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segunda-feira, 27 de fevereiro de 2023

Praias tunisinas estão a encolher. Porquê?



No Magrebe (Marrocos, Tunísia, Argélia e Líbia), a Tunísia regista as taxas de erosão mais elevadas das últimas três décadas, com uma média de quase 70cm por ano, admite o Banco Mundial. Pelo menos 85% da população da Tunísia, com mais de 12 milhões de habitantes, vive junto à costa, o que faz com que o país seja desproporcionadamente afetado pela erosão costeira. A subida do nível do mar, causada principalmente pelo derretimento global do gelo induzido pelo aquecimento e pelo aumento da temperatura da água, é um dos principais culpados da erosão costeira.

Com a erosão das praias tunisinas, os pescadores da cidade costeira de Ghannouch dizem que os seus barcos e redes são cada vez mais danificados pelas rochas o que faz o seu rendimento sofrer quebras de 20% em relação a anos anteriores. O sobredesenvolvimento imobiliário nas praias e a destruição de defesas naturais como as dunas estão a duplicar o efeito da subida do nível do mar.

A aceleração das alterações climáticas trouxe também um aumento das temperaturas, agravando a seca na Tunísia. Juntamente com a subida do nível do mar, isto está a prejudicar não só o sector pesqueiro do país, mas também a sua agricultura e turismo.

80% da areia costeira da Tunísia vem do interior, segundo Gil Mahé, director de investigação do laboratório de hidrociências da Universidade Francesa de Montpellier, atualmente a trabalhar no INSTM na Tunísia. "As barragens... [são] o grande impacto que aumenta a vulnerabilidade das costas arenosas à erosão", diz ele. Três anos de seca deixaram muitas das 37 barragens do país esgotadas ou vazias, e levaram o governo a subir os preços da água da torneira para as famílias e empresas. O país está a investir na construção de mais barragens para tentar armazenar tanta água doce quanto possível.

A subida do nível do mar e o desaparecimento da areia prejudicaram gravemente os negócios de praia, tendo o turismo registado um grande declínio ao longo da última década. À medida que a erosão costeira se agrava, a água salgada move-se para o interior, arruinando áreas aráveis. Há já projetos em parceria com instituições internacionais como o Banco Mundial e o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento para reduzir a erosão através de soluções baseadas na natureza. Uma iniciativa instalou 0,9 km de vedações de retenção de areia e 1,1 km de frondes de palmeiras presas ao solo para reduzir o impacto das ondas numa praia de Djerba, onde a erosão costeira provocou fortes inundações de zonas húmidas.

A erosão costeira é um fenómeno há muito conhecido e documentado. Todos os anos chegam-nos notícias de que o mar ‘engoliu’ mais uma enorme fatia. Da Califórnia, à Carolina doNorte, da Florida, ao Rio deJaneiro, de Yorkshire a Ovar. Mas a ganância, a sede do lucro rápido, a especulação imobiliária, a corrupção têm impedido a tomada de medidas sérias para conter o problema.

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