceira da cama, no banho e ao lado dos talheres disputando a atenção, sinto-me grato pela aprendizagem diária desta arte de "lentidão oriental".
Ser lento é ser livre, evito respostas brutas e agressivas, degusto melhor (a slow-food é uma boa resposta) e prefiro falar do que teclar.
Acredito que chegámos a um ponto onde para evoluir é preciso regredir, reaprender com os antepassados e os bons exemplos asiáticos e também os africanos. E a sabedoria dos povos indígenas do Globo.

Adenda: Comentário de António Cerveira Pinto
Na China é uma prática comum, normalmente solitária. Vêem-se homens e mulheres, quase sempre de meia idade ou idosos, nos jardim d alamedas de Pequim realizando Tai Chi. Mas reparei também, corria o ano de 2007, nos avós que passeavam netos e netas, enquanto os pais trabalhavam. E ainda pequenos grupos de homens que escreviam caracteres no passeio, com água. Seria poesia, ou algum jogo? Não sei. Nos Estados Unidos há uma outra forma de escapismo (o que eu fui escrever!) muito em moda. Chama-se TM, ou Meditação Transcendental. Eu prefiro passear e filosofar, sozinho ou acompanhado. As ruas falam comigo, as casas falam comigo, as árvores reduzem-me à insignificância, as flores ensinam-me arte, os pequenos insectos atarefados explicar-me o que é uma vida de trabalho, e os corvos de Bruxelas, como os de Tóquio, ou da catedral de Évora, fazem de mim um irmão franciscano. Só vivemos uma vez.

P.S. De acordo com o Budismo, Siddhartha Gautama viveu várias reencarnações e relatou-as nos  chamados contos de  Jatakas.

Grigori Yakovlevich Perelman - um génio da Matemática que escolheu uma vida simples e recatada


Parece um vagabundo? Mas na verdade é o maior matemático do mundo.
Na verdade, o russo Grigorij "Grisha" Jakovlevich Perelman foi o único homem que conseguiu resolver um dos sete "Problemas do Milénio", demonstrando a Conjectura de Poincaré e rejeitou o prémio milionário que lhe tinha dado pelo Clay Mathematics Institute por esta descoberta.
A Conjectura de Poincaré é um problema complexo de topologia e quando encontrou a solução disse: "Para mim é completamente irrelevante, porque se a solução for a certa, não há necessidade de outro reconhecimento".
Mora num mini apartamento dentro de um prédio popular de São Petersburgo, daqueles construídos durante o socialismo. Para ele, dinheiro não significa nada: "Não quero ser um cientista de exposição, mas sim um que estuda a ciência para o bem dos outros".
Ele anda com o cabelo e a barba despenteados e tênis desportivo sem forma, as imagens mais recentes retratam-no com um aspecto desleixado: um blogueiro o localizou no metro e o imortalizou com o celular para depois carregar as fotos dele na internet.
Dizem que na sua cidade, que foi a capital dos czares, está na moda usar uma camiseta com a sua cara e a inscrição: "Neste mundo... Nem tudo pode ser comprado.

Saber mais: 

quinta-feira, 2 de maio de 2024

Alterações climáticas revelam a intrincada dinâmica das barreiras reprodutivas nas espécies marinhas


Cientistas da Universidade de Monash descobriram como o aumento das temperaturas influencia as interações reprodutivas e os limites das espécies de organismos marinhos.

À medida que as alterações climáticas continuam a remodelar os ecossistemas, um estudo inovador da Faculdade de Ciências da Universidade de Monash lança luz sobre a complexa interação entre a temperatura, o sexo parental e as barreiras reprodutivas nos vermes marinhos, conhecidos como Galeolaria, do hotspot de biodiversidade do sul da Austrália, que está a aquecer rapidamente.

As túberas Galeolaria são espécies de fundação encontradas nas costas rochosas da Austrália temperada. As túberas constroem e ocupam colónias densas de tubos rochosos, que aumentam a biodiversidade costeira, fornecendo habitat e refúgio contra o stress térmico a espécies que, de outra forma, não persistiriam no local.

