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segunda-feira, 18 de outubro de 2004

Ecopistas, Pistas Verdes, Ciclovias, Ecovia


Ecopistas – o que são?
Por Inês Salgueiro Ângelo

Vias Verdes, Voies Vertes, Voies Douces ou Greenways, são algumas das designações internacionais de infra-estruturas destinadas ao tráfego ligeiro não motorizado. Em Portugal estão a ser criadas Ecopistas ao longo de ramais ferroviários desactivados.

Ecopista ou Pista Verde é a designação portuguesa atribuída aos percursos que utilizam antigos ramais ferroviários desactivados. Estes situam-se em diversas regiões do território continental, potenciando a criação de uma verdadeira rede ou sistema nacional de passeios na Natureza e, por vezes, também em meio urbano.

Com as Ecopistas, a REFER pretende aderir à Rede Europeia de Vias Verdes, que reúne hoje em dia vários países europeus e, em consequência, vir a tornar-se membro da Associação Europeia de Vias Verdes.

Neste sentido, é necessário que as Ecopistas portuguesas se adaptem aos critérios aceites por todos os participantes, de forma a facilitar o seu acesso e a sua utilização pelo maior número possível de utentes, nomeadamente:
- Declives inferiores a 3%;
- Interdição a veículos motorizados;
- Independência em relação a outras vias de circulação;
- Reduzido número de cruzamentos com outras estradas;
- Continuidade do uso público da via.

As Ecopistas são concebidas como percursos na Natureza, uma vez que os antigos ramais ferroviários percorrem, de uma forma geral, zonas rurais ou naturais com interesse paisagístico, sendo o seu piso permeável, de terra batida ou saibro, para manter essa característica de caminho rural. Nos troços urbanos que eventualmente se tenham desenvolvido ao longo destes percursos, o pavimento poderá ser impermeável (em asfalto ou betão), mantendo-se as outras características.

Por outro lado, é importante distinguir estes percursos de outros caminhos rurais, pelo que devem estar presentes alguns elementos que identifiquem a sua função de origem (por exemplo, utilização das travessas ferroviárias antigas para colocação da sinalização).

As características deste tipo de percurso podem resumir-se em cinco palavras-chave:
- acessibilidade: não há limitações impostas pela idade nem pelas aptidões físicas dos utilizadores – ao contrário do que sucede com os desportos ditos radicais - e, dado que os percursos são públicos, nem mesmo pela sua situação económica.
- segurança: não há risco de acidentes de tráfego, havendo limites de velocidade para os ciclistas e, muitas vezes, separação da via em faixas destinadas a cada tipo de utilizador; não há risco de acidentes geológicos, como desabamentos, nem de queda de árvores, porque se pressupõe uma manutenção frequente; não há risco de queda de ciclistas, mesmo inexperientes, porque não há declives grandes; não há risco de queda em lugares como as pontes porque estarão protegidas com grades laterais; o risco pessoal, em termos de assaltos, por exemplo, também é reduzido, devido ao cariz das regiões em que se inserem estes percursos, ao número de utilizadores que geralmente afluem e à habitual presença de serviços ao longo do percurso.
- comodidade: não há declives acentuados nem curvas apertadas; o piso é antiderrapante e adequado para todo o tipo de utilizadores; há poucos cruzamentos e obstáculos.
- tranquilidade: a segurança e a comodidade permitem que os utilizadores desfrutem do património cultural, natural e paisagístico na sua integridade.
- facilidade: estes percursos são geralmente dotados de sinalização, informação, interpretação e serviços adequados.

Assim, é possível recuperar o património ferroviário de uma forma sustentável e, simultaneamente, melhorar a qualidade de vida da população residente, quer através do próprio usufruto das Ecopistas quer através das receitas provenientes da actividade turística.

Neste contexto, para devolver aos cidadãos a oportunidade de desfrutar de um património que é reflexo do país, aproximando, em simultâneo, o cidadão da natureza, a REFER pretende converter em Ecopistas os cerca de 800 quilómetros de linhas férreas desactivadas de que é proprietária.

Bibliografia
  • Asociación Europea de Vías Verdes (2000). Guía de Buenas Prácticas de Vías Verdes en Europa: Ejemplos de Realizaciones Urbanas y