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domingo, 2 de julho de 2006

Cachimbo da Paz



Os festivais de Verão estão aí. Há um que é bastante inovador, o Boom(Eco)Festival.  O Boom estabeleceu um protocolo com uma entidade brasileira (Ecocentro IPEC - Instituto de Permacultura e Ecovilas do Cerrado) e vai pôr em prática a auto-sustentabilidade: os dejectos humanos do público irão ser tratados e convertidos em fertilizante natural para a agricultura da região de Idanha-a-Nova; a água dos chuveiros será reutilizada após tratamento biológico; cada 5 kg de lixo entregue à organização será trocado por senhas de refeição e, claro, haverá eco-pontos. Estes são apenas alguns exemplos das políticas ecológicas do Boom.
Tudo porque um evento deve ser de celebração mas também de aprendizagem, e um dos assuntos mais prementes na actualidade é a consciência ecológica- realça a organização.
Festas mais sustentáveis e ecológicas sou sempre a favor! Talvez esta ideia possa um dia chegar aos festivais de rock que já vêm sendo habituais na Primavera e Verão em Portugal. Só faltam as respectivas organizações acordarem para o assunto e os participantes colaborarem, claro.
Por falar em auto-sustentabilidade, visitem as
Oficinas Verdes já existentes em algumas Universidades Espanholas. Um exemplo a seguir. A mais próxima fica em Vigo.
Também estou muito contente com a criação da RedeInbio. Uma ideia excelente. Esperemos que se dê realmente saltos evolutivos na cultura académica em Portugal e que as universidades portuguesas e os pólos de investigação se adaptem em comunicações mais abertas e que se criem sinergias para decisões cada vez mais urgentes como são a inventariação centralizada da biodiversidade e sua conservação e avaliação dos projectos de investigação em curso entre pares e a um maior envolvimento desejável de toda a população.

SOBRE O CONFLITO AMBIENTE E ECONOMIA, em Portugal

As duas últimas semanas não têm sido fáceis para o Ambiente em Portugal. Ataques previsíveis de alguns autarcas e de um núcleo de empresários que, a braços com atrasos em relação às metas de Quioto, escolhem os ambientalistas e os vigilantes da Natureza como bode expiatório para a crise económica que actualmente vivemos.
Portanto o mais importante é prosseguirmos a nossa jornada, pois sabemos que se numa década os norte-americanos colocaram o Homem na Lua, também os portugueses se forem determinados, estarão a cumprir, com determinação, os
Objectivos do Milénio.
A melhor via para essa determinação não é a arrogância, nem o culto da personalidade, nem a boçalidade, mas sim a abertura e o genuíno debate público. Só criam mais crises, mais medos e implosão. Dão sinais exteriores péssimos. Portugal pertence a uma enorme globalidade. Tem laços internacionais, que deles depende e muito, mas pode ser Exemplo. Pelo seu passado, pela garantia de preservar o seu património natural (fauna e flora) frutos de uma geografia e geologia únicas e responsáveis em grande parte pelo sua cultura muito plural e diversificada. Está uma óptima altura para a Pacificação. Podemos fazer a Paz. Não é só com manifestações desportivas, musicais e poéticas...É no dia a dia. Com os instrumentos que temos ao nosso dispôr: legislativos, jurídicos, ecopolíticos e ecoeconómicos, programas, e protocolos internacionais, educativos, médicos,etc..A pacificação no nosso País é possível. E ela está na determinação de todos em cumprirmos, nesta década, os Objectivos do Milénio.

Relembro aqui o tema Cachimbo da Paz, que o cantor brasileiro intervencionista rapper Gabriel Pensador trouxe na quinta edição do Portugal Eléctrico em Matosinhos. Tive o prazer de dançar este tema ao vivo (quase) lado a lado com o Gabriel Pensador em Matosinhos....e viver uma maresia de pessoas de todas as idades, profissões, proveniências....todos juntos!!!Uma noite de sonho....

