Marcha "Vamos Salvar os Sobreiros", a realizar no próximo sábado, 26 de agosto, com início pelas 12:00 horas, no Parque Eduardo VII, em Lisboa, dirigindo-se depois para o Ministério do Ambiente e Ação Climática e a terminar no jardim do Príncipe Real.
Em causa está a salvaguarda de um bosque de sobreiros, adultos, saudáveis, a extrair cortiça, localizado em Sines. Embora seja uma espécie protegida, o Governo autorizou o abate de mais de 1800 sobreiros, classificada pelo Parlamento como “Árvore Nacional de Portugal”, para a instalação de um parque eólico pela EDP Renováveis.
O objetivo desta marcha é exigir aos governantes a revogação do Despacho n.º 7879/2023, de 1 de agosto 2023, que autoriza a EDP a proceder ao abate.
Porquê proteger os sobreiros?
- Árvores resistentes ao fogo, importantes para o ciclo hidrológico, retenção de água nos solos, limpeza e arrefecimento do ar, silvopastorícia, apicultura, colheita de cogumelos, turismo rural e casa de inúmeros animais - crucial para a biodiversidade!
- Exportação de cortiça gera cerca de 900 milhões de euros anuais. Um sobreiro pode dar cortiça até aos 200 anos de idade!
- Produzem muito oxigénio e retêm muito dióxido de carbono: Um montado de sobreiros pode anualmente absorver até 14,7 toneladas de dióxido de carbono (CO2) por hectare - aqui estamos a falar de 32 hectares
Num momento em que as alterações climáticas são cada vez mais sentidas, é imprescindível proteger as nossas florestas. Os sobreiros são das árvores mais importantes a nível ecológico e económico que temos em Portugal.
A EDP promete repovoar uma área de 50 hectares, contudo os sobreiros demoram cerca de 20-25 anos até atingir idade adulta, e não sabemos quantas destas árvores plantadas poderão sobreviver (com o aumento da seca, as percentagens de sobrevivência são baixas)
A energia eólica pode ser produzida em muitos lugares: zonas sem floresta ou onde os incêndios passaram, ou zonas de monoculturas ou com espécies invasoras como acácias ou eucaliptos que são altamente inflamáveis e são um problema grave em Portugal.
Sobre o Projeto e porque é que desaprovamos:
- 16 km de linhas elétricas associados ao empreendimento junto ao Parque Natural do Sudoeste Alentejano e da Costa Vicentina.
- coincide com o corredor de migração de aves selvagens protegidas, nos concelhos de Sines e Santiago do Cacém.
- o projeto de compensação do abate de sobreiros a realizar em Tavira, deveria ser proposto para a Área Florestal de Sines, ou outra próxima, no Alentejo.
- o Plano de Acompanhamento Ambiental da Obra omite o plano para a compensação do abate de sobreiros, assim como o Plano de Gestão Florestal e a sua monitorização.
- a constituição de nova faixa de gestão de combustível sobre as linhas elétricas aumenta impacto do projeto.
- este projeto localiza-se próximo de 1 dos 2 únicos ninhos de Águia-pesqueira existentes em Portugal e pode contribuir para o desaparecimento da população reprodutora desta espécie em perigo critico de extinção.
- o projeto também está localizado numa área muito crítica identificada pelo ICNF para as aves aquáticas que interdita este tipo de projetos.
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