Mesmo com os alertas de várias de instituições e organizações especializadas em conservação da natureza, ações de protesto e caminhadas promovidas por coletivos e cidadãos preocupados, a construção da central fotovoltaica na Serra de Brasfemes foi mesmo aprovada pela Câmara Municipal de Coimbra (CMC).
Apesar do estado crítico de grande parte das áreas florestais da região de Coimbra, e com centenas, se não milhares, de hectares de localizações alternativas na envolvente e que teriam um impacto ecológico muito menor, a central foi aprovada no coração de um dos mais importantes hotspots de biodiversidade da região, a Serra de Brasfemes. Isto acontece poucos meses após a própria CMC, em colaboração com a Milvoz, ter identificado a área como prioritária para conservação da natureza, destacando valores naturais únicos, incluindo endemismos ibéricos e espécies com estatuto de conservação. Esta área foi alvo de vários estudos de flora pela Universidade de Coimbra e está na quadrícula com mais espécies de flora identificadas em Portugal, conforme o portal Flora-on, sendo que não se poderá alegar desconhecimento da riqueza do local. Além disso, projetos financiados por fundos comunitários estão em curso para a criação de rotas interpretativas, como a Rota das Orquídeas, que serão afetados pela construção da central.
É incompreensível o que está a acontecer. Os valores naturais da região de Coimbra continuam a saque. Esta é a segunda central fotovoltaica aprovada em mais uma importantíssima área para a conservação da natureza do concelho, mais uma vez sem devido diálogo com a população e entidades. Onde está a ambição do executivo da CMC no que diz respeito à conservação e valorização do património natural de Coimbra?
Para além dos impactos resultantes da sua exploração, é também preocupante a facilidade com que a Cimpor consuma a devastação de um dos mais importantes ativos de lazer e turismo ecológico da área. A destruição da área, antes mesmo da aprovação do projeto, evidencia práticas duvidosas que não podem ser ignoradas e atestam a falta de formalidade deste processo.
Não questionamos a importância da produção de energia renovável e da redução de emissões, mas não em plenos hotspots de biodiversidade, especialmente quando existem várias alternativas viáveis.
A Serra de Brasfemes pode e deve ser protegida e valorizada! A Milvoz compromete-se a procurar melhores horizontes para esta serra e, em breve, publicará um manifesto aberto à assinatura de todos os que defendem a preservação e salvaguarda deste local.
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