Feliz Dia do Professor no Mundo Happy World Teachers' Day
Durante as próximas intervenções vou falar dos meus professores. Quem foram, de que modo influenciaram a minha forma de ver a vida...os modelos de ensino que proporcionaram...as batalhas que partilharam com os seus alunos nalguns períodos trágicos ou espectaculares do colectivo nacional e internacional...E que lições maravilhosas me deram em Educação Ambiental também (não havia o conceito, mas faziam-na)....Falar deles no Bioterra é o meu reconhecimento pessoal, é o negar o esquecimento e é (mais) um testemunho de que o mundo não pode viver sem Educação e os seus agentes...
Lembro-me daquela figura franzina, alegre e o sorriso da Professora Anaíde, dos meus tempos da Escola Primária.Jovem, muito dinâmica, paciente com as brincadeiras e partidinhas dos rapazes e extremamente delicada quando aquelas perguntas mais feias: de onde nasciam os meninos e meninas? porque é que só os homens podiam ser padres? porque é que os padres não se casavam? Em resposta ao desafio (pois o aluno pretendia a confusão ou o riso matreiro da pequena partidinha), respondia a professora que iria consultar os livros para esclarecer as dúvidas levantadas. E assim era. Reunia-se com o aluno, um pouco antes de entrarmos na aula e em poucos minutos esclarecia a dúvida.
Ainda hoje e, apesar de conhecer várias teorias de Didáctica, recorro ao seu modelo...
Mas o que dela agradeço foi quando chegou Abril de 1974. Tinha apenas 8 anos.Com a Professora Anaíde houve sempre festa e o hino nacional cantado nas nossas aulas até ao final do ano foi substituído por Somos livres, de Ermelinda Duarte:
Ontem apenas
fomos a voz sufocada
dum povo a dizer não quero;
fomos os bobos-do-rei
mastigando desespero.
Ontem apenas
fomos o povo a chorar
na sarjeta dos que, à força,
ultrajaram e venderam esta terra, hoje nossa.
Uma gaivota voava, voava,
asas de vento,
coração de mar.
Como ela, somos livres,
somos livres de voar.
Uma papoila crescia, crescia,
grito vermelho
num campo qualquer.
Como ela somos livres,
somos livres de crescer.
Uma criança dizia, dizia
"quando for grande não vou combater".
Como ela, somos livres,
somos livres de dizer.
Somos um povo que cerra fileiras,
parte à conquista
do pão e da paz.
Somos livres, somos livres,
não voltaremos atrás.
Na distância deste poema e de personalidade da Professora Anaíde, pergunto
- que dizemos às geraçõs de agora se aceitarmos que possam vir a ser reeleitos nas próximas autárquicas fenómenos como Fátima Felgueiras, Isaltino Morais, Avelino Torres e Valentim Loureiro (só para falar nos mais mediáticos) para Presidente da Câmara...? (que esses de independentes não têm nada...são sim dependentes de poder....)
-até quando acabaremos o off-shore na Madeira? E o dinheiro para o Ambiente, para a Cultura?
- até quando dizemos basta a esta futebolização intensiva?
-até quando travamos fenómenos que nos envergonham: os incêndios, o desordenamento do território, o ser chico esperto, o arboricídio, o abandono dos animais, as touradas, o desequilíbrio dos estatutos sócio-profissionais, a imigração,etc...
-até quando deixamos entrar nas nossas casas o medo e a inacção....não vêem que isso é que vai limitando os espaços e tempos de fruição e de liberdade de expressão?...
-até quando??
E AGORA
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