Na corrida presidencial do Partido Republicano para a Casa Branca, o ex-presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, aparece em pesquisas como o favorito, mas trava uma forte disputa interna com o atual governador da Flórida, Ron de Santis.
Ainda assim, um filho de imigrantes novato na política conseguiu desbancar esses dois principais nomes e se tornar o protagonista do primeiro debate dos candidatos republicanos à presidência dos EUA, realizado na noite de quarta-feira (24) - nos Estados Unidos, os partidos realizam uma votação prévia às eleições gerais, as chamadas primárias, para escolher o candidato que concorrerá pela sigla.
Com tiradas debochadas e um discurso que segue a cartilha da ultradireita, Vivek Ramaswamy, um empresário exótico e filho de imigrantes indianos, foi o vencedor do debate, na avaliação da imprensa norte-americana e de especialistas do país, que vem chamando o pré-candidato de "o novo Trump".
Donald Trump optou por não ir ao debate por conta de uma audiência judicial nesta quinta-feira na Georgia. Esperava-se que os quatro processos aos quais o ex-presidente responde na Justiça fossem o ponto central do debate, mas os candidatos decidiram não tocar no tema.
Já De Santis, um ultraconservador que vem se apresentando como a grande alternativa a Trump dentro do partido, não conseguiu se manter no centro das atenções e acabou apagado, também na avaliação da imprensa dos EUA.
Ramaswamy aproveitou então o vácuo de protagonismo e conquistou os holofotes no debate, mesmo sem ter nenhum histórico na vida política e pouco até como eleitor. Ele revelou que não votou para presidente por 15 anos seguidos (nos EUA, o voto não é obrigatório).
Trajetória
Vivek Ramaswamy entrou na política financiado por ele mesmo. Aos 38 anos, é um empresário bilionário da área de biotecnologia, e inclusive já escreveu livros sobre o assunto. Vive numa mansão no estado de Ohio, onde nasceu e cresceu.
Seu pai era um engenheiro e advogado de patentes e foi morar nos Estados Unidos para trabalhar na General Electric. Já sua mãe era psiquiatra - apesar de ser filhos de imigrantes, ele defende a deportação de todos os que entram no país de forma irregular (leia mais abaixo).
Ele fez fortuna após abrir uma empresa de biotecnologia - o pré-candidato é formado em biologia pela universidade Harvard. No ano passado, fundou uma empresa de gestão de ativos.
Ao decidir entrar na política, ele se afiliou ao Partido Republicano e começou a adotar um discurso ultraconservador. Ao mesmo tempo, no entanto, gosta de se apresentar como um político jovem, risonho e descontraído.
Se diz amante de rap, um estilo musical com discurso geralmente associado às pautas do Partido Democrata - pelas redes sociais, circula até um vídeo no qual ele canta um rap e dança num palco quando ele era estudante de Harvard.
Recentemente, ao ser questionado por jornalistas sobre se via ambiguidades em suas ideias e as defendidas em letras de músicas de rap, ele justificou que, assim como vários cantores do género, se sente um "outsider" (excluído, em uma tradução livre).
O termo é um dos exemplos de como Ramaswamy da cartilha da extrema direita - um dos pontos mais comuns de políticos ultradireitistas é se apresentar como um "outsider", alguém de fora do sistema político que chegou para mudá-lo.
Aborto - Ramaswamy se diz contra o aborto, que já chamou de um assassinato. Mas também afirma não concordar com uma proibição do aborto no país inteiro. Sua proposta é que cada estado deveria proibir a interrupção da gravidez a partir das seis semanas de gestação.
Alterações climáticas - É contra qualquer política pública para amenizar as emissões de carbono dos Estados Unidos ou combater as mudanças climáticas.
Imigração - Embora seja filho de imigrantes, Ramaswany é o pré-candidato republicano mais linha dura contra a entrada ilegal de estrangeiros nos EUA. Ele defende o fortalecimento das fronteiras e a deportação de qualquer imigrante que tenha entrado no país de forma ilegal - não está claro se esse foi o caminho de seus pais.
Direitos da população LGBTQIA+ - O pré-candidato quer retirar todas as leis que concedem direitos às pessoas trans, que ele chama de uma doença mental.
O pré-candidato também costuma se definir como um "anti woke", em referência ao termo "woke", em referência a jovens dos Estados Unidos engajados em diversos temas sociais, políticos e ambientais. Ele já disse inclusive lamentar que os EUA tenham se tornado "um país cheio de vítimas".
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