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segunda-feira, 24 de maio de 2021

Sophia de Mello Breyner quis uma baleia em casa. É A História de um Sonho, por António Jorge Gonçalves



Quis um dia Sophia de Mello Breyner Andresen que um esqueleto de baleia encontrado na Praia do Paraíso, em Leça da Palmeira, fosse habitar a sua casa. O futuro encarregou-se de transformar a moradia dos Andresen na Galeria da Biodiversidade da Universidade do Porto e o famoso esqueleto acabou, de facto, por ir lá parar. É esta a história narrada, e desenhada, no vídeo A História de Um Sonho, criado por António Jorge Gonçalves para o Museu de História Natural e da Ciência da Universidade do Porto.

"Pediram-me que contasse a história da viagem do esqueleto da baleia de uma forma performativa", explica o ilustrador, que ao longo da sua carreira fez já "muitos espectáculos de desenho ao vivo". Partindo de "alguma documentação fotográfica" e usando ainda música instrumental portuguesa, o artista alicerçou-se na ilustração digital para contar a história. "A banda desenhada é a minha ostra. Gosto do convívio entre texto e imagem e de encontrar uma forma desafiante de alimentar a escrita", acrescenta.

"Há uma espécie de justiça poética na inclusão do esqueleto na casa porque o sonho de Sophia acaba por concretizar-se", desvenda o artista ao P3. O filme, que coloca a própria baleia a narrar a história, na voz de Leonel Alegre, representa a combinação da escrita da poeta portuense com o ambiente marinho tão característico das suas obras.

Mais do que uma história, António Jorge Gonçalves acredita que este é o exemplo perfeito da conjugação da arte com a ciência, "como uma metáfora ou uma alegoria": "Estamos unidos numa mesma perspectiva: a arte e a ciência são duas formas distintas de explicar o mundo", afirma. "São caminhos diferentes mas paralelos."

Texto editado por Amanda Ribeiro

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