O mapa geopolítico do planeta muda constantemente. Associados a estas mudanças estão, quase sempre, lutas para controlar matérias-primas e bens essenciais para o mundo moderno.
Quando os Talibãs entraram em Cabul no dia 15 de agosto, não se limitaram a assumir o controlo do governo afegão. Eles ganharam também a capacidade de controlar o acesso a enormes depósitos de minerais, cruciais para a economia global de energia limpa.
Afeganistão tem uma das maiores fontes de lítio do planeta
O crescimento das tecnologias associadas às energias limpas leva a uma procura crescente de matérias-primas. Estas são escassas e concentram-se em alguns pontos do planeta, que assim se tornam em pontos críticos.
O Afeganistão é um dos poucos pontos onde é possível obter lítio, matéria essencial para a produção de baterias de carros elétricos e outros elementos de energia renovável. Um estudo realizado em 2010 revelou que o lítio presente valeria 1 bilião de dólares.
EUA perderam o acesso a esta fonte de riqueza importante
Passados estes anos, e depois de guerras constantes e outros problemas, toda esta riqueza está ainda por explorar. Espera-se que a procura por lítio cresça até 40 vezes nos próximos 20 anos e assim o Afeganistão pode tornar-se um player importante neste cenário futuro.
Com este peso, esta poderia ser a alternativa para os EUA dispensarem as suas fontes de matérias, focadas na China, o maior produtor mundial. Esta mudança que os Talibãs conseguiram vem colocar entraves grandes às suas pretensões e aos interesses económicos.
Talibãs não conseguem explorar o que têm em mãos
Tudo apontava para que fossem os EUA a conseguir os contratos para a exploração do lítio presente no Afeganistão, mas a mudança política deita agora tudo por terra. Estava implícita a presença militar na região, algo que já se sabe não vai acontecer.
Por outro lado, a presença dos Talibãs vem certamente mudar o rumo, os princípios e até as prioridades do país. Estão em falta estruturas básicas e estas não vão certamente ser apontadas para a exploração do lítio no Afeganistão.
O futuro não parece promissor para quem quiser explorar
A aproximação de alguns países poderá ser a solução, com a China a ser um dos mais relevantes. Mesmo este cenário poderá ser complicado, em especial pela falta de estruturas dedicadas a este propósito. Também as fações mais radicais dentro dos Talibãs poderiam vetar esta aproximação.
Com este cenário torna-se difícil ver um futuro imediato para a exploração desta matéria nobre no mercado atual. As reservas de lítio estão presentes e prontas a serem exploradas. Infelizmente toda a situação atual, assente em várias vertentes limita o acesso, quer pelos EUA, quer por outro país.
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