A estreia das mudanças climáticas como uma questão de relevância global foi na Cúpula da Terra do Rio em 1992 (ECO-92). De lá para cá, a relação entre energia e economia só tem se tornado mais política, com cidadãos de todo o Norte e Sul Global crescentemente mais conscientes dos desafios que elas representam. De fato, uma pesquisa realizada em 2017 pelo instituto de pesquisa estadunidense Pew Research em 38 países mostrou que 61% dos entrevistados consideram as mudanças climáticas como uma das suas principais preocupações, colocando-as acima da geopolítica tradicional, da migração e de um modelo econômico falido em termos de ameaça percebida.
E, no entanto, o aumento da conscientização pública ao longo do último quarto de século não conseguiu se traduzir em ação significativa. Os níveis atmosféricos de dióxido de carbono (CO2), o principal “gás do efeito estufa”, foram 61% maiores em 2013 do que em 1990. Os anos que se seguiram à crise econômica de 2008 foram os de maiores aumentos anuais de emissões na História.
Só que não há apenas uma dissonância entre o conhecimento dos fatos e a forma como agimos, há também o problema da nossa incapacidade de modelar o futuro com precisão.
No presente, o consenso científico afirma que um aquecimento de dois graus neste século é algo altamente provável. Ainda que isso possa representar um enorme choque para a ordem global, com níveis de migração jamais vistos, diminuição de colheitas e uma enorme crise de recursos naturais, se esse cenário representasse o pior que poderíamos alcançar, teríamos sido sortudos.
Isso porque qualquer coisa muito além desse nível nos levaria a alcançar um ponto de inflexão. Nesse caso, uma cascata de circuitos de retroalimentação, incluindo a desertificação e a liberação de hidrato de metano, faria com que três graus levassem a quatro, quatro a cinco e cinco a seis.
A humanidade poderia suportar um mundo seis graus mais quente do que no presente? Talvez, mas com oceanos quentes e ácidos demais para manter a vida, com a agricultura de massa sendo possível somente em torno dos polos norte e sul e com níveis elevados de metano atmosférico – gerando problemas para qualquer coisa que respire – trata-se de um cenário difícil de se imaginar.
Um eterno presente: a tirania do Realismo Capitalista.
Como é possível que cada vez mais pessoas estejam cientes das mudanças climáticas, bem como de suas consequências potencialmente devastadoras, e ainda assim tão pouco seja feito? A resposta é a política.
As gerações futuras olharão em retrospecto para os últimos 25 anos e isolarão duas coisas em particular. A primeira é um aumento dramático nas emissões de dióxido de carbono – e com isso, uma aceleração adicional no aquecimento global. A segunda é um modelo económico específico, globalizado não só em termos de comércio e produção, mas, mais importante ainda, em termos de um quadro de referência que coloca o lucro acima de tudo e que exige circulação.
Esse modelo deve ser compreendido como a “globalização contemporânea“, distinto do processo geográfico de mesmo nome – que segue ao mesmo tempo que ele – que se desenvolve, em vez disso, como uma “compressão do tempo-espaço” tornada possível pelas transformações tecnológicas.
A globalização contemporânea foi um arranjo político intencional, fundado em um certo conjunto de ideias, e embora haja uma correspondência com o fenómeno tecnológico e geográfico, este último poderia ter se desenvolvido sem o primeiro.
Para a globalização contemporânea, o fim da Guerra Fria foi decisivo, com as instituições do capitalismo ocidental da metade do século XX – o FMI, a OMC e o Banco Mundial – combinado com o novo zeitgeist cultural do realismo capitalista – a ideia de que o fim do mundo seria mais possível do que o fim do capitalismo. Os mercados livres não eram mais entendidos como sistemas socialmente contingentes, mas sim como a totalidade da realidade. A síntese destes dois elementos, somada à ausência histórica de uma utopia concorrente ou de forças geopolíticas que servissem de contrapeso, levaram a uma segunda belle époque entre 1990 e 2008. Nela, um sistema econômico específico, baseado em mercados globais em constante expansão e na eliminação de toda fricção à circulação (seja ela cultural, tecnológica ou econômica), foi crucial.
