Todos os dias usamos materiais da Terra sem pensar e de graça. Mas se tivéssemos que pagar por seu valor real, isto nos faria mais cuidadosos sobre o que usamos e gastamos? Pense em Pavan Sukhdev como um banqueiro da natureza, que avalia as riquezas naturais da Terra e mensura valores para cada elemento natural. Nesta palestra do TED Global, ele apresenta gráficos reveladores que farão você pensar de uma forma diferente sobre o custo do ar, água, árvores e outros seres do planeta.
“Estou aqui para falar para vocês sobre a invisibilidade económica da natureza. A má notícia é que o setor de cobrança da Mãe Natureza ainda não funciona, então as faturas não são emitidas. Mas precisamos fazer algo sobre este problema”, diz o palestrante, que faz parte do projeto TEEB, criado em 2007 para medir o quanto de capital natural estava sendo perdido (na ordem de US$ 2 triliões a US$ 3 triliões) e o que pode ser feito para frear isso.
Ao longo da palestra, Sukhdev cita exemplos de invisibilidade económica da natureza, como as chuvas geradas pela floresta amazónica que mantêm a agricultura de países como Uruguai, Paraguai, Argentina e Brasil, sem receber nada em troca, ou ainda a polinização feita por insetos como as abelhas, responsável por 8% do total da produção agrícola mundial.
“A invisibilidade económica da natureza não pode continuar, porque incentivo e desincentivo económicos são muito poderosos. A economia tornou-se a moeda das políticas públicas. E a menos que tratemos dessa invisibilidade, teremos os resultados que nós vemos agora, que são a perda e degradação progressiva desse valioso bem natural”, diz Pavan Sukhdev.
Para o palestrante, essa falta de preocupação com os recursos naturais acontece por causa de uma inabilidade dos homens de perceber a diferença entre benefícios públicos e lucros privados. “Nós constantemente tendemos a ignorar a riqueza pública, simplesmente porque é uma riqueza comum, são bens comuns”, diz ao citar o exemplo de um mangue na Tailândia que, utilizado como fazenda da camarão valeria 16 vezes mais do que se mantido intacto. Porém, ao incluir os custos de recuperação da área degradada e benefícios naturais do mangue, a diferença é invertida para a casa dos 200%.
“Eu penso que a primeira coisa a fazer é reconhecer o capital natural. Basicamente, a matéria da vida é o capital natural, e precisamos reconhecer e criar isto em nossos sistemas. Quando medimos o PIB como índice de performance económica em nível nacional, não incluímos nossa maior riqueza em termos de país. Quando medimos performances corporativas, não incluímos nosso impacto na natureza e o que nosso negócio custa à sociedade. Isto tem que parar”, afirma Pavan Sukhdev.
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