O estudo, publicado na revista Evolution, foi motivado pelo facto de as alterações climáticas estarem a alterar a distribuição e as interações das espécies, proporcionando-lhes novas oportunidades de acasalamento e hibridação.

A equipa de investigação examinou uma série de barreiras à reprodução ao longo das fases de vida de duas espécies de Galeolaria, abrangendo diferentes gamas de temperatura desde o Cabo Otway, em Victoria, até Tathra, em Nova Gales do Sul. Esta região é mundialmente reconhecida pela sua biodiversidade marinha e está também a aquecer muito mais rapidamente do que a taxa média global.

Os resultados indicam que as barreiras reprodutivas entre as espécies são mais fracas na fase de fertilização e embriogénese, mas tornam-se mais fortes e mais sensíveis à temperatura durante a fase de desenvolvimento larvar.

É importante notar que o estudo também revela uma assimetria nas barreiras entre os sexos parentais, o que sugere uma interação complexa entre a diferenciação do nicho térmico e a herança materna.

O autor sénior, Keyne Monro, da Escola de Ciências Biológicas da Universidade de Monash, explica: “A nossa investigação destaca o papel fundamental da temperatura na formação do isolamento reprodutivo entre as espécies de Galeolaria. À medida que as temperaturas aumentam, observamos mudanças na força das barreiras reprodutivas, com implicações significativas para a dinâmica futura das interações entre espécies e da biodiversidade. Os nossos resultados apontam para um papel fundamental da temperatura no isolamento reprodutivo, mas também para desafios na previsão do destino do isolamento em climas futuros”.

O estudo sublinha a importância de compreender os fatores ambientais e biológicos que influenciam o isolamento reprodutivo, particularmente no contexto das alterações climáticas.

Ao examinar as barreiras em várias fases da vida e condições ambientais, os investigadores podem obter informações valiosas sobre os mecanismos que determinam a sensibilidade das espécies ao clima e à hibridação de espécies.

“Os nossos resultados sublinham a necessidade de avaliações exaustivas das barreiras reprodutivas em diversos ambientes”, afirma o coautor, o Professor Associado Kay Hodgins, da Escola de Ciências Biológicas da Universidade de Monash.

“Este conhecimento é crucial para prever o destino das fronteiras das espécies e orientar os esforços de conservação num mundo em rápida mudança”, acrescenta.

“Ao desvendar a intrincada relação entre temperatura, barreiras reprodutivas e interações entre espécies, os cientistas estão mais bem equipados para proteger e preservar a biodiversidade marinha face às alterações ambientais”, diz ainda Hodgins.

Dado que os ecossistemas marinhos enfrentam desafios sem precedentes decorrentes das alterações climáticas, estudos como este fornecem informações essenciais sobre as estratégias de adaptação e a dinâmica ecológica dos organismos marinhos.

“Nanofios” de bactérias podem ajudar a desenvolver a tecnologia eletrónica verde


Os cientistas modificaram filamentos de proteínas originalmente produzidos por bactérias para conduzirem eletricidade.

Num estudo publicado recentemente na revista Small, os investigadores revelaram que os nanofios de proteínas – que foram modificados através da adição de um único composto – podem conduzir eletricidade a curtas distâncias e aproveitar a energia da humidade do ar.

“As nossas descobertas abrem possibilidades para o desenvolvimento de componentes e dispositivos elétricos sustentáveis e amigos do ambiente, baseados em proteínas”, afirma Lorenzo Travaglini, principal autor do estudo. “Estes nanofios artificiais poderão um dia conduzir a inovações na recolha de energia, em aplicações biomédicas e na deteção ambiental”, acrescenta.

Os desenvolvimentos no campo interdisciplinar que combina a engenharia de proteínas e a nanoeletrónica são também promissores para o desenvolvimento de tecnologias de ponta que façam a ponte entre os sistemas biológicos e os dispositivos eletrónicos.