Sem surpresa, isso se deu principalmente nos países afluentes do Norte Global, onde o realismo capitalista reinava supremo. Para as nações em desenvolvimento, a História permanecia longe de terminar, com a lógica operacional estando, em vez disso, na busca por alcançar padrões de vida mais elevados, salários crescentes e maior prosperidade. Uma economia global cada vez mais integrada, especialmente após 1990, permitiu que os dois lados se adequassem como peças de um quebra-cabeça: a mão de obra barata de uma China em ascensão no Sul Global possibilitava a economia psíquica do realismo capitalista no Norte Global. Os primeiros ficavam mais ricos, os últimos se sentiam mais ricos. Em termos marxistas, a base (ou “estrutura”) do Sul Global possibilitava a superestrutura das nações mais ricas.
E por um tempo isso funcionou.
Mas, nos termos das mudanças climáticas, esse arranjo económico e cultural – baseado tanto no consentimento quanto na coerção – permitiu que as soluções baseadas no mercado permanecessem inquestionáveis até a crise de 2008, mesmo quando ficava claro que elas sequer tocavam a superfície da questão.
Embora as mudanças climáticas possam ser o resultado da modernidade industrial, ou do “capitalismo fóssil“, como Andreas Malm se refere a esse processo, para os verdadeiros fiéis do sistema isso era irrelevante. Pelo contrário, de fato, ajudou a agravar uma fé cega na capacidade da tecnologia de resolver quase qualquer problema. Assim como a máquina a vapor alimentada por carvão de Watt transformou a sociedade na virada do século XIX, de maneira semelhante, as tecnologias ecológicas iriam dar sustentação a uma transição similar em nosso próprio tempo; os limites do crescimento se expandiriam mais uma vez. No fim das contas, o capitalismo era toda a realidade, a História acabou e nada muda de verdade.
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Esse conjunto de premissas, em que as mudanças tecnológicas manteriam a capacidade do capitalismo de sustentar o planeta independentemente das circunstâncias, é referida como a “solução tecnológica“. Geralmente vem na forma de sequestro de carbono, geo-engenharia e fontes de energias renováveis – ou uma combinação dos três.
A solução tecnológica busca negar a Política, afirmando que se pode mudar a realidade social sem mudar as relações sociais: os ricos não precisariam ficar menos ricos, as disparidades de renda não precisariam ser reduzidas, o consumo de bens e serviços não precisaria diminuir. É por isso que diante de um sistema económico que não consegue oferecer padrões de vida crescentes, os autoproclamados “moderados” gritam pela “inovação!” Essa não é uma posição moderada – é, isso sim, uma posição de credulidade fervorosa.
Até certo ponto, há alguma razão nessa linha de argumentação. A humanidade, pelo menos até agora, tem conseguido superar todos os desafios que enfrentou – desde micróbios mortíferos até predadores maiores e as turbulências de várias eras glaciais. Em todas essas vezes, não só prevalecemos mas prosperamos, principalmente como resultado de nossa capacidade de processar informações e criar ferramentas – ou tecnologia – em resposta.
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Historicamente, o movimento verde tem tratado com desprezo o raciocínio da solução tecnológica, e com razão. A maioria daqueles que as perseguem em relação ao clima – com esquemas malucos como bloquear parte do sol com uma “sombra espacial” para gerenciar a radiação solar ou remover enormes quantidades de CO2 da atmosfera através do sequestro de carbono – não quer salvar o planeta, mas prolongar o sistema económico e social que o está matando – um sistema baseado em produção para troca, lucro e trabalho assalariado.
A política do movimento verde, naquilo que tem de mais radical, tem insistido, portanto, que uma resposta adequada precisa ser mais fundamental. No interior dessa posição estava uma compreensão implícita de como a História se desenrola e sobre como ocorrem as transformações. Assim, enquanto os deterministas tecnológicos entendem a tecnologia como a força motriz da História e, portanto, a única maneira de abordar as mudanças climáticas, os radicais verdes compreendem as relações sociais e as ideias, ou mesmo as relações com a natureza, como aquilo que realmente importa.
