Analistas consideram que Elon Musk "destruiu tudo" ao mudar o nome da plataforma, despedir funcionários e eliminar equipas de monitorização da desinformação
Ellon Musk comprou o Twitter a 27 de outubro de 2022 e desde então a rede social mudou completamente. Do nome - agora é apenas X - até ao número de funcionários, tudo mudou na empresa que, na opinião dos analistas, está a falhar um ano após a compra.
Segundo o The Guardian, que cita as declarações da nova diretora executiva do X, Linda Yaccarino, numa conferência em setembro, atualmente o número de utilizadores diários é de 225 milhões, contra os 238 milhões da época do Twitter.
Também o número de visitas diminuíram e, segundo a empresa de dados SimilarWeb, em setembro houve apenas 5,8 mil milhões, ou seja, menos 10% do que em agosto.
Para além de ter perdido utilizadores e visitas, a marca perdeu também em publicidade. Bruce Daisley, antigo diretor das operações europeias do Twitter, considera que a mudança de nome prejudicou a empresa que estava no "paraíso das marcas".
"Havia muitos problemas com o produto, mas a marca estava no topo das empresas do mundo. Nomes tão diversos como Barack Obama, Kim Kardashian, The Rock e Greta Thunberg usavam o nome e ajudavam a promover a plataforma. Musk destruiu tudo isso", afirmou.
Perante a "destruição", a queda da publicidade, o principal fluxo de rendas, aconteceu e foi o próprio Musk a admiti-lo. Em setembro, Musk revelou que as receitas publicitárias dos EUA tinham caído 60%, uma situação que atribuiu à pressão da Liga Anti-Difamação, que faz campanha contra o antissemitismo e o fanatismo.
De acordo com o The Guardian, o X tem pagamentos trimestrais de dívidas de 300 milhões de dólares e sofreu uma grave queda de receita, o que faz com que tenha de arranjar dinheiro para conseguir colmatar as despesas.
Musk tentou reduzir as despesas ao despedir cerca de 50% dos 7.500 funcionários da plataforma por, segundo um ex-trabalhador, "acreditar que a equipa era tendenciosa". Evan Hansen, diretor de curadoria da plataforma que foi despedido por Musk, diz mesmo que todo o trabalho feito pela equipa que trabalhava para o então Twitter "desapareceu".
"Ele acreditava que a nossa equipa era tendenciosa...que toda a equipa de moderação estava a promover ativamente conversas liberais e a ser parcial com as conservadoras", afirma, acrescentando: "O nosso trabalho desapareceu completamente."
Outra prova de que o trabalho desapareceu por completo é que, desde que assumiu o Twitter, Elon Musk tem procurado incentivar os utilizadores a pagar por um serviço verificado, que agora se chama X Premium. Os assinantes têm acesso a mais recursos, como publicações mais longas, mensagens e maior visibilidade na plataforma. No entanto, os utilizadores que queiram ainda podem usar o X gratuitamente, mas até isso parece ter os dias contados uma vez que em conversa com o primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, o milionário explicou que criar um sistema de pagamento era a única forma de combater os bots (contas automatizadas que imitam os perfis humanos). A sua proposta é "ter um pequeno pagamento mensal pela utilização do sistema”.
Certo é que o empresário tem procurado formas de aumentar as receitas da plataforma - fruto da consequente fuga de muitos dos seus anunciantes - e, para além dos despedimentos em massa, eliminou equipas de monitorização da desinformação, o que levou a um aumento das notícias falsas e das mensagens de ódio na rede.
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