Esta é uma história de reencontros. Um Professor Universitário, Engenheiro Florestal, Moreira da Silva deu-nos a cadeira Recursos Florestais em 1989 e foi o único que nos falou de Antero Gonçalves. Lembro-me da forma efusiva e entusiástica com que abordou a sua obra O Eucalipto ou o Homem . De facto marcou-me muito e tive a mágoa de ver que o seu livro não tenha sido merecidamente mais divulgado entre nós até receber pela lista da Ambio, esta reflexão da autoria de José Carlos Marques.
Antero Gonçalves até é autor de referência uma vez que conheço ampla divulgação na América Latina. O seu livro contém uma série de pensamentos e questões acerca da gestão dos nossos recursos florestais que nunca tiveram uma resposta.
A sua obra reveste-se, portanto, de uma enorme actualidade.
Saúdo por isso uma vez mais a intervenção de José Marques. Transcrevo inteiramente o seu texto.
Perguntas a que Ninguém Responde
Estou agora a ler pela primeira vez um livrinho que comprei no final dos anos 1980, editado em 1987, intitulado O EUCALIPTO OU O HOMEM, de um senhor chamado Antero Gonçalves (será ainda vivo?). O autor é de grande modéstia, autodidacta, e invoca constantemente o seu carácter de leigo na matéria, embora seja lavrador e tenha plantado muitos eucaliptos, com o que parece ter-se dado mal. A páginas tantas, num artigo datado de 31 de Janeiro de 1973!!!!, coloca uma série de perguntas fulcrais às quais até hoje não foi dada resposta satisfatória e a que ninguém parece querer responder. Pela minha parte, é a falta de uma (boa) resposta prática, legislativa e executiva a estas perguntas,
- que explica o ciclo infindável e repetitivo dos incêndios ditos florestais em Portugal
- que me faz crer que o referido ciclo vai continuar por mais umas décadas, dada a previsão a que me arrisco de que tais perguntas continuarão por muito tempo sem resposta corajosa.
O resto (incluindo as enérgicas medidas decretadas pelos sucessivos governos da era pirómana), parece-me... poeira.
- que me faz crer que o referido ciclo vai continuar por mais umas décadas, dada a previsão a que me arrisco de que tais perguntas continuarão por muito tempo sem resposta corajosa.
O resto (incluindo as enérgicas medidas decretadas pelos sucessivos governos da era pirómana), parece-me... poeira.
Eis as perguntas:
1. Deve ser livre, condicionada, regulamentada e até cerceada a plantação de eucaliptos?
2. Deve ser livre a sementeira e a plantação de pinheiros?
3. Deve ser livre a destruição de pinhais já feitos para substituir por eucaliptos?
4. Deve ser livre a destruição de sobrais, olivais, pomares, etc. para substituir por eucaliptos?
5. Deve ser livre a plantação de eucaliptos em terras de primeira e até de regadios com ou sem água pelo seu pé?
6. Deve a plantação de matas de eucaliptos CONTÍNUAS ser limitada ou ilimitada?
7. Deve ser livre o arrendamento de terras a prazo para exploração e plantação de eucaliptos?
Independentemente das respostas dadas por Antero Gonçalves, as perguntas são geniais. Como nos anos que correm não se vê ninguém a fazê-las em quem comanda, nada há a esperar nos próximos verões a não ser mais do mesmo.
Muito bom site. Graças aos esforços do passado.
ResponderEliminarestetik
Bernardo Markowsky
ResponderEliminarComo e de onde posso obter este livro??