Deixar-se levar ou contrariar a força daquela plataforma imponente? Há uma luta de poder entre os seis bailarinos e o dispositivo de madeira, capaz de se inclinar, girar, balançar e elevar.
“I planned each chartered course,/ Each careful step along the by way./ And more, much more than this,/ I did it my way”, ouve-se, no hino inconfundível de Frank Sinatra, vincando a vulnerabilidade poética do espetáculo.
Em Celui qui Tombe (uma criação de 2014, de duração: 60 minutos), o acrobata, ator, malabarista, bailarino e coreógrafo francês Yoann Bourgeois quis levar mais longe as suas tentativas para alcançar um ponto de suspensão, onde se joga com a vertigem sobre o vazio.
Os bailarinos, vestidos com roupas informais, procuram manter-se de pé na plataforma, numa situação cada vez mais adversa, criando uma metáfora da luta pela sobrevivência com imagens de uma extrema beleza e, simultaneamente, de uma singeleza comovedora.
“Depois de ter passado pelo circo, pela dança e pela música, o meu trabalho teatral pode ser hoje considerado uma desconstrução de todos os seus elementos materiais (texto, luzes, ações, figurinos, som…) e a experimentação de novas relações entre esses elementos”, escreveu Yoann Bourgeois.
É por isso difícil catalogar os seus espetáculos, cuja intensa pesquisa parece caminhar para um género teatral singular.
Mantenhamo-nos atentos, a capacidade de Yoann Bourgeois surpreender o público parece infindável.
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