A este respeito, ambos os lados exibem um viés. Só que para mudar a História e salvar o mundo, isso não é suficiente.
Como fazemos a História
A melhor maneira de compreender a tecnologia, e a maneira como ela internaliza e dá forma às relações sociais na cultura, na sociedade e na economia, é enxergá-la como um elemento dentro de uma totalidade mais abrangente, através da qual a História evolui. É assim que David Harvey lê o pensamento de Karl Marx sobre o tema – com o autor de O capital compreendendo a História como sendo constituída por seis campos distintos, mas mutuamente adaptativos: tecnologia, natureza, processo de produção, reprodução da vida cotidiana, relações sociais e concepções mentais. Todos esses campos estão em tensão dinâmica, cada um deles constantemente dando forma e sendo moldado por todos os outros.
Marx queria entender como a História é feita, a fim de transformá-la: “Os filósofos apenas interpretaram o mundo de diferentes maneiras; o que importa é transformá-lo”. Quando se pensa sobre a História como algo tão complexo, sendo gerado por campos que englobam tantas coisas, rapidamente se compreende os limites da ênfase em apenas um deles.
Elon Musk, por exemplo, diria que a tecnologia determina a História, assim como afirma o realismo capitalista em geral. Isso permite enquadrar realidades políticas construídas como sendo naturais e imutáveis. Enquanto isso, um eco-anarquista poderia dizer que a natureza e as relações sociais são todas importantes: talvez, se todos nós fôssemos veganos e ciclistas, poderíamos salvar o planeta. Alternativamente, Lenin teria dito que o processo de produção é o principal, e que, sem mudanças significativas aí, o resto não tem importância.
Para Marx, no entanto, a transformação sistémica – o que ele chamava de mudar para um “novo modo de produção” – exigiria lidar com todas essas categorias, em conjunto. Portanto, assim como o capitalismo (definido pela produção para a troca e mão-de-obra assalariada) surgiu lentamente ao longo de um período de séculos, assim também o fará o que for sucedê-lo. Como pós-capitalistas, e como seres humanos que querem parar as mudanças climáticas desenfreadas, isso deve informar a maneira como agimos agora.
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Dada a janela de tempo em que estamos operando (temos cerca de três décadas para descarbonizar completamente a produção global enquanto o consumo de energia deve dobrar), isso não será fácil. A resposta é enfatizar cada momento como parte de uma transformação mais abrangente, com a necessidade de novas tecnologias, relações sociais, concepções mentais, fluxos de trabalho e concepções da natureza. Nenhuma esfera sozinha é suficiente.
Embora possa soar extremamente difícil, muito desse trabalho já vem sendo feito. O trabalho de ativistas e movimentos de direitos dos animais em torno de hábitos alimentares modificados significa que muitas pessoas já desfrutam de uma relação muito diferente com a natureza. E mesmo aqueles entre nós que não são vegetarianos ou veganos achariam a visão cartesiana de outras espécies animais como autômatos não apenas estranha, mas desumana. Uma das principais alterações no tratamento das mudanças climáticas será a transformação na produção e no consumo de alimentos – especialmente a carne, que utiliza quantidades prolíficas de água e de terra, e gera quantidades significativas de gases do efeito estufa como o metano. Isso sem mencionar as questões éticas sobre tratar os animais como mercadorias.
Em resposta, podemos esperar que o vegetarianismo e o veganismo se tornarão cada vez mais comuns nas próximas décadas. Além das concepções transformadas sobre a natureza, as mudanças tecnológicas manifestando essas concepções também serão importantes, à medida que, nos próximos anos, os substitutos da carne se tornarem cada vez mais autênticos e a carne sintética – carne sem animais – encontrar um mercado de massa. Usando muito menos água e terra, e criando muito menos metano como subproduto, a carne sintética é uma conversão muito mais eficiente da energia solar em alimento do que a criação de animais para o abate – algo que provavelmente será ridicularizado em um futuro não muito distante.
