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quarta-feira, 26 de outubro de 2011

Poema do BioTerra - Nevoeiro, por Fernado Pessoa




Tenho em mim como uma bruma
Que nada é nem contém

A saudade de coisa nenhuma,

O desejo de qualquer bem.

Sou envolvido por ela

Como por um nevoeiro

E vejo luzir a última estrela

Por cima da ponta do meu cinzeiro.

Fumei a vida. Que incerto

Tudo quanto vi ou li!

E todo o mundo é um grande livro aberto

Que em ignorada língua me sorri.

Fernando Pessoa (16/07/1934)

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