Leonardo Boff não é somente um teólogo limitado às questões do mundo metafísico da religião, é também filósofo e escritor que interpreta de forma muito particular a vida política brasileira (e internacional). “No mundo inteiro há uma ascensão da direita. E a direita não tem sonhos, só tem força e violência. (…) Vocês são aqueles condenados a ter sonhos, porque vocês são violados, desprezados e humilhados. E a defesa de vocês é sonhar um outro mundo, não só diferente, mas um mundo necessário.”
Leonardo Boff esteve em Curitiba esta semana e conversou com Popolo Filmes sobre conjuntura política, a ascensão da direita e a resistência dos movimentos sociais, o futuro da América Latina e o nosso papel na luta contra o neoliberalismo no continente.
“A gente não deve esquecer que durante trinta anos vivemos no inverno eclesial. Dois Papas conservadores que pregavam doutrinas. E esse Papa vem e diz: “Jesus não veio criar uma religião, tinha muitas na época. Ele veio nos ensinar a viver, sermos solidários, um perdoar o outro. Criar uma rede de vontade de transformação do mundo". Essa ideia vem confirmar tudo o que a Teologia da Libertação há trinta anos vem dizendo. (…) E está escandalizado os europeus que dizem: "Agora quem assessora os Papas são os teólogos da libertação!"
"Esse golpe está desmontando a nação. E está penalizando principalmente os pobres, os trabalhadores. (…) É um golpe de classe que usou o parlamento, usou a justiça, para novamente ocupar o Estado e para se beneficiar dos grandes projetos nacionais, fragilizar todos os movimentos sociais e difamar as lideranças. (…) É um golpe contra o povo brasileiro."
“Nós podemos fazer essa Frente Ampla. Porque se não fizermos eles vão realizar o projeto deles até o fim. Desmontando a nação, fazendo dela um agregado menor, associada ao grande império, perdendo a nossa soberania, um projeto nosso. E somos um dos poucos países do mundo que pode ter um projeto soberano pela riqueza ecológica, pelas águas, por um povo inteligente e criativo aberto ao mundo. Nós temos todas as condições. E somos a sétima economia do mundo, com um mercado interno enorme, capacidade de industrialização… mas mais ainda de criar uma produção ligada a natureza, que respeito os ciclos. (…) Nós não podemos renunciar a essa base que nos permite um país soberano, aberto ao mundo, que pode ser a mesa posta para as fomes do mundo inteiro.”
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