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Dificilmente imaginamos água no deserto do Saara. Muito menos criaturas marítimas gigantes. Mas aconteceu mesmo: o areal do maior deserto do mundo foi em tempos coberto por um mar de 3.000 quilómetros quadrados, com a água a atingir mais de 50 metros de profundidade. E aí habitaram seres como cobras e peixes-gato gigantes.
Um novo estudo reconstruiu as espécies aquáticas — hoje extintas — que há 50 e 100 milhões de anos atrás preencheram o mar do Saara. O estudo, divulgado pelo The Guardian, revela que em tempos habitaram no que é hoje um deserto inóspito peixes-gato de 1.6 metros e cobras marítimas que ultrapassavam os 12 metros. Maureen O’Leary, autora da investigação, explica que nos períodos Cretáceo e Paleolítico os animais experienciaram mesmo o “gigantismo”.
A cientista conta ainda que moluscos, plantas e árvores preenchiam o leito marítimo daquele território. “As nossas novas reconstruções paleontológicas de fauna mostram uma rica e verde floresta. O antigo ecossistema do Mali tinha ainda inúmeros predadores e algumas das maiores espécies” aquáticas do mundo, revela o estudo. E a água era, claro, quente.
O estudo foi realizado ao longo dos últimos 20 anos, com base na análise dos fósseis deixados para trás nos sedimentos marítimos.
Mas porquê e como atingiram estes animais vários metros de comprimento? O mar do Saara ficava entre as atuais Argélia e Nigéria. Ou seja, durante toda a sua existência ficou isolado de outros canais de água. Assim — explica o estudo — não existiam predadores e abundavam recursos para os animais: a “receita perfeita” para o crescimento das espécies.
E como é que um vasto e profundo mar deu origem a um vasto e árido deserto? Explica a CNN que o Saara que hoje conhecemos foi formado há cerca de sete milhões de anos, quando uma falha nas placas tectónicas “fechou” a região dos mares que a envolvia.
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