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quarta-feira, 1 de fevereiro de 2023

Neurodiversidade e neurodivergente


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A palavra neurodivergente tem se popularizado cada vez mais entre as pessoas que vivem conectadas nas redes sociais, como o TikTok ou Twitter, por exemplo. O termo vem sendo discutido e divulgado em hashtags onde os usuários debatem se possuem sinais que indicam as diferenças neurológicas.

Apesar de gerar certa conscientização a respeito da neurodiversidade, há muitos mitos e falsas informações circulando na comunidade virtual, o que leva muita gente a se autodiagnosticar com o Transtorno do Espectro Autista (TEA) ou com TDAH.

Por isso, nesse texto vamos falar mais sobre a neurodiversidade e os cuidados com os mitos que são divulgados entre as famosas hashtags.

O que significa “neurodivergente” e “neurodiversidade”?

Neurodivergente é uma pessoa cujo desenvolvimento neurológico, ou alguns aspectos do seu processo neurológico, são atípicos, ou seja, diferente do padrão que existe em uma sociedade.

Já a neurodiversidade diz respeito às inúmeras variações possíveis do sistema neurológico humano, variações que são completamente naturais. Assim como duas pessoas podem ter a altura ou a cor dos olhos diferentes, por exemplo, elas também podem apresentar tipos neurológicos distintos. Afinal, nenhuma pessoa é igual a outra.

Origem do termo neurodivergente

A origem da palavra neurodivergente está ligada ao autismo. A socióloga australiana Judy Singer, que também foi diagnosticada com Síndrome de Asperger, foi a responsável por propor a utilização do conceito no final dos anos 80.

Em seus textos, Judy defende que o autismo não é uma doença, portanto não precisa de um tratamento ou uma cura, e ressalta que o TEA precisa ser encarado como mais uma característica que faz parte da identidade particular de cada um.

Lawrence Fung, diretor do projeto de neurodiversidade da Universidade Stanford (EUA), define a neurodiversidade como “uma forma de descrever que nossos cérebros são diferentes e, como qualquer ser humano, não será bom em tudo“.

O diretor acredita que: “pode ser mais difícil para algumas pessoas reconhecerem e aceitarem as diferenças que acontecem no cérebro”, principalmente por ser um transtorno invisível, diferente da diversidade étnico-racial, onde é possível enxergá-la.

O termo neurodiversidade se tornou popular durante a luta de Judy, por isso as pessoas diagnosticadas com Transtorno do Espectro Autista (TEA) também são chamadas de neurodivergentes.

Apesar da palavra ser muito usada na comunidade autista, outros grupos se identificaram e passaram a usar o conceito de neurodivergente como uma identidade, e é utilizado por pessoas que não se enquadram no padrão neurotípico, como por exemplo:
  1. Dispraxia – Transtorno neurológico de coordenação motora que envolve dificuldade em pensar e movimento planejado, segundo associação de especialistas no tema;
  2. Dislexia – Transtorno de aprendizagem que dificulta leitura e escrita;
  3. TDAH – Transtorno do déficit de atenção com hiperatividade;
  4. Síndrome de Tourette – Transtorno que envolve movimentos repetitivos incontroláveis ou sons indesejados/tiques, como piscar repetidamente os olhos, encolher os ombros ou deixar escapar palavras ofensivas).
Popularização do termo na internet

Quando buscamos pela palavra “neurodivergente” no TikTok, encontramos uma hashtag muito utilizada, onde mais de 218,9 milhões de vídeos são divulgados. Na hashtag em inglês, “neurodivergent”, o número é bem maior: mais de 5 biliões de vídeos.

A grande crescente desse termo na rede social chinesa ocorreu principalmente durante a pandemia, quando a neurodiversidade encontrou comunidades, pessoas e espaços para dividir curiosidades, particularidades e dificuldades.

O frequente consumo dessa tag indica que os vídeos de até 3 minutos – divulgados na plataforma – influenciam bastante pela busca do autoconhecimento dos usuários.
TikTok e TDAH

O psicólogo Anthony Yeung desenvolveu um estudo que relaciona os novos casos de TDAH com o Tiktok.

O estudo chamado “TikTok e transtorno de déficit de atenção/hiperatividade: um estudo transversal da qualidade do conteúdo de mídia social”, aborda que a popularização do termo e o aumento da procura por profissionais especializados em transtornos neurodivergentes. Para Yeung, pessoas jovens conseguem se identificar com os sinais do TDAH, e buscam por ajuda baseada no que conheceram na rede social.

A hashtag #ADHD é a tag que fica nos trends a toda semana, principalmente com conteúdos da língua inglesa. Os vídeos trazem depoimentos e incentivo para que os jovens assumam a condição e busquem ajuda.

E como saber se sou neurodivergente?

O primeiro passo é procurar profissionais que transmitam credibilidade. Neuropsicólogos e Psicólogos acabam sendo as áreas que funcionam como porta de entrada para esse processo de descoberta. É fundamental que você faça uma avaliação com um profissional especializado no assunto, que te acompanhará em várias sessões antes de diagnosticar.

Fuja dos testes on-line suspeitos! Apesar de alguns conteúdos servirem como alerta, e proporcionar reflexões acerca dos sinais da neurodiversidade, eles não são capazes de oferecer um diagnóstico médico.

Buscar um profissional é a melhor solução, pois ele vai te ajudar a encontrar uma solução científica para o problema que te aflige, por exemplo: encaminhando para um acompanhamento com outros especialistas, de outras áreas, independente do seu diagnóstico, seja ele neurodivergente ou não.

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