Cada floresta pristina organiza-se e adopta uma sociedade de seres que dela dependem mas com ela interconectam-se em redes de energia e de matéria impensáveis e de uma liquidez económica incríveis.
Início da Levada dos Moínhos, Porto Moniz, Madeira (Foto de autor) |
A actual floresta indígena da Madeira, «na sua maioria, representada por árvores da família das lauráceas, no dragoeiro e nos fetos», existiu outrora no sul da Europa e bacia do Mediterrâneo, onde foram encontrados fósseis de espécies da floresta madeirense, tendo-se aí extinguido naturalmente. Interroga-se então, o porquê da extinção desta floresta nesse continente, e como terá podido sobreviver nestes arquipélagos atlânticos? E como vieram lá parar? Relativamente à primeira resposta, sabemos que, no final do Terciário verificou-se uma descomunal modificação no clima europeu, caracterizado por um gradual arrefecimento. Este abaixamento da temperatura surgiu na sequência da expansão em direcção ao sul da calote de gelo polar. Quase em simultâneo, começou a processar-se uma alteração climática na zona do norte de África, tornando-se aí o clima mais seco. Desta forma, a floresta subtropical do sul da Europa deixou de encontrar as condições climáticas ideais ao seu desenvolvimento sustentado, devido ao frio crescente vindo de norte e à aridez proveniente do sul, dando-se assim, início ao seu processo de recuo e consequente extinção. Quanto à segunda resposta julga-se que os arquipélagos atlânticos protegidos que estavam destas mudanças climáticas, devido à sua localização oceânica, serviram de “poiso” a determinadas aves que aqui “semearam” sementes originárias dessa mesma floresta do sul da Europa, também de África, e talvez de outros continentes.
De referir que, as aves que habitam a floresta da Madeira (Laurissilva), como por exemplo o pombo trocaz, são na sua maioria “comedores de sementes”.
De referir que, as aves que habitam a floresta da Madeira (Laurissilva), como por exemplo o pombo trocaz, são na sua maioria “comedores de sementes”.
Trocaz (Columba trocaz - foto via web) |
Uma das características principais da floresta indígena madeirense, nas suas espécies, que na sua maioria são de expressão sexual dióica, (necessitando de uma planta de sexo masculino para se reproduzirem), são produtoras de sementes, e por sua vez, esta interdependência “aves-versus-floresta”, também ajudou à consolidação da mesma. Por essa razão, o pombo trocaz é actualmente protegido, pois o mesmo se tornou, o grande “semeador” da floresta autóctone insular, designadamente a Laurissilva. Quanto às outras espécies de plantas, se chegam por cá poeiras do Deserto do Saara, arrastados pelos ventos de leste, também chegam outras sementes! Assim, a “floresta terciária” sobreviveu, persistindo até hoje! Esta, é considerada por muitos especialistas como uma floresta “fóssil vivo”, que acompanhou a história geológica das ilhas do Arquipélago da Madeira, ao longo de milhões de anos. A testemunhá-lo, foi o “achado” de fósseis de toros, “que se julga ser de barbusano”, entre camadas de tufo vulcânico e de alcatrão, por ocasião da perfuração do túnel para passagem da Levada do Norte na Encumeada de São Vicente, em 1947. Alguns destes exemplares, encontram-se actualmente no Museu Municipal do Funchal e no Museu da Electricidade "Casa da Luz".
A floresta da Madeira, particularmente a Laurissilva, é actualmente a mais extensa e a mais bem conservada dos arquipélagos atlânticos (Açores, Madeira, Canárias e Cabo Verde), que constituem a Macaronésia (regiões com características fitográficas e biológicas comuns), e por conseguinte pode-se afirmar que, a Madeira possui a melhor e mais extensa mancha de floresta Laurissilva do Mundo. A totalidade da área desta floresta, e dada a sua importância, foi recentemente classificada como Reserva Biogenética e incluída na rede europeia de Reservas Biogenéticas, sob a égide do Conselho da Europa. As Reservas Biogenéticas constituem áreas protegidas europeias onde ocorrem ecossistemas, biótipos e espécies únicos, raros ou ameaçados e característicos de uma dada região.
A floresta Laurissilva, é uma floresta “produtora” de água (pdf), que no caso da ilha da Madeira, e face à sua localização geográfica, com a cordilheira central perpendicular (oeste - leste) aos ventos predominantes de nordeste (os alíseos), carregados de vapor de água do oceano, impulsionados por correntes de ar ascendentes, chocam com as montanhas, e ao passar pela floresta, provocam a chamada precipitação oculta, e se for nos planaltos ou nos píncaros “assume” a designação de “horizontal”, onde predomina o Urzal de Altitude.
Na Madeira, existe mais água na vertente norte do que na vertente sul. Por esta razão se construíram canais de transporte de água, as levadas, que na sua maioria também "nascem" a norte, captando as nascentes aí existentes.
Uma visita imperdível é o Jardim Botânico do Funchal. Existem no Jardim duas áreas dedicadas à flora da Madeira; uma localizada na zona do arboreto, e outra, na secção sul do jardim, junto ao anfiteatro e à coleção de palmeiras e cicas.
