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sábado, 20 de janeiro de 2018

Internet das Coisas e Cidades Inteligentes



Ultimamente o assunto de Cidades Inteligentes (ou Smart Cities) tem ganhado muita repercussão e em decorrência, muito se fala nisso, mas ainda restam muitas dúvidas, como por exemplo, O que são Smart Cities? O que define uma cidade como inteligente? e Qual nosso papel (como moradores das cidades)?

Existem diversas definições ao redor do tema, mas a que prefiro é a minha própria:

Uma CI (Cidade Inteligente) é um território onde há boa concentração de tecnologia que atua com o objetivo de tornar ações e serviços do dia-a-dia mais inteligentes e práticos e que tenha também uma aplicação educacional e criativa.

Partindo dessa definição (que na verdade é um compilado do meu entendimento de diversas outras definições), podemos refletir um pouco sobre qual nosso papel numa CI. Existe uma região da cidade de Barcelona , próxima do centro da cidade e que tive a oportunidade de conhecer, onde ideias inovadoras com o objetivo de transformar o espaço urbano mais inteligente, amigável e prático são testadas. Ou seja, se você possui alguma ideia que seja viável, criativa e interessante, pode submeter e possivelmente aplicar e testar numa cidade real.

Entre os projetos que pude experimentar [projetos], alguns chamaram muito minha atenção pela forma como são incorporados na rotina das pessoas e é justamente esse o ponto que considero mais importante numa ideia: como ela pode ser incorporada na sociedade sem o impacto da percepção ou adaptação.

Dessa forma, se uma ideia é implantada numa cidade, para torná-la mais inteligente, o impacto e os benefícios são direcionados a quem utiliza esse território, ou seja, nós, os moradores, os turistas, aquelas pessoas que usufruem do espaço e da sociedade. E, então podemos entender o nosso papel: que é fazer parte dessa integração, contribuindo de forma positiva e usufruindo das tecnologias que estão disponíveis à nossa volta.

Portanto, além de uma ideia, para um projeto ser interessante, este deve ter um impacto positivo na sociedade, nas pessoas, e as pessoas podem e devem sempre que possível contribuir, da forma com que cada um pode, para deixar nosso lar cada vez mais inteligente, mais amigável, harmonioso e agradável.

Braga, Câmara de Lobos, Guimarães e Valongo foram seleccionadas para a edição 2023-2025 do Desafio Cidades Inteligentes (Intelligent Cities Challenge – ICC), uma iniciativa da Comissão Europeia destinada a apoiar a transição verde e digital das cidades. Os quatro municípios portugueses fazem parte de uma lista de 64 cidades, pertencentes a 17 países europeus. Além de Portugal, são eles: Espanha, Grécia, Itália, Roménia, Irlanda, Alemanha, Polónia, Bulgária, Chipre, França, Países Baixos, Croácia, Luxemburgo, Finlândia, Hungria e Suécia.

Internet das Coisas
Hoje vou falar um pouco sobre outro tema recorrente, a Internet das Coisas (Internet of Things – IoT) e o que tem isso a ver com Cidades Inteligentes.
Acredito que a melhor palavra que posso usar para definir IoT é Conexão:

Conexão entre máquinas, sensores, redes, pessoas e tecnologias. IoT é uma rede de objetos eletrônicos conectados objetivando a troca de dados para um fim comum.

Assim, esses objetos conectados podem transmitir informações úteis para a automação de atividades ou melhorias de processos, adicionando lógica e inteligência em atividades comuns na sociedade. Dessa forma, a interconexão destes dispositivos permite muitas aplicações de Cidades Inteligentes.
Um pensamento errado que muitas pessoas tem é que projetos de IoT e CI são somente construídos com aplicativos mobile. De fato, se fizermos uma rápida pesquisa na internet, conseguimos encontrar vários exemplos de aplicativos, e até mesmo quando pensamos sobre o assunto, tentanto produzir alguma ideia, é fácil pensar em aplicativos móveis colaborativos. Entretanto, existem muitos projetos simples que não são relacionados com aplicativos móveis e possuem grande importância para a sociedade:

Lixômetro em Copacabana

Em 2009 a prefeitura do Rio de Janeiro lançou o Lixômetro, um painel que foi instalado em Copacabana e apresenta dois números: o primeiro é a quantidade total de lixo recolhida por mês na cidade e o segundo número é a quantidade de lixo recolhido pelo número de habitantes da cidade. Até pouco tempo atrás era possível também acessar esses dados online, mas o endereço está fora do ar.

O Lixômetro é uma ação socio-educadora com cunho ambiental e que, embora muitas pessoas simplesmente ignorem sua existência, outras ficam atentas aos números e tentam se reeducar para reduzir a produção de lixo e assim contribuindo para o meio ambiente. Da mesma forma o Importômetro tem o objetivo de deixar explícito a quantidade de impostos recolhidos do trabalhador.

Ainda falando sobre a produção de lixo, o SINTELUR é um pequeno sensor de comunicação capaz de determinar a quantidade de lixo em um container. Os dados de cada sensor são enviados a uma central de monitoramento que, baseado nas informações de quantidade de lixo e localização por GPS, traça estratégias de recolhimento do lixo pela cidade. O sistema ainda oferece a determinação de rotas otimizadas para a coleta do lixo, diminuindo o gasto de combustível e custos em geral, além da diminuição da emissão de gases poluentes provenientes dos camiões de lixo.

SINTELUR – Waste management


O SINTELUR não é o único sistema do tipo, temos outros similares, como o Enevo , mas o meu ponto em apresentar esse serviço é mostrar que eles existem e que são possíveis e além disso pensar no impacto da utilização de tais sistemas, a forma com que eles estariam integrados na sociedade, tornando o processo de coleta e reciclagem de lixo mais inteligente, eficiente e amigável ao meio ambiente. Agora, esse tipo de serviço existe, pode ser implantado, mas a pergunta é: como a minha cidade ainda não usa? Claro, existem custos relacionados, planeamento e outros detalhes, mas a tecnologia existe e eu não vejo nenhuma cidade no Brasil de fato tomando a frente e dizendo: “Nós vamos ser uma cidade mais inteligente, vamos utilizar tecnologias que auxiliem na administração pública e que sejam positivos ao meio ambiente e bem estar da população”.

Na verdade, até conheço algumas cidades que falam muito sobre o assunto, como por exemplo em Sorocaba – SP, onde há cerca de três meses houve um evento com a participação de um representante de Barcelona e empresas que apresentaram alguns projetos, mas não vejo planos de nada efetivamente ser feito ou implantado na cidade e é isso que tem que mudar. Se é possível e viável, por que não usar?

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