“Em última análise, o nosso objetivo é modificar os materiais produzidos pelas bactérias para criar componentes eletrónicos. Isto poderá conduzir a uma nova era de eletrónica verde, ajudando a moldar um futuro mais sustentável”, sublinha Travaglini, que é supervisionado por Dominic Glover no SYNbioLAB da Escola de Biotecnologia e Ciências Biomoleculares.

Inspirar-se na natureza
A eletricidade é criada pelo movimento dos eletrões – pequenas partículas que transportam uma carga elétrica – entre os átomos.

“Muitos eventos na natureza requerem o movimento de eletrões e são a fonte de inspiração para novas técnicas de recolha de eletricidade”, diz Ravaglini. “Por exemplo, a clorofila nas plantas precisa de mover eletrões entre diferentes proteínas para fazer a fotossíntese”.

As bactérias que ocorrem naturalmente também utilizam filamentos condutores, conhecidos como nanofios, para transferir eletrões através das suas membranas. É importante notar que os nanofios bacterianos que conduzem eletricidade têm o potencial de interagir com sistemas biológicos, como as células vivas, e podem ser utilizados em biossensores para monitorizar sinais internos do corpo utilizando uma interface homem-máquina.

No entanto, quando extraídos diretamente de bactérias, estes nanofios naturais são difíceis de modificar e têm uma funcionalidade limitada.

“Para ultrapassar estas limitações, criámos geneticamente uma fibra utilizando a bactéria E. coli”, afirma Travaglini. “Modificámos o ADN da E. coli de modo a que a bactéria não só produzisse as proteínas de que necessitava para sobreviver, mas também construísse a proteína específica que tínhamos concebido, que depois modificámos e montámos em nanofios no laboratório”, acrescenta.

A equipa sabia que, por si só, a proteína produzida pela bactéria não seria altamente condutora, mas que precisariam de acrescentar um único ingrediente.

A peça que faltava no puzzle era uma molécula de hemo.

I Have a Dream, Benjamin Netanyahu

Eu Tenho um Sonho” é uma frase famosa proferida por Martin Luther King Jr. durante seu discurso icônico, intitulado “I Have a Dream”.

Este discurso foi proferido em 28 de agosto de 1963, durante a Marcha em Washington por Empregos e Liberdade.

"I say to you today, my friends, so even though we face the difficulties of today and tomorrow, I still have a dream. It is a dream deeply rooted in the American dream.…I have a dream that my four little children will one day live in a nation where they will not be judged by the color of their skin but by the content of their character. I have a dream that…one day right there in Alabama, little Black boys and Black girls will be able to join hands with little white boys and white girls as sisters and brothers." [Fonte: Britannica]

Poema - Vampiro, de Charles Baudelaire


"Tu que, como uma punhalada
Invadiste meu coração triste,
Tu que, forte como manada
De demónios, louca surgiste,

Para no espírito humilhado
Encontrar o leito ao ascendente,
- Infame a que eu estou atado
Tal como o forçado à corrente,

Como a seu jogo o jogador,
Como à garrafa o beberrão,
Como aos vermes a podridão
- Maldita sejas, como for!

Implorei ao punhal veloz
Dar-me a liberdade, um dia,
Disse após ao veneno atroz
Que me amparasse a covardia.

Mas não! O veneno e o punhal
Disseram-me de ar zombeiro
"Ninguém te livrará afinal
De teu maldito cativeiro

Ah! imbecil-de teu retiro
Se te livrássemos um dia,
Teu beijo ressuscitaria
O cadáver de teu vampiro!"

