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quarta-feira, 19 de outubro de 2011

Quem deu o nome a África?


A África é uma Península triangular ligada à Ásia pelo istmo de Suez cortado pelo canal do mesmo nome. Limitada ao Norte pelo Mar Mediterrâneo, ao Sul pelos Oceanos, Atlântico e Índico, ao Leste pelo Mar Vermelho e Oceano Índico e ao Oeste pelo Oceano Atlântico. É o segundo maior continente do mundo. É 3 vezes maior que a Europa, 4 vezes maior que o Brasil e 412 vezes maior que Portugal continental. Tem uma área de 30.27 milhões km2, perdendo apenas para o continente Asiático que tem de superfície 44.30 milhões km2.
A divisão política do continente africano compreende 53 países independentes, com uma população total estimada hoje em mais de 681 milhõesde seres humanos. Mas, a curiosidade que caracteriza este pequeno artigo,não se prende tão somente aos dados da situação geográfica do continente nem aos dados demográficos acima descritos, pois a maioria de nós já tem/temos conhecimento dos mesmos nos bancos escolares, pelo menos os que tiveram a oportunidade de ter uma instrução um pouco mais extensa. África! O que vem a significar esta palavrinha de 6 letras que na classificação da língua portuguesa é uma palavra tónica por possuir um acento que se pronuncia com mais intensidade; trissilábica, por possuir três sílabas e proparoxítona, por ter o acento tónico na antepenúltima sílaba?

Eis a questão!

É de extrema importância ressaltar antes de tudo que, o nome do nosso continente não foge à regra, pois a maioria dos nomes de países que hoje constituem o continente negro, embora oriundos de palavras genuinamente locais, surgiu/surgiram dos primeiros contactos dos colonizadores com as populações autóctones. Podemos dizer, de um mal-entendido linguístico. O nativo, indagado alguma coisa assim : Como se chama? Como se chama este lugar? Ele, sem entender absolutamente nada, responde algo que lhe pareceu ter sido perguntado, associando o som ouvido à palavra que conhece. E, o inquiridor, que também desconhece totalmente a língua do aborígene e, ávido de ter uma resposta, capta o som, balbucia a palavra e escreve de sua form ao som ouvido sem mais nem menos. O que importa é algo registado!
A palavra África deriva de Avringa ou Afrig, nome da tribo Berbere que na antiguidade habitava o Norte do continente. Os berberes são descendentes dos antigos Númidas que habitavam a região chamada Numídia, entre o país de Cartago e actual Mauritânia, conquistada pelos romanos ao rei Jugurta, cuja capital era a cidade de Cirta, hoje Constantina, na Argélia.
Também se obtem África de Pharikia que quer dizer país dos frutos locução do império romano e mantida pelos muçulmanos. Começou a ser usado pelos romanos a partir da conquista da cidade de Cartago para designar províncias a Noroeste do Mar Mediterrâneo africano, onde hoje situam-se a Tunísia e a Argélia. Recorda-se que Cartago foi uma das famosas cidades de antiguidade da África. Foi fundada no séc.VII a. C. pelos Fenícios, sob a direcção da Princesa Tiriana Dido ou Elisa, filha de Muto, rei de Tiro, (actual cidade de Sur no Líbano) que após a morte do seu marido Siqueu, fugiu para a África e fundou a cidade de Cartago numa península, perto da qual se encontra hoje a cidade de Túnis, capital da Tunísia. Em pouco tempo, Cartago tornou-se capital de uma poderosa república marítima, substituindo-se a cidade de Tiro no Ocidente. Criou colônias na Sicília e na actual Espanha. Enviou navegadores ao Atlântico Norte. Entretanto, as colónias cartagineses na Sicília suscitaram vistas ambiciosasdos romanos que cultivaram uma ferrenha rivalidade que culminou com as 3 guerras chamadas Púnicas.
No final da 2ª guerra púnica, os romanos conseguiram apoderar-se da bela e sumptuosa cidade de Cartago, sob o comando de Cipião - o Africano, apesar dos esforços empreendidos por Aníbal para impedir que os romanos apoderassem dela. Cartago restabeleceu-se dessa derrota, mas foi definitivamente destruída na 3ª guerra púnica, por Cipião Emiliano. Reconstruída pouco depois, floresceu novamente do séc. I a VI da nossa era e foi uma verdadeira capital da África romana. Mas, no ano 698 caiu nas mãos dos árabes e começou a decadência.
O bispo Isidoro, de Sevilha, no séc. VI, no seu dicionário de etimologia, diz que, em latim, Aprica, significa ensolarado.
O historiador Leo Africanus (1488-1554), de Marrocos, sugere Apriké, isento de frio. E cita uma tradição, segundo a qual, Africus, uma chefe do Iémen, invadiu o Norte de África, no 2º milénio a.C. e aí fundou uma cidade: Afrikyah.
Por fim, no século XVI, com a necessidade dos Europeus de avançarem para o interior e para o sul do continente negro, o nome África generalizou-se para todo o continente que passou a chamar-se de "África".
A palavra África significa também: façanha, proeza, valentia, algo difícil de se realizar. Este segundo e pseudo significado, embora recheado de um certo preconceito de um lado, de outro dignifica-nos como africanos, pois mostra a nítida resistência à penetração estrangeira no interior do nosso continente e traduz a realidade verdadeira da época. Foi dado pelos Europeus expedicionários, principalmente os portugueses, como consequênciadas enormes dificuldades que tiveram em penetrar no interior do continente.
A resistência dos nativos causava aos estranhos e indesejáveis visitantes,baixas humanas e muitas vezes retrocediam à face das dificuldades e perigode serem dizimados pelo inimigo que eles mal conheciam e o pior de tudo,conheciam mal o seu terreno.Por isso, todos aqueles que se dispusessem a fazer parte das chamadas expedições em África eram considerados destemidos e valorosos militares,dispostos "a fazer uma África" isto é, a mostrar sua coragem, a guerrearem, enfrentando o incerto ou inimigo desconhecido. Portanto, estavamdispostos a "meter uma lança em África", que significa dizer, levar a cabo uma empresa difícil.

(Adaptado de  didinho.no.sapo.pt e Audácia, nº 477-Setembro 2010)

1 comentário:

1) Identifique-se com o seu verdadeiro nome e sem abreviaturas.
2) Seja respeitoso e cordial, ainda que crítico.
3) São bem-vindas objecções, correcções factuais, contra-exemplos e discordâncias.