Enquanto isso, as tecnologias renováveis estão realizando grandes avanços, assim como o armazenamento energético. Um mundo que tenha uma produção completamente descarbonizada em algum ponto do século XXI não é o sonho molhado de otimistas tecnológicos, mas parece algo inevitável quando se olha a queda nos custos das tecnologias de painéis fotovoltaicos e de energia eólica como consequência das curvas de experiência. A questão, portanto, é o quão rapidamente esse processo vai se desenrolar, e a quem pertencerão essas tecnologias.
Perguntas semelhantes precisarão ser respondidas acerca da Inteligência Artificial, dos dados em geral e da extração de recursos além do nosso planeta. Tudo isso está chegando, e com eles um novo paradigma civilizatório – tão disruptivo quanto foi a combinação da máquina à vapor com os combustíveis fósseis na aurora da Revolução Industrial. O que importa, para os pós-capitalistas, é se seremos capazes ou não de dobrar o arco da História para garantir que os dividendos dessas tecnologias se reflitam na emancipação de todos nós – e não apenas no aumento dos lucros para poucos.
É de suma importância, com relação às energias renováveis, que a difusão aconteça com urgência; caso contrário, o aquecimento de mais de dois graus parece quase certo.
Pensar pequeno é lindo, pensar grande também
Historicamente, tudo isso é anátema para as melhores tradições do movimento verde que, desde o início dos anos 1970, têm persistido na ideia do crescimento encontrando limites e na importância de tornar local a produção e gerar tipos de vidas muito diferentes.
Embora seja verdade que sua ida de carro para o trabalho todas as manhãs é ineficiente em todos os sentidos, e que você compra muitas coisas das quais na verdade não precisa, a ideia de que a resposta às mudanças climáticas está em consumir menos energia – que uma transição para energias renováveis deveria significar necessariamente uma redução no padrão de vida – parece errada. De fato, as tendências com as energias renováveis apontam para o contrário: o sol fornece ao nosso planeta energia suficiente para atender a demanda anual da humanidade em apenas 90 minutos. Em vez de consumirmos menos energia, os desenvolvimentos em energia eólica e solar (dentro de poucas décadas) devem significar energia distribuída de tamanha abundância que não saberemos o que fazer com ela. Quando combinamos isso com as tecnologias da inteligência artificial, robôs com forte acoplamento sensório-motor e mineração de asteroides, de repente você enxerga uma sociedade para além da escassez de energia, recursos e, mais importante, para além da mão de obra.
O comunismo de luxo totalmente automatizado é o populismo verde
Essa é a visão que deve ser oferecida em resposta às mudanças climáticas – uma visão que aceita a transformação nas relações com a natureza, especialmente com outras criaturas, mas que não abraça o primitivismo verde ou o “retorno ao campo“. Para aqueles que fizerem isso, será por uma questão de escolha e não por necessidade.
Nesse mundo, não precisaremos viajar menos, nem deixar de desfrutar de colheitas e alimentos de outras partes do planeta. Muito pelo contrário – ver os grandes feitos da humanidade e a beleza da Terra será um direito fundamental de todos. A vida será mais fácil, com cada vez mais tempo dedicado ao lazer e não ao trabalho. Qual seria o sentido da vida? Bem, isso ficará para você decidir.
Esta é uma visão populista (no sentido usado por Laclau e Mouffe) que compreende as potencialidades do presente que virá em breve, buscando deslocá-las para um propósito mais elevado. O comunismo de luxo totalmente automatizado não é algo inevitável, e cenários alternativos são possíveis: o rentismo e a escassez artificial são tão plausíveis quanto a abundância; a guerra e a destruição em massa são tão prováveis quanto a energia limpa permanentemente mais barata. Fundamentalmente, contudo, qualquer movimento verde efetivo deve compreender essas tecnologias ou vai perder: a evolução não tem marcha ré.
