Fonte: Revista Galileu, 31/7/14 |
Há tempos os cientistas vêm buscando uma alternativa aos testes em animais – além da questão ética derivada do sofrimento das cobaias, a própria comunidade científica reconhece sua ineficiência. O motivo? Na maior parte das vezes, o funcionamento do organismo de um rato ou de um coelho se mostra diferente do metabolismo humano. Mesmo sendo parecidos estruturalmente com outros mamíferos, nós somos muito mais complexos. A recém-criada startup Emulate promete aposentar de vez a técnica, por meio de um chip que reproduz com fidelidade a fisiologia dos órgãos humanos.
Até o momento, os cientistas conseguiram reproduzir com sucesso pulmão, fígado, intestino, rim e medula óssea, mas garantem que os microchips são adaptáveis a todos os órgãos. A meta é, eventualmente, recriar o corpo humano inteiro com os chips, integrados em um sistema que contenha fluido com células imunológicas. Assim, será possível avaliar efeitos bioquímicos, metabólicos e genéticos de um novo fármaco em células específicas e também suas consequências no organismo como um todo.A tecnologia recebeu o nome de Organs-on-Chips (Órgãos-em-Chips), e foi desenvolvida por uma equipe de bioengenheiros do Instituto Wyss, ligado à Universidade de Harvard. Basicamente, são dispositivos miniaturizados que contêm minúsculos canais preenchidos com células e tecidos humanos vivos, cultivados em um fluido que garante as mesmas condições do corpo humano. “A plataforma fornece, pela primeira vez, uma janela para dentro do funcionamento interno dos órgãos humanos, sem a necessidade de invadir um corpo vivo”, disse em comunicado James Coon, CEO da nova empresa e também um dos membros do grupo de Harvard.
Além de tornar obsoletos os testes em animais e garantir resultados muito mais rápidos e seguros, a tecnologia pode também proporcionar avanços significativos na área de medicina personalizada. “Isso vai abrir novos caminhos para desenharmos tratamentos com células-estaminais verdadeiramente personalizados, baseados no perfil genético único de cada paciente, contido em seus próprios e individualizados Órgãos-em-Chips”, disse Shlomo Melmed, do hospital Cedars-Sinai, um dos financiadores da iniciativa.
Neste vídeo em inglês, os bioengenheiros falam sobre a tecnologia e seus potenciais. Confira no sítio da revista.
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