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quarta-feira, 30 de novembro de 2022

Livro - "Políticas da natureza: Como associar as ciências à democracia" de Bruno Latour


E-Livro: Politics of Nature: How to Bring the Sciences into Democracy

Há quase trinta anos, o sociólogo, antropólogo e filósofo francês Bruno Latour vem se dedicando a refletir sobre o casamento, não livre de adversidades, da ecologia com a política. Se não é exatamente recente o boom dos movimentos engajados em ativismo ambiental, é preciso trazer ao debate a questão: diante das transformações climáticas, das agressões sistemáticas das quais o planeta padece, eles têm conseguido efetivo encaixe político? A ecologia política é capaz, afinal, de dar conta desse delicado desafio?

Uma obra importante de um dos pensadores mais inovadores do séc. XX, "Política da natureza", publicado em 1999, não faz nada menos do que estabelecer o contexto conceitual para a ecologia política — transplantando os termos da ecologia para um solo filosófico mais fértil do que seus proponentes imaginaram até agora. Bruno Latour anuncia o seu projeto dramaticamente: “A ecologia política não tem nada a ver com a natureza, essa mistura de filosofia grega, cartesianismo francês e parques americanos”. A natureza, afirma ele, longe de ser um domínio óbvio da realidade, é uma forma de montar a ordem política sem o devido processo. Assim, seu livro propõe o fim da velha dicotomia entre natureza e sociedade – e a constituição, em seu lugar, de um coletivo, uma comunidade incorporando humanos e não-humanos e construindo sobre as experiências das ciências como elas são realmente praticadas.

Numa crítica da distinção entre facto e valor, Latour sugere uma redescrição do tipo de filosofia política implicada em tal divisão de “senso comum” – que aqui se revela como distintamente incomum e de fato fatal para a democracia e para um desenvolvimento saudável das ciências. Indo além das instituições modernistas de “mononaturalismo” e “multiculturalismo”, Latour desenvolve a ideia de “multinaturalismo”, uma coletividade complexa determinada não por especialistas externos que reivindicam razão absoluta, mas por “diplomatas” que são flexíveis e abertos à experimentação.

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