Além do mais, esse populismo precisa ser global, conciliando as necessidades e os interesses dos países mais pobres com os dos mais ricos. A transição para as energias renováveis no Sul Global – que aproveitará a energia mais abundante e mais barata que em qualquer outro lugar da Terra – será possibilitada por meio de transferência tecnológica e reparações pela injustiça histórica sob a forma de um imposto global sobre o carbono. Descarbonizar a economia não apenas salvará o planeta, ricos e pobres; isso levará eletricidade para as centenas de milhões na África subsaariana e no sul da Ásia atualmente sem acesso a ela. Dará sustentação a um nível de recuperação do atraso tecnológico impensável para aqueles que associam a geração e distribuição de energia com grandes infraestruturas centralizadas.
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No entanto, esse populismo precisará enfrentar a globalização contemporânea, cujo modelo privilegia a livre circulação de bens e capital acima das pessoas, e cuja ênfase no comércio sem fronteiras – muitas vezes o padrão, mesmo dentro da esquerda – é a essência do fetiche da mercadoria. Esse modelo tem limitado a possibilidade dos Estados de se descarbonizar em velocidade, muitas vezes por meio de regras de licitação e contratação centradas em concorrência justa, algo bem documentado por Naomi Klein em seu livro Isso muda tudo.
Uma globalização consciente não vai entregar as mudanças das quais precisamos, sejam elas ambientais ou econômicas; além disso, um anseio pelo rompimento com a ordem estabelecida deve ser conjugado com o impulso pela criação da abundância energética por meio do abandono dos combustíveis fósseis. Como escreve Paul Mason:
Da Praça George, em Glasgow, até a Praça Syntagma em Atenas, sempre havia uma bandeira catalã tremulando acima da multidão. Eu nunca havia entendido, até agora, que essas bandeiras eram uma parte essencial dessa história. As narrativas sobre o “rompimento” na Europa moderna – quer sejam sobre se afastar dos Estados-nação, das moedas, das zonas de livre-circulação ou da própria UE – são todas conduzidas por um fato central: o arranjo atual não funciona.
Fingir o contrário seria lamentavelmente inadequado, e qualquer populismo verde, no nível micro ou macro, deve ser enérgico sobre esse fato. Uma ruptura com os combustíveis fósseis e com o neoliberalismo também precisa ser uma ruptura com a atual ordem global.
O último aspecto do populismo verde é o reconhecimento de que os Estados importam e que o eleitoralismo possui importância. Durante muitas das últimas décadas, o movimento verde tem sido mais favoráveis a projetos locais de pequena escala, com gêneros de ativismo que preferem a autotransformação, a união experimental e o imediatismo. Tudo isso tem seu valor e não deve ser descartado, mas os verdes radicais precisam entender que somente os Estados, os maiores instrumentos de ação coletiva já criados pelos seres humanos, são capazes de realizar o que é preciso.
Então, que aspecto teria essa “realização”? Significaria descarbonizar por completo o Norte Global até 2030 e o Sul Global até 2040, o que por sua vez significa que os países em toda a Europa e América do Norte precisarão reduzir as emissões de CO2 em 8% a cada ano na década de 2020, com a mesma exigência valendo para os países mais pobres ao longo da década seguinte.
Isso exigirá enormes níveis de consentimento, juntamente da mobilização dos Estados em algo comparável a um esforço de guerra. Felizmente, as pessoas precisam de empregos – até que os robôs aperfeiçoem o acoplamento sensório-motor – e há muitos bens públicos como saúde, educação e moradia universais, que devem ser englobados num projeto mais amplo de transformação ecológica e renovação social.
Populismo não significa se curvar ao menor denominador comum. Significa identificar aquilo que as pessoas desejam e canalizá-lo através de um paradigma tecnológico cujas relações sociais ainda não foram decididas. Significa dizer “aqui está um caminho para uma abundância ilimitada”, ao invés de pedir que a civilização seja colocada em uma camisa-de-força.
Ao compreendermos a História como um fluxo evolutivo, podemos prosseguir construindo esse projeto no agora – nas ideias, nos modelos de produção e consumo, nas relações e nas tecnologias. Entretanto, é importante observarmos que isso precisa ser combinado com uma visão de progresso e de destino inevitável, com as organizações estabelecidas de representação democrática – Estados, sindicatos e partidos – no papel de auxiliares para a construção de um mundo radicalmente diferente.
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