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segunda-feira, 21 de agosto de 2017

Jovem carpinteiro alemão produz bicicletas de madeira em Lagoa

Depois de um primeiro lançamento mediático com bastante sucesso no seu país de origem, o jovem alemão Raphael Much, 29 anos, mudou-se com a namorada algarvia para o Algarve. Consigo traz a linha de produção das bicicletas artesanais em madeira «Lumber Jack» (do lenhador).
Um jovem artesão alemão teve a ideia de construir, à mão, bicicletas de alta qualidade em madeira, no Algarve. Inspirado pelo crescimento do turismo ciclável na região e também por ver Portugal a liderar o ranking dos maiores exportadores de bicicletas da União Europeia em 2016, Raphael Much criou a sua própria marca. As bicicletas «Lumber Jack» demoram três meses a serem montadas, pois cada uma é peça única. A mais acessível custa 4290 euros e estão ser produzidas numa oficina na Mexilhoeira da Carregação, no concelho de Lagoa.

O conceito até pode ser de nicho, mas já deu provas de ser sustentável e há todo um mercado europeu interessado. A prova é que Raphael Much perdeu a conta aos eventos e exposições onde apresentou as suas «Lumber Jack», na Alemanha. As bicicletas têm feito capas em várias revistas da especialidade. Much cresceu na Floresta Negra, no sul da Alemanha, rodeado de bosques, apaixonado pela madeira enquanto matéria-prima. Formou-se em carpintaria e após os estudos, e com o desejo de «conhecer um pouco mais do mundo» passou por uma serralharia na Nova Zelândia e colaborou com a indústria náutica em Portugal.

Apesar de se ter formado mestre carpinteiro «apenas aprendi realmente a arte da carpintaria em Portugal. Não recorríamos a computadores para construir barcos, como noutros países. Aprendia a fazer tudo de forma manual e o mesmo acabou por acontecer com as minhas bicicletas», recorda. Em 2011, em plena crise, e com o trabalho a escassear, o jovem carpinteiro encontrou tempo e criatividade para criar a sua primeira bicicleta «reciclada» a partir dos restos de madeira que sobravam das embarcações, sobretudo restos de madeiras como freixo, ácer e mogno.

«Comprei uma bicicleta velha a um pescador por 15 euros e assim nasceu o meu primeiro protótipo. Não era de todo funcional. Ficou grande e pesada demais. Demorei quase dois anos até produzir o modelo final».
Para já, quem quiser apenas saber
mais sobre estas bicicletas, poderá consultar o seu site Wood Works
Obrigado, Manuela Gonzaga e Luísa 



Feita a primeira experiência em Portugal, Much regressou à Alemanha, uma vez que o país não lhe dava a confiança para iniciar um novo negócio. E talvez não fosse a altura certa.



Desde o início deste ano, contudo, decidiu voltar de vez para o Algarve, instalar-se com a família, e aqui estabelecer a sede das bicicletas artesanais em madeira que já tanto furor fizeram na Alemanha.
Desde agosto 2013 até hoje, produziu 20 unidades em quatro diferentes tipos de modelos: city, semi-cruise, double e road. Testou-as e melhorou a técnica de construção com a ajuda da namorada lagoense Rita Perpetuo, designer gráfica, que ajudou a criar a marca e a dar projeção ao projeto.

Os quatro modelos estão disponíveis nas versões de homem ou mulher e todas são personalizáveis, feitas por medida e sob encomenda. Podem ser enviadas do Algarve para qualquer parte do mundo.
Uma característica comum é a opção do carpinteiro em construir o quadro a partir de madeira de freixo no exterior e mogno, cerejeira ou nogueira no interior.

Até agora, os clientes são sobretudo grandes empresas ou particulares. E para sua surpresa, de ambos os sexos, embora «no início eu pensasse que iria obter mais pedidos masculinos. Mas muitas mulheres ficam interessadas neste produto. A maioria das pessoas que me procuram gostam de materiais orgânicos como a madeira ou simplesmente têm um gosto extravagante e adoram causar uma boa impressão por onde passam. Afinal, isto é um produto único».

«Na Alemanha participei em feiras, exposições e fui entrevistado por várias vezes pelos media. Muitos dos meus clientes chegaram até mim por via destes canais. Depois, pediam-me para ver as bicicletas pessoalmente, testá-las um pouco, e depois sim, quase sempre decidem comprá-las».

«O que torna as minhas bicicletas únicas é a sua intemporalidade. Ao contrário da sociedade descartável e consumista que adquire uma boa bicicleta hoje e que daqui a pouco tempo já passou de moda ou já não é o modelo mais recente, as minhas bicicletas artesanais, cheias de carácter, mantêm-se sempre atuais e sempre na moda».
Quem pensar que são frágeis, desengane-se. São fáceis de reparar e manter. «Os meus quadros são feitos com 8 milímetros no exterior e são ocas por dentro. As bicicletas são sustentáveis e podem durar uma vida inteira. Um dos meus clientes que em 2014 comprou uma LJ Double Mountainbike, acaba de completar uma tour nos Alpes e está muito satisfeito com a sua companheira de viagem».
Também não será verdade pensar que uma bicicleta de madeira é demasiado pesada, ou que não pode ser conduzida à chuva. Pesam entre nove e 15 quilogramas e graças ao verniz de resina aplicado, são à prova de água, neve e raios UV. De acordo com o jovem carpinteiro, quem se atrever a fazer uma encomenda já, poderá ter a felicidade de a pedalar no próximo Natal.

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