Na coleção localizada no arboreto destacam-se as espécies arbóreas da Laurissilva da Madeira, tais como a Faia (Myrica faya), o Folhado (Clethra arborea), o Vinhático (Persea indica), o Til (Ocotea foetens) e o Loureiro (Laurus novocanariensis) e ainda outras espécies endémicas da Madeira e Macaronésia raras ou ameaçadas de extinção, nomeadamente o Mocano (Pittosporum coriaceum), o Dragoeiro (Dracena draco), o Jasmineiro (Jasminum azoricum), o Gerânio da Madeira (Geranium maderense) e Cheirolophus massonianus entre várias outras.
A coleção de espécies endémicas da Madeira visa dar a conhecer a flora do Arquipélago da Madeira. A coleção inclui exemplares de vários taxa endémicos, alguns dos quais raros e ameaçados de extinção. Destaca-se por exemplo Jasminum azoricum, Cheirolophus massonianus, Chamaemeles coriacea, Pittosporum coriaceum e Prunus lusitanica subsp. hixa). tem as espécies organizadas de forma a representar os vários níveis de vegetação da Madeira, desde a zona litoral até às altas montanhas da ilha. Nesta zona salienta-se as espécies raras Berberis maderensis e Pittosporum coriaceum.
Destaca-se ainda nesta coleção uma área de conservação ex situ de Aichryson dumosum, espécie endémica da Madeira e extremamente rara na Natureza. Neste espaço foi recriado o peculiar habitat desta espécie, que vive por entre amontoados de rochas basálticas em apenas uma localidade da ilha da Madeira.
Bibliografia e Sites Consultados
Diário da República, 1.ª série - N.º 179 - 15 de Setembro de 2006 (pdf), foi aprovada a “Estratégia Nacional para as Florestas”, inserida na “Estratégia Florestal da União Europeia”.
NEVES, Henrique Costa et al. (1996). Laurissilva da Madeira - Caracterização Quantitativa e Qualitativa. Secretaria Regional de Agricultura, Florestas e Pescas - Parque Natural da Madeira. Funchal.
OLIVEIRA, Paulo (1999). A Conservação e Gestão das Aves do Arquipélago da Madeira. Secretaria Regional de Agricultura, Florestas e Pescas - Serviço do Parque Natural. Funchal. Funchal.
PRADA, Susana- O Potencial do Nevoeiro como Recurso Hidrológico.
QUINTAL, Raimundo (2007)- Quintas, Parques e Jardins do Funchal, Estudo Fitogeográfico
Jardim Botânico da Madeira
José Lemos Silva Madeira-Gentes e lugares
Na Madeira, existe mais água na vertente norte do que na vertente sul. Por esta razão se construíram canais de transporte de água, as levadas, que na sua maioria também "nascem" a norte, captando as nascentes aí existentes.
Uma visita imperdível é o Jardim Botânico do Funchal. Existem no Jardim duas áreas dedicadas à flora da Madeira; uma localizada na zona do arboreto, e outra, na secção sul do jardim, junto ao anfiteatro e à coleção de palmeiras e cicas.
Na coleção localizada no arboreto destacam-se as espécies arbóreas da Laurissilva da Madeira, tais como a Faia (Myrica faya), o Folhado (Clethra arborea), o Vinhático (Persea indica), o Til (Ocotea foetens) e o Loureiro (Laurus novocanariensis) e ainda outras espécies endémicas da Madeira e Macaronésia raras ou ameaçadas de extinção, nomeadamente o Mocano (Pittosporum coriaceum), o Dragoeiro (Dracena draco), o Jasmineiro (Jasminum azoricum), o Gerânio da Madeira (Geranium maderense) e Cheirolophus massonianus entre várias outras.
A coleção de espécies endémicas da Madeira visa dar a conhecer a flora do Arquipélago da Madeira. A coleção inclui exemplares de vários taxa endémicos, alguns dos quais raros e ameaçados de extinção. Destaca-se por exemplo Jasminum azoricum, Cheirolophus massonianus, Chamaemeles coriacea, Pittosporum coriaceum e Prunus lusitanica subsp. hixa). tem as espécies organizadas de forma a representar os vários níveis de vegetação da Madeira, desde a zona litoral até às altas montanhas da ilha. Nesta zona salienta-se as espécies raras Berberis maderensis e Pittosporum coriaceum.
Destaca-se ainda nesta coleção uma área de conservação ex situ de Aichryson dumosum, espécie endémica da Madeira e extremamente rara na Natureza. Neste espaço foi recriado o peculiar habitat desta espécie, que vive por entre amontoados de rochas basálticas em apenas uma localidade da ilha da Madeira.
Bibliografia e Sites Consultados
Diário da República, 1.ª série - N.º 179 - 15 de Setembro de 2006 (pdf), foi aprovada a “Estratégia Nacional para as Florestas”, inserida na “Estratégia Florestal da União Europeia”.
NEVES, Henrique Costa et al. (1996). Laurissilva da Madeira - Caracterização Quantitativa e Qualitativa. Secretaria Regional de Agricultura, Florestas e Pescas - Parque Natural da Madeira. Funchal.
OLIVEIRA, Paulo (1999). A Conservação e Gestão das Aves do Arquipélago da Madeira. Secretaria Regional de Agricultura, Florestas e Pescas - Serviço do Parque Natural. Funchal. Funchal.
PRADA, Susana- O Potencial do Nevoeiro como Recurso Hidrológico.
QUINTAL, Raimundo (2007)- Quintas, Parques e Jardins do Funchal, Estudo Fitogeográfico
Jardim Botânico da Madeira
José Lemos Silva Madeira-Gentes e lugares
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