Borboleta-loba sem qualquer uma das suas manchas características, incluindo a grande mancha em forma de olho das asas anteriores. |
À medida que a temperatura do planeta aumenta, as borboletas-lobas (Maniola jurtina) estão a perder as manchas escuras que têm nas suas asas. Pensa-se que as manchas em forma de olho que têm nas asas anteriores sirvam para afugentar predadores e que as mais pequenas que têm nas asas posteriores sejam usadas como mecanismo de camuflagem.
Uma investigação liderada pela Universidade de Exeter, no Reino Unido, descobriu que as fêmeas dessa espécie de lepidópteros que se desenvolvem a uma temperatura ambiente de 11 graus Celsius têm seis manchas na face inferior das asas posteriores. Contudo, as que se desenvolvem a temperaturas mais elevadas apresentam menos manchas.
Os resultados do trabalho foram revelados num artigo publicado revista ‘Ecology and Evolution’. Richard ffrench-Constant, um dos principais autores, explica, em comunicado, que “cada vez menos destas manchas nas asas posteriores aparecem quando as fêmeas experienciam temperaturas mais elevadas durante a fase de pupa”, um estágio do desenvolvimento em que a futura borboleta está envolvida por uma crisálida.
Além da perda de manchas nas asas posteriores, os cientistas encontraram também fêmeas que perderam as grandes manchas em forma de olho das asas anteriores.
Com base nessas constatações, o investigador argumenta que “isso sugere que as borboletas adaptam a sua camuflagem com base nas condições”, detalhando que “com menos manchas podem ser mais difíceis de detetar na relva seca e acastanhada que seria mais comum num clima mais quente”.
Contudo, o mesmo não foi observado nos machos, e a equipa acredita que isso pode dever-se ao facto de as manchas desempenharem uma função importante na reprodução, para atrair as fêmeas.
Até agora pensava-se que as variações nas manchas nas asas das borboletas-lobas dentro de uma mesma população refletia o que é conhecido como polimorfismo genético, ou seja, “a coexistência de múltiplas formas genéticas numa mesma população”. Mas este estudo vem revelar que, afinal, as diferenças resultam de uma ‘plasticidade térmica’, uma capacidade através da qual as borboletas reagem e adaptam-se às mudanças de temperatura nos ambientes em que se desenvolvem.
Com um planeta cada vez mais quente, os investigadores preveem que as manchas das borboletas-lobas fêmeas diminuirão de ano para ano. E Richard ffrench-Constant confessa-se surpreendido pelo que encontraram: “esta é uma consequência inesperada das alterações climáticas”, no âmbito das quais “tendemos a pensar que as espécies se vão deslocando para norte, em vez de mudarem a sua aparência”.
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