Charles Baudelaire

terça-feira, 30 de abril de 2024

No Dia Internacional do Jazz, um poema de Vasco Graça Moura


Blues da morte de amor
"Já ninguém morre de amor, eu uma vez
andei lá perto, estive mesmo quase,
era um tempo de humores bem sacudidos,
depressões sincopadas, bem graves, minha querida,
mas afinal não morri, como se vê, ah, não,
passava o tempo a ouvir deus e música de jazz,
emagreci bastante, mas safei-me à justa, oh yes,
ah, sim, pela noite dentro, minha querida.

a gente sopra e não atina, há um aperto
no coração, uma tensão no clarinete e
tão desgraçado o que senti, mas realmente,
mas realmente eu nunca tive jeito, ah não,
eu nunca tive queda para kamikaze,
é tudo uma questão de swing, de swing minha querida,
saber sair a tempo, saber sair, é claro, mas saber,
e eu não me arrependi, minha querida, ah, não, ah, sim.
 
há ritmos na rua que vêm de casa em casa,
ao acender das luzes. uma aqui, outra ali.
mas pode ser que o vendaval um qualquer dia venha
no lusco-fusco da canção parar à minha casa,
o que eu nunca pedi, ah, não, manda calar a gente,
minha querida, toda a gente do bairro,
e então murmurarei, a ver fugir a escala
do clarinete:- morrer ou não morrer, darling, ah, sim. "

Julian Assange - A man who risked everything to bring the truth to light


A man who risked everything to bring the truth to light
We need YOUR help to get The TRUST FALL: JULIAN ASSANGE- Documentary out to cinemas 🎬📽
📣Please contact YOUR local cinema and request for them to run this film. Point them to www.thetrustfall.org for info, the trailer and to make a booking. Thanks for helping to raise awareness with this film.

Shame on you, USA. Before giving lessons of wisdom to the world using force and violence, look in the mirror.

20 may 2024 the UK courts will decide if they will extradite Julian! He should be released immediatly!

segunda-feira, 29 de abril de 2024

Documentário: Freedom Fuels (2006)


Freedom Fuels from waywardeus on Vimeo.

Este documentário aborda de forma profunda os recursos renováveis baseados em fuel , como o biodiesel, etanol, agro-combustível, biomassa e óleo vegetal.
Personalidades convidadas: Daryl Hannah e Willie Nelson

Produzido e realizado por Martin O'Brie.2006 Tempo: 49 Minutos

Vencedor do Environmental Preservation Award, 2006 Artivist Film Festival. Este filme também obedece a Carbon Free Designation (ou seja foram eliminadas todas as emissões de carbono para a a realização deste filme.)

Dia Internacional da Dança


O Dia Internacional da Dança é celebrado todos os anos a 29 de abril desde 1982. O dia assinala o aniversário de Jean-Georges Noverre, o criador do ballet moderno.

O objetivo do Dia Internacional da Dança, segundo o seu organizador, o Instituto Internacional do Teatro, é aproximar as pessoas de todo o mundo através da linguagem comum da dança.

Todos os anos, um coreógrafo ou bailarino é destacado e uma mensagem escrita por ele é divulgada em todo o mundo.

A argentina Marianela Núñez é a bailarina em destaque este ano, e a sua mensagem é honrar a história e as tradições que serviram de base ao panorama atual da dança.

Inspire-se com estas contas europeias de dança no Instagram

1. Little Shao - Breakdancing na Cidade Luz
Little Shao, fotógrafo de dança baseado em Paris, tem vindo a documentar dançarinos de todo o mundo há anos. As suas fotografias espetaculares mostram alguns dos locais mais emblemáticos da Cidade Luz, que ganham vida através de poses ainda mais espetaculares de bailarinos de topo. Little Shao, que cresceu nos subúrbios de Paris, é um dos fotógrafos oficiais do breakdance nos Jogos Olímpicos de verão deste ano em Paris - e ele próprio é um b-boy.

“Comecei a tirar fotos para poder representar melhor este estilo de dança, para que as pessoas pudessem perceber o que é o breakdance”, disse aos meios de comunicação franceses. “Para mim, o breakdancing é uma forma de arte. Há algo muito libertador no breakdance e no hip-hop em geral.”

