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quarta-feira, 3 de janeiro de 2024

O que se sabe sobre explosões de bombas no Irão que mataram 95 pessoas


Pelo menos 95 pessoas morreram após a explosão de duas bombas perto do túmulo do general iraniano Qasem Soleimani nesta quarta-feira (03/01) — quando a morte dele por um ataque de drones conduzido pelos Estados Unidos completou quatro anos.

Inicialmente, o número relatado oficialmente de mortes foi de 103. Posteriormente, no entanto, o ministro da Saúde do Irão retificou a informação, dizendo que alguns dos nomes haviam sido contados mais de uma vez.

As explosões atingiram uma procissão perto da mesquita Saheb al-Zaman, na cidade de Kerman, no sul do país. Soleimani nasceu na região.

Segundo dados citados pela emissora estatal Irib e atribuídos ao departamento local de serviços de emergência, outras 141 ficaram feridas nas explosões. Alguns dos feridos estão em estado crítico.

O vice-governador de Kerman afirmou que se trata de um "ataque terrorista".

Não está claro quem está por trás das explosões e não houve reivindicações imediatas de autoria por nenhum grupo.

Entretanto, nos últimos anos, separatistas árabes, o Estado Islâmico (EI) e outros grupos jihadistas sunitas reivindicaram a autoria de ataques mortais contra forças de segurança e santuários xiitas no Irão.

Depois do líder supremo, o aiatolá Ali Khamenei, Soleimani era visto como a figura mais poderosa do Irão. Ele foi morto pelas forças americanas no vizinho Iraque, em 2020.

Homenagem ao quarto ano da morte de Soleimani em Teerão

Imagens transmitidas pela TV estatal mostraram que centenas de pessoas estavam reunidas na periferia leste de Kerman quando ocorreram as duas explosões.

A media iraniana informou que a primeira explosão ocorreu às 14h50 no horário local (8h20 em Brasília), a cerca de 700 m do cemitério do Jardim dos Mártires, ao redor da mesquita Saheb al-Zaman.

A segunda teria ocorrido cerca de 15 minutos depois, a cerca de 1 km do cemitério.

'Vimos pessoas caindo'
A agência de notícias Tasnim, afiliada à Guarda Revolucionária do Irão, citou fontes que afirmaram que "dois sacos contendo bombas" foram aparentemente detonados "por controle remoto".

"Estávamos caminhando em direção ao cemitério quando de repente um carro parou atrás de nós e uma lata de lixo contendo uma bomba explodiu", afirmou uma testemunha citada pela agência Isna

"Só ouvimos o som da explosão e vimos pessoas caindo."
O Crescente Vermelho, organização de socorro, disse que entre os mortos está pelo menos um paramédico que foi enviado ao local da primeira explosão e foi atingido pela segunda.

Imagens parecem mostrar que o túmulo de Soleimani não foi danificado.

Como comandante do braço de operações externas da Guarda Revolucionária, a Força Quds, ele arquitetou a política iraniana em toda a região.

Ele foi responsável pelas missões clandestinas da Força Quds e pelo fornecimento de verbas, orientação, armas, inteligência e apoio logístico a governos aliados e grupos armados, incluindo o Hamas e o Hezbollah.

O então presidente dos EUA, Donald Trump, que ordenou o assassinato em 2020, descreveu Soleimani como "o terrorista número um em qualquer lugar do mundo".

Reacções
A União Europeia declarou o ataque um "ato de terror", condenando-o. "Este ato de terror causou um número chocante de mortes e feridos civis. Os nossos pensamentos agora estão com as vítimas e as suas famílias. Os autores devem ser responsabilizados", lê-se num comunicado citado pela agência Al Jazeera.

Aliás, a mesma agência cita também o líder do Hezbollah, Hassan Nasrallah, que ofereceu as suas condolências às famílias das vítimas, "mártires da mesma causa, da mesma batalha que estava a ser travada pelo comandante Qassem Soleimani". A ele juntou-se o ayatollah Ali Khamenei, líder supremo da Revolução Islâmica, que prometeu "uma resposta dura", em comunicado.

À lista de entidades que condenaram o ataque juntou-se, também, o presidente da Turquia, Recep Tayyip Erdogan, esperando que "Deus tenha misericórdia sobre aqueles que perderam as suas vidas nos ataques", numa mensagem no X (antigo Twitter), e o presidente russo, Vladimir Putin, que disse que "o homicídio de pessoas pacíficas que visitavam o cemitério é chocante pela sua crueldade e cinismo", citado pela Al Jazeera.

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