Cachimbo da Paz - Gabriel Pensador


MÚSICA

LETRA

A criminalidade toma conta da cidade
A sociedade põe a culpa nas autoridades
O cacique oficial viajou pro Pantanal
Porque aqui a violência tá demais
E lá encontrou um velho índio que usava um fio dental e fumava um cachimbo da paz
O presidente deu um tapa no cachimbo e na hora de voltar pra capital ficou com preguiça
Trocou seu pallitó pelo fio dental e nomeou o velho índio pra ministro da justiça
E o novo ministro, chegando na cidade, achou aquela tribo violenta demais
Viu que todo cara-pálida vivia atrás das grades e chamou a tv e os jornais
E disse: Índio chegou trazendo novidade Índio trouxe cachimbo da paz
Maresia, Sente a maresia Maresia ...
Apaga a fumaça do revólver, da pistola
Manda a fumaça do cachimbo pra cachola
Acende, puxa, prende passa Índio quer cachimbo, índio quer fazer fumaça
Todo mundo experimenta o cachimbo da floresta
Dizem que é do bom Dizem que não presta Querem proibir, querem liberar
E a polêmica chegou até o congresso.
Tudo isso deve ser pra evitar a concorrência
Porque não é Hollywood mas é o sucesso
O cachimbo da paz deixou o povo mais tranquilo
Mas o fumo acabou porque só tinha oitenta quilos
E o povo aplaudiu quando o índio partiu pra selva e prometeu voltar com uma tonelada
Só que quando ele voltou Sujou!!
A polícia federal preparou uma cilada - O cachimbo da paz foi proibido Entra na caçamba, vagabundo! Vâmo pra DP!
Ê, ê, ê, ê! Índio tá fodido porque lá o pau vai comer!
Maresia, Sente a maresia Maresia ...
Apaga a fumaça do revólver, da pistola
Manda a fumaça do cachimbo pra cachola
Acende, puxa, prende passa Índio quer cachimbo, índio quer fazer fumaça
Na delegacia só tinha viciado e delinquente
Cada um com um vício e um caso diferente
Um cachaceiro esfaqueou o dono do bar porque ele não vendia pinga fiado
E um senhor bebeu uísque demais, acordou com um travesti e assassinou o coitado
Um viciado no jogo apostou a mulher, perdeu a aposta e ela foi sequestrada
Era tanta ocorrência, tanta violência, que o índio não tava entendendo nada
Ele viu que o delegado fumava um charuto fedorento e acendeu um da paz pra relaxar
Mas quando foi dar um tapinha levou um tapão violento e um chute naquele lugar
Foi mandado pro presídio e no caminho assistiu um acidente provocado por excesso de cerveja:
Uma jovem que bebeu demais atropelou o padre e os noivos na porta da igreja
E pro índio nada mais faz sentido
Com tantas drogas porque só o seu cachimbo é proibido?
Maresia, Sente a maresia Maresia ... Apaga a fumaça do revólver, da pistola Manda a fumaça do cachimbo pra cachola Acende, puxa, prende passa Índio quer cachimbo, índio quer fazer fumaça
Na penitenciária o índio fora da lei conheceu os criminosos de verdade
Entrando, saíndo e voltando cada vez mais perigosos pra sociedade
Aí cumpádi, tá rolando um sorteio na prisão
Pra reduzir a superlotação todo mês alguns presos tem que ser executados
E o índio dessa vez foi um dos sorteados
E tentou acalmar os outros presos:
Peraí, vâmo fumar um cachimbinho da paz ...
Eles começaram a rir e espancaram o velho índio até não poder mais

E antes de morrer ele pensou: Essa tribo é atrasada demais ...                                                     
Eles querem acabar com a violência, mas a paz é contra a lei e a lei é contra a paz
E o cachimbo do índio continua proibido
Mas se você quer comprar é mais fácil que pão
Hoje em dia ele é vendido pelos mesmos bandidos que mataram o velho índio na prisão.

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