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segunda-feira, 18 de abril de 2005

Os centros históricos, as requalificações e a publicidade

Não considero utópico o texto do Forum da Cidade . Penso que a causa está essencialmente na publicidade: no tempo destinado a ela nas radios e televisões nacionais, no espaço de paginas que elas ocupam nos jornais e revistas e o modo como ela é exposta na TV ( já vi quantos noticiários ultimamnte a fazer o seguinte: a pouco mais de vinte e cinco minutos de um bloco de notícias ouve-se e ve-se vamos a intervalo, com o pretexto de uma notíca-dossier e depois espetarem-nos com mais de 10 minutos de publicidade, finalmente entra a noticia-dossier que nem tem 2 minutos, para fechar o telejornal e nova enchurrada de publicidade de mais de 10 minutos!!!).
Quanto à dicotomia centros comerciasi/segurança enquanto as cidades não promoveram com coragem mais medidas de respsitos pelos peões e alternativas à mobilidade e respeito pelos espaços verdes quando pretendem "requalificar", então decicidamente os cidadãos viverão melhor as cidades.Temos que saber como, quando e de que forma atingir esses objectivos.Por isso considero importantes as reflexões escritas no blogue Baixa Pombalina.

TEXTO 1. É preciso deitar abaixo os Centros Comerciais.
POR Forum da Cidade
Ao contrário da maioria das cidades europeias, o centro histórico Lisboa encontra-se desertificado à noite e com o comércio tradicional quase moribundo, pese embora a ajuda que lhe vem dando o aparecimento das grandes marcas. E isso deve-se a uma errada política comercial, cuja responsabilidade não pode ser imputada só aos políticos, que têm sido sempre os bodes expiatórios das decisões tomadas pela influencia dos grupos de pressão organizados.Neste caso, foram os comerciantes receosos da concorrência - o país sempre foi avesso à concorrência, pelo menos nos últimos cinquenta anos - que pressionaram para que os centros comerciais, de criação inexorável, fossem afastados do centro, como forma de a evitar.Foi, a nosso ver, um erro histórico. Com essa opção, o comércio tradicional perdeu as suas possibilidades de desenvolvimento, ao contrário do que aconteceu nas outras capitais europeias que tiveram a opção contrária. As sinergias que lhe davam o movimento de pessoas nesses centros comerciais, em relação aos quais, quanto mais não fosse, o comércio tradicional sempre seria um sucedâneo, podiam ser o impulso para esse desenvolvimento.Mais grave, ainda, as pessoas passaram a deslocar-se para os centros comerciais que, afinal, não foram construídos tão longe como isso, e daí resultou uma verdadeira desertificação de Lisboa com consequências graves no domínio da segurança.Como todos sabemos não pode haver um polícia para cada cidadão e a melhor forma de se garantir essa segurança é, como em tudo, a presença de pessoas.É pois absolutamente necessário, se quisermos reanimar o centro histórico de Lisboa, deitar abaixo os centros comerciais, ao menos em sentido figurado. Isto é, é absolutamente necessário proibir a criação de novos centros comerciais fora do centro e, pelo contrário, estimular o seu aparecimento no centro histórico.

TEXTO 2. Afinal, qual o papel da Baixa na Baixa Pombalina, SRU - Sociedade de Reabilitação Urbana?!...
POR Baixa Pombalina
Quando Santana Lopes lançou a ideia da candidatura da Baixa a Património Mundial no Barcelona Meeting Point - que decorreu na capital da Catalunha entre os dias 21 e 26 de Outubro de 2003, a esperança de reabilitação da Baixa Pombalina parecia, finalmente, avançar.Acontece que, volvidos estes anos, o que realmente se passou foi o anunciar de medidas desgarradas e sem um plano global capaz de fazer frente à multiplicidade de problemas que uma acção deste natureza teria de resolver. Por vezes, neste blog sobre as políticas de intervenção na Baixa Pombalina aludimos a esta realidade e chamámos à atenção para esta inércia e também - porque não dizê-lo - inépcia das equipas que foram escolhidas para avançar as ideias e a acção no terreno. Seria um trabalho ciclópico a desenvolver não só na vertente arquitectónica, mas também política,social, jurídica e histórico-cultural; um trabalho a ser realizado pelo menos em dois mandatos autárquicos, com o apoio do governo e o consenso das oposições [não nos podemos esquecer que a reabilitação da Baixa, mais do que um projecto da cidade de Lisboa é um projecto nacional; reabilitar Alfama como bairro histórico não tem o mesmo significado histórico- cultural e político da reabilitação da Baixa !] .Se em 1755 o quadro jurídico não tivesse sido alterado e se não houvesse uma equipa de homens capazes para procederem à reconstrução de Lisboa, esta não teria sido possível. O que se passa hoje com a Baixa é uma falta de coragem política associada a uma incapacidade de accionar a mudança; e foi talvez esta a razão que levou Siza Vieira a não aceitar o projecto de reabilitação da Baixa.A poucos meses do final deste mandato autárquico, eis que surge [finalmente!] a Baixa Pombalina, SRU - Sociedade de Reabilitação Urbana, EM, cujas linhas orientadoras da estratégia de intervenção podem ser consultadas on-line [clique nas imagens]. Embora não conhecendo o modo de concretização do plano de actividades, nem a sua calendarização parece-nos desde já um projecto inovador relativamente ao conceito de reabilitação urbana que não se reduz à "recuperação estrita do edificado" mas também "à revitalização funcional dos usos, das acessibilidades e do espaço público" e ainda, o "privilegiar uma escala de intervenção diferente da geralmente considerada em reabilitação: agora, o conjunto edificado, em regra, o quarteirão ou a frente de rua, em vez do imóvel individualizado."
Apesar destes aspectos positivos [que só por si valem o lançamento do projecto] - o que não entendemos, pelo menos pela leitura que fizemos do projecto, é a enorme e tão diferenciada área que abrange, nada mais que oito unidades operativas de reabilitação [UOR]s que vão de Alfama Rio ao Chiado Norte, passando [claro está] pela Baixa! Não se compreende que um projecto a pensar na Baixa seja aplicado em Alfama, S. Paulo ou mesmo até no Chiado [a lógica do quarteirão aplica-se também a estas áreas?]; não estaremos, mais uma vez, a dar o nome de Baixa Pombalina a projectos que se destinam à multiplicação de fundos para o Chiado e Alfama?Afinal, qual o papel da Baixa na Baixa Pombalina, SRU - Sociedade de Reabilitação Urbana, Emp. Municipal?!...

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