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domingo, 18 de janeiro de 2015

Documentário "Sobrevivendo ao Progresso"



"A ascensão da Humanidade é geralmente medida pela velocidade do progresso. Mas e se o atual progresso estiver nos prejudicando, em direção ao colapso? Ronald Wright, autor do best-seller "A Short History Of Progress" (A Breve História do Progresso), que inspirou este documentário, mostra como as civilizações do passado foram destruídas pelas "armadilhas do progresso" - tecnologias fascinantes e sistemas de crença que atendem a necessidades imediatas, mas comprometem o futuro.
Com a pressão sobre os recursos mundiais aumentando e as elites financeiras levando nações ao fundo do poço, poderá nossa civilização globalizada escapar da catástrofe - a "armadilha do progresso" final?
Através de imagens marcantes e insights iluminadores, de pensadores que investigaram nossos genes, cérebros e comportamento social, este réquiem do modelo de progresso usual também propõe um desafio: provar que tornar macacos mais inteligentes não é um beco sem saída evolucionário."

"Tudo que o homem não conhece não existe para ele. Por isso o mundo tem, para cada um, o tamanho que abrange o seu conhecimento."
(Carlos Bernardo González Pecotche)
"Um povo ignorante é um instrumento cego da sua própria destruição."
(Simón Bolivar)

Sobrevivendo ao Progresso, 
por  Maria Luísa Monteiro Franco, 10 Dezembro, 2014 

O que é o progresso? É a pergunta que nos lança no início desta narrativa. Por entre vários testemunhos de diferentes pontos do mundo e através de uma variedade de imagens simbólicas ficamos a par de temas que vão desde a ciência evolutiva à história das sociedades, dos serviços de ecossistemas à biologia sintética. Ronald Wright, autor de A Short History of Progress começa por introduzir-nos ao conceito de “armadilhas do progresso”. São as novas tecnologias que, aparentando ter bons resultados a curto prazo, a longo prazo se tornam insustentáveis. É-nos dado um exemplo: os nossos antepassados que descobriram como matar 2 mamutes de uma só vez fizeram progresso mas aqueles que descobriram como matar 200 mamutes com apenas uma derrocada puseram em risco o seu próprio recurso de subsistência. 

 “Desde a queda do Império Romano à viagem de Colombo, demorou 13 séculos para adicionar 200 milhões de pessoas à população mundial. Agora é necessário apenas 3 anos” diz-nos a dada altura o filme. No entanto uma grande fatia da população não tem ainda acesso ao nível de vida ocidental, ao qual aspira. A procura potencial de recursos é assim enorme. Se, por um lado, são finitos os recursos que sustentam este nível de consumo a que estamos habituados e a que muitos mais aspiram, por outro lado, a economia que os gere tem estado desligada desta realidade. O Congo e a floresta da Amazónia são dois dos casos que ilustram como “os grandes” olham os recursos naturais dos países mais pobres: são meros activos que estes países podem vender, retirando aos povos a possibilidade de se auto-sustentarem, ao mesmo tempo que não contribuem para a criação de instituições locais fortes. 
  
Já a propósito da Globalização, Robert Wright, autor de A Lógica Do Destino Humano, diz que “alguns podem ter medo do momento actual, porque pela primeira vez existe apenas um sistema. Portanto se tudo desaba, não teremos o que tivemos nos colapsos anteriores. Mesmo que uma civilização fosse abaixo e demorasse a recuperar, havia outras civilizações, as guardiãs do progresso.” 

Como poderemos então escapar? Para o biólogo Creig Venter a solução está na biologia sintética. Creig investiga formas de desenvolver combustíveis a partir de algas, plantas que possam crescer em lugares desertos ou mesmo novas fontes de alimentos. Defende que estamos limitados apenas pela nossa imaginação e que “um dos desafios da espécie humana é que cada vez mais somos como deuses”. Do outro lado da moeda temos a visão de Jim Thomas, autor de Os Novos Biomestres: “A biologia sintética é uma armadilha do progresso por excelência” e acrescenta “no fim os micróbios vão acabar a rir, porque a vida não funciona assim”. Este aponta o sistema de superprodução e de consumo excessivo como a raiz dos problemas globais. 

Quem, por fim, nos vem falar de limites é Enio Beata: “o que essencialmente altera o jogo as pessoas não querem ouvir: temos de consumir menos”! Ao sublinhar que as pessoas pobres precisam de mais, e que quanto a isso não há argumento contra, todo o seu discurso dirige-se a nós. Realça o lado difícil desta mudança de paradigma mas não deixa de dizer de forma veemente: “para mim este é o único começo”. 

Descendo de escala, ao nível do consumidor individual, chegamos ao exemplo de Colin Beavan, autor do projecto Zero Impacto. Sentado no seu despojado apartamento conta-nos como iniciou este projecto com um pequeno grupo de pessoas, na cidade de Nova York. Durante um ano, este grupo experimentou um estilo de vida baseado num baixo nível de consumo, reduzido ao essencial. 

Afinal, se a nível global as mudanças são lentas, a nível local podemos ir fazendo a diferença. Foi esta a discussão gerada após o filme, na escola de verão do a Terra. Como dizia Enio Beata, ser contra-corrente pode ser difícil mas é o único começo. O que posso começar por mudar hoje? 

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