Nos anos de 1986 e 87, a jornalista Antónia de Sousa gravou uma série de conversas com o pensador Agostinho da Silva, «pautadas de reflexões mas também de muitos risos». São estas conversas, que até hoje permaneceram inéditas, que compõem o volume agora dado à estampa. Um livro indispensável, uma ""leitura fascinante"" de Portugal e dos portugueses, dos mitos fundadores da nacionalidade e da identidade nacional, às figuras e às obras de gente como o Pe. António Vieira ou o poeta Fernando Pessoa, que ajudaram a definir o país que somos e que sonhámos.
De alguma forma, Agostinho vai repetindo, completando e consolidando as suas ideias através do que vai escrevendo, das entrevistas que vai dando. Mais uma vez nos surge a ideia dos desígnios lusíadas assente em autores e ideias chave que se vão desenvolvendo desde a formação do país.
Desde logo, a primeira dinastia e a definição das fronteiras continentais de Portugal, onde se realça a herança de São Bernardo e da Ordem de Cister a que pertencia; depois, D. Dinis e sua mulher Rainha Isabel de Aragão, mais a importância da proteção à Ordem do Templo ao arrepio da vontade do Papa, e à instituição no país do culto popular do Espírito Santo, culto a que Agostinho da Silva dá extrema importância para o futuro do país, tudo numa organização política e económica que privilegiava o comunitarismo medieval, período em que se institui a Língua Portuguesa e se funda a marinha que depois irão às descobertas; em seguida salienta-se Luís de Camões e muito particularmente o Canto IX dos Lusíadas, “A Ilha dos Amores”, em que o nosso autor, encontra na sua essência um sentido equivalente à ideia de “Quinto Império”, aos seus objetivos últimos, que foi desenvolvida pelo Padre António Vieira; e da mesma forma se refere à ideia de “Quinto Império” que é prosseguida e desenvolvida por Fernando Pessoa, muito embora pesem as suas particularidades.
Para Agostinho da Silva, por detrás de todas elas a mesma essência, o ideal cristão de construção do Reino de Deus entre os homens, ou numa palavra, da conquista de uma eternidade que nos espreita e se esconde. Essa mesma eternidade, ou “iluminação”, que é de todo equivalente nalgumas filosofias orientais, sobretudo no Budismo Zen e no Taoísmo, que ele não para de relevar.
Tese de Doutoramento: "Agostinho da Silva: Filosofia e Espiritualidade, Educação e Pedagogia" de Luís Carlos Rodrigues dos Santos
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