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sábado, 1 de julho de 2023

Inteligência animal: abelhas possuem capacidade de tomar boas decisões rapidamente


Num estudo, elas souberam escolher as flores mais recompensadoras em néctar com eficiência comparável à de humanos e primatas.

Em sua jornada para colher o néctar das flores para fazer mel, as abelhas estão sempre correndo riscos. Escolher as flores erradas e sem recompensa para elas podem fazê-las perder um tempo precioso em sua curta vida (que muitas vezes não dura mais que 45 dias) e ainda expô-las a perigosos predadores.

Levando isso em conta, pesquisadores do Reino Unido e da Austrália decidiram estudar como as abelhas tomam a decisão sobre qual flor escolher para buscar néctar, e qual a sua probabilidade de sucesso. O resultado, contam em artigo no The Conversation, foi surpreendentemente positivo.

“Desafiamos as abelhas com um campo de flores artificiais feito de discos coloridos de cartolina, cada um oferecendo uma gotinha de calda de açúcar. ‘Flores’ de cores diferentes variavam em sua probabilidade de oferecer açúcar e também diferiam em quão bem as abelhas podiam julgar se a flor falsa oferecia ou não uma recompensa”, relatam.

As abelhas foram identificadas com marcas de tinta inofensivas, e filmadas durante o seu trajeto. Ao mesmo tempo, visão computacional e machine learning foram usados na observação dos insetos, para que depois um modelo computadorizado pudesse reproduzir a trajetória delas e ajudar a entender o seu comportamento.

“Descobrimos que as abelhas aprenderam muito rapidamente a identificar as flores mais recompensadoras. Elas avaliaram rapidamente se deveriam aceitar ou rejeitar uma flor, mas surpreendentemente suas escolhas corretas foram em média mais rápidas (0,6 segundo) do que as suas escolhas incorretas (1,2 segundo). Isso é o oposto do que esperávamos”, contam os pesquisadores.

Isso porque é consolidado na ciência comportamental que uma decisão correta leva mais tempo do que uma decisão incorreta. Afinal, determinar qual decisão tomar geralmente depende de quanta evidência temos. Ter mais evidências significa que podemos tomar uma decisão mais precisa – mas coletar evidências leva tempo.

Consequentemente, decisões recompensadoras costumam levar mais tempo para serem tomadas – as exceções conhecidas no mundo animal são seres humanos e primatas. E, agora, as abelhas.

Para entender como isso acontece, a equipa usou o modelo computacional criado a partir da observação das abelhas. Eles construíram redes neurais artificiais capazes de processar informações sensoriais, aprender e tomar decisões, compararam o desempenho desses sistemas artificiais com as abelhas reais e, a partir disso, puderam identificar o que um sistema precisava ter para conseguir essa rapidez nas decisões corretas.

“A resposta está em dar respostas de ‘aceitar’ e ‘rejeitar’ diferentes limiares de evidência com limite de tempo. Ou seja: as abelhas só aceitam uma flor se, à primeira vista, tiverem certeza de que ela é recompensadora. Se elas tiverem qualquer incerteza, rejeitam a flor”, afirmam.

Trata-se de uma estratégia avessa ao risco que significa que as abelhas podem ter perdido algumas flores recompensadoras, mas concentraram os seus esforços com sucesso apenas nas flores com a melhor chance e evidência de lhes dar a recompensa.

Segundo a equipa, o estudo foi útil não somente para compreender o comportamento desses animais, importantíssimos para a polinização na natureza, mas também para se pensar em como construir sistemas artificiais com eficientes sistemas de tomadas de decisão.

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