A concepção e construção epistemológica da Ecologia actual para uma OIKOS do sec.XXI
1. O QUE É MEIO AMBIENTE
Olimpio Araujo Junior
Existe atualmente uma grande discussão sobre a utilização do termo “meio ambiente”, pois há uma forte tendência entre autores em se considerar o termo como pleonasmo ou redundância. Eu por exemplo, adotei o termo “Ambiente Total”, com a intenção de abranger os ambientes natural e antrópico (construído pelo homem), incorporando também os demais ambientes, porém, apenas como um termo ilustrativo, sem a intenção de criar uma nova discussão , afinal de contas, não precisamos de mais discussões, e sim de mais soluções.
Outros autores, utilizam unicamente o termo “ambiente”, e defendem com “unhas e dentes” a não utilização de “meio”. Segundo Valenti, em seu livro: “Las distintas visiones geográficas de lãs relaciones entre natureza y hombre“ (Barcelona, 1984), o termo “meio ambiente” provém da tradução do francês “milieu ambience”, utilizado inicialmente por naturalistas e geógrafos, onde “milieu” (ou “meio”), designa o lugaronde está ou onde se movimenta um ser vivo qualquer, e “ambience” (ou “ambiente”), refere-se ao que rodeia o ser. Particularmente, prefiro concordar com os demais autores, pois esta explicação de Valenti parece não convencer, afinal de contas, analisando bem, ambiente também é o lugar onde está ou se movimenta o ser. Uma palavra completa a outra, mas qualquer uma pode ser utilizada de forma isolada, sem perder o sentido que se quer passar, por isso também é possível se falar em “meio” sem precisar se falar a palavra “ambiente”, o importante seria especificar quando necessário, a qual meio ou qual ambiente está se referindo: ambiente urbano (ou meio urbano), ambiente aquático (ou meio aquático), ambiente natural (ou meio natural). Atualmente, temos que considerar até mesmo o ambiente virtual, que já é uma realidade em nossos dias. A discussão sobre meio ambiente com certeza não acabará tão facilmente, pois quando quase todos estão convencidos de uma determinada teoria, surge um novo teórico com novas idéias e novos seguidores. O importante é entendermos que o termo “meio ambiente” não está errado, afinal de contas ele já foi historicamente legitimado pela ciência e pelo senso comum.
* O autor é coordenador da Rede de Informações Ambiente Total – www.ambientetotal.pro.br
2. POR UMA ECOLOGIA INTEGRAL
Paulo Botelho
Morena, alta e magra, descendia de espanhóis e africanos. Erudita, falava francês com desenvoltura. Não gostava de cozinhar, mas era capaz de fazer um frango com quiabo como ninguém. Leitora voraz dos clássicos, entre eles Miguel de Cervantes, autor de Dom Quixote de la Mancha, gostava de reproduzir o que lia para todos da família, sempre na hora do jantar. Assim era minha avó paterna Maria de Luna Botelho. Através dela, ainda menino, fiquei com a idéia de que Dom Quixote era um fidalgo corajoso e sonhador, que saia pelo mundo para consertar tudo o que estivesse errado: proteger os órfãos, defender os perseguidos, impedir maus-tratos contra os humildes, estabelecer a justiça e, sobretudo, preservar a vida na Terra. "Não são gigantes, mas apenas moinhos de vento com suas pás", explicava ela parafraseando Sancho Pança, o fiel escudeiro de Dom Quixote. A partir dessas lembranças recorrentes, fiquei pensando numa Ecologia Integral, em seus aspectos pessoal, social e ambiental.
O aspecto pessoal - ou a paz consigo mesmo - tem como meta a saúde física, emocional, mental e espiritual do ser humano como estratégia para o desenvolvimento da paz. O aspecto social - ou a paz com os outros - busca a integração do ser humano com o exercício da cidadania e dos direitos humanos; a cultura da não-violência e a ética da diversidade. O aspecto ambiental - ou a paz com a natureza - vislumbra a integração do ser humano com a natureza, facilitando o processo de conscientização e sensibilização, no sentido de redução do consumo e do desperdício.
Nós, os ambientalistas, temos um pouco desse Dom Quixote. Somos aqueles que procuram fazer brotar uma flor do impossível chão! Não nos importa saber quantas guerras temos que vencer por um pouco de paz!
Quando me entristeço com a vida, seus percalços e dificuldades, tenho o costume de procurar olhar a Terra de fora da Terra. Assim como os astronautas. De lá, de suas naves espaciais ou da Lua, como testemunharam vários deles, a Terra aparece como resplandecente planeta azul e branco que cabe na palma da mão! Daquela perspectiva, a Terra e todos os seres vivos emergem como uma única identidade. Ela emerge como terceiro planeta de um sol que é apenas um entre 100 bilhões de outros do universo. Universo que, possivelmente, é apenas um entre outros milhões paralelos e diversos do nosso. E tudo segue com tal organização que permite a nossa existência aqui e agora. Caso contrário, não estaríamos mais por aqui.
Astrônomos americanos anunciaram, em julho de 2003, a descoberta de um planeta, muito semelhante a Júpiter, na órbita de uma estrela muito semelhante ao Sol e a apenas 90 anos-luz da Terra. Praticamente um vizinho, do ponto de vista cósmico. É mais um indício de que sistemas planetários, como o nosso, são uma constante no Universo. E não há razão para não ser. Conclui-se, portanto, que pode ser que se encontre, também, um planeta parecido com a Terra. E, se existem outras Terras, provavelmente deve haver outras vidas. - Das pás dos moinhos à paz na Terra!
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