A falta de saúde reduz a produtividade e o rendimento, o que por sua vez agrava os problemas de saúde, porque as pessoas não têm rendimentos para uma alimentação, habitação e tratamento adequados. A SIDA em particular tem um impacto de grande alcance, modificando o tecido social e económico da sociedade africana, dado que as suas vítimas se encontram frequentemente nos seus anos mais produtivos.
Tanto os países ricos como os países pobres estão mais seguros e são mais saudáveis quando previnem as doenças transmissíveis de fácil propagação transfronteiriça. Embora lutar contra estes fenómenos de saúde globais seja um desafio tremendo, o esforço concertado dos doadores e beneficiários de Ajuda Pública para o Desenvolvimento (APD) mostrou-se eficaz no passado: a varíola foi erradicada e a poliomielite já não assola a América Latina e as Caraíbas.
Situação actual
Todos os dias, cerca de 7.500 novas pessoas são infectadas pelo vírus VIH e 5.500 morrem de SIDA, sobretudo devido à falta de tratamentos para a doença. Estima-se que no final de 2007, 33.2 milhões de pessoas estavam infectadas pelo VIH, o que demonstra uma redução de 16% comparada com a estimativa de 2006: 39.5 milhões; deram-se 2.7 milhões de novas infecções e observaram-se 2 milhões de mortes relacionadas com a SIDA, sendo que 96% dos novos casos ocorreram nos países em desenvolvimento. Apenas uma em cada cinco pessoas é abrangida por programas de prevenção e, embora a terapêutica anti-retroviral dê esperança aos infectados, cinco a seis milhões de pessoas em países de baixo ou médio rendimento ainda necessitam de tratamento. A epidemia está a aumentar em certas zonas da Ásia.
Em 2006 observaram-se 247 milhões de casos de malária em todo o mundo, a maioria dos quais em África, contabilizando 86% de todos os casos mundiais ( no restante, 9% no Sudeste Asiático e 3% no Leste Europeu mediterrânico). Estima-se cerca de 881 mil mortes devido à malária em 2006, das quais 90% foram em território africano e 4% no Sudeste Asiático e outros 4% nas regiões do leste mediterrânico. Há mais progressos na prevenção da malária do que no seu tratamento. Estima-se que 85% das mortes vitimou crianças com menos de cinco anos de idade. Numa análise a 22 países da África Subsariana, contabilizando-se quase metade da população da região, verificou-se que a proporção de crianças que receberam tratamentos anti-malária caiu de 41% em 2000 para 34% em 2005.
Em 2006, a tuberculose causou a morte a 1,7 milhões de pessoas e as taxas de infecção estão a aumentar quase 1% por ano. No mesmo ano, 14.4 milhões de pessoas estavam infectadas, incluindo 9.2 milhões de novos casos. Estes aumentos são justificados, em parte, pelo aumento da população mundial. Nas regiões em desenvolvimento, o número de novos casos de tuberculose por 100 mil habitantes aumentou em 2004, e depois caiu 0.7% entre 2005 e 2006. Se esta tendência se mostrar constante globalmente, a incidência da tuberculose pode ser parada e invertida antes de 2015.
O que falta fazer
A melhoria da saúde mundial requer a cooperação de todos. Os países pobres devem combater o estigma, melhorar o rigor dos dados relativos a taxas de infecção e ainda conceber estratégias agressivas de prevenção e de tratamento. Falta ainda:
1. implementar uma abordagem multissectorial a longo prazo e que assente em planos nacionais contra a SIDA;
2. reforçar as ligações entre as intervenções relacionadas com o VIH/SIDA e os cuidados de saúde sexual e reprodutiva, a fim de reduzir os comportamentos de risco e as infecções sexualmente transmissíveis;
3. aumentar o acesso aos preservativos, tanto masculinos como femininos;
4. garantir um financiamento previsível e sustentável;
5. executar programas de prevenção do VIH em grande escala e garantir o acesso universal ao tratamento do VIH/SIDA por parte dos homens e das mulheres;
6. criar sistemas de saúde nacionais viáveis, que garantam uma cobertura universal dos cuidados básicos, que prestem serviços de qualidade e que retenham pessoal de qualidade;
7. aumentar substancialmente os fundos destinados à investigação e ao desenvolvimento de medicamentos;
8. aumentar o financiamento aos programas da OMS para combater a tuberculose e a novas actividades de investigação sobre uma vacina;
9. assegurar um financiamento de intervenções fundamentais no contexto da parceria “Fazer Recuar a Malária”, a fim de pôr termo à mortalidade imputável a esta doença até 2010, em África;
10. atribuir fundos suplementares à parceria mundial a favor de medicamentos essenciais a custos acessíveis.
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