2.Cairde - a dança irlandesa passa a ser global
Este grupo de rapazes deu a conhecer ao mundo a dança irlandesa através dos seus vídeos virais nas redes sociais, onde batem os dedos dos pés ao som de canções populares, de Taylor Swift a The Game. Os seus vídeos a cappella também são um sucesso entre os fãs de ASMR. O grupo já viajou por todo o mundo, atuando em Paris para uma multidão de 80.000 pessoas e na Casa Branca para o Presidente Joe Biden. Veja-os para uma dose de boas vibrações.

3. Ghetto Funk Collective - Trazendo o boogie
Por falar em boas vibrações, o grupo de dança Ghetto Funk Collective, sediado em Roterdão, é uma fonte garantida de sorrisos. Trazem o funk e também podem ensiná-lo a fazer boogie através da sua nova master class de locking. Se tiver pouco ritmo, pode ainda assim sentir algumas vibrações através dos seus vídeos contagiantes e alegres.

4. Biscuit Ballerina - Rir na dor do perfecionismo do ballet
A bailarina Shelby Williams, solista do Ballett Zürich, goza com o perfecionismo frequentemente exigido aos bailarinos com a sua conta de dança cómica Biscuit Ballerina.

"É uma sátira de ballet que transforma todas as falhas do ballet numa caricatura gigante, da qual os bailarinos se podem rir e ultrapassar na sua própria busca da perfeição", afirmou.

Williams apresenta bloopers de outros bailarinos, bem como cenas leves que oferecem uma nova visão das dificuldades da dança. Nem tudo é graça e elegância, malta.

Sair de casa e assistir a espectáculos de dança ao vivo

1. Bélgica - Festival Danses en Fête
É o último dia do festival Danses en Fête na Bélgica e há eventos a decorrer em todo o país. O festival anual inclui exposições, conferências, espectáculos e aulas de mestrado sobre diferentes tipos de dança. Esta segunda-feira, pode ter aulas de dança, participar em workshops, assistir a danças ao ar livre e reimaginar a dança do varão com um artista de Bruxelas.

Consulte a programação completa aqui.

2. Budapeste - 24º Festival Internacional de Dança de Budapeste
A capital húngara acolhe o 24.º Festival Internacional de Dança de Budapeste até 11 de maio, com uma celebração da dança contemporânea - tanto local como global. Para assinalar o Dia Internacional da Dança, a Associação de Artistas de Dança Húngaros e o Teatro Nacional de Dança apresentam um espetáculo de gala conjunto com o trabalho do diretor-coreógrafo Balázs Vincze.

Para mais informações e toda a programação do festival, clique aqui

3. Paris - Jovens bailarinos no centro das atenções para "Puzzle"
Dirija-se ao Le Jeune Ballet Européen na capital francesa para fazer uma viagem através de 10 universos diferentes de dança com alguns dos mais talentosos jovens bailarinos em cena. O espetáculo "Puzzle" apresenta 10 peças curtas que vão do hip-hop ao ballet e à dança contemporânea, mostrando o talento de 29 jovens artistas.

A companhia de estudantes permite que os jovens bailarinos cresçam e aprendam através de espectáculos apresentados ao público ao vivo. São apoiados por coreógrafos, directores de cena e técnicos experientes. Assista a um espetáculo esta noite, ou até 24 de junho.

Veja as transmissões em direto do Dia Internacional da Dança na OperaVision
Se preferir ficar no sofá e assistir a alguns bailarinos profissionais a partir de casa, a OperaVision tem um dia inteiro de programação em direto no YouTube com danças de toda a Europa. Mergulhe na dança folclórica romena ou assista a actuações do Royal Swedish Ballet, do Lviv National Ballet e do Opera Ballet Vlaanderen.

Poema sobre Dança

quisera, tão só, ser movimento
no teu corpo faminto
de dança.

João Costa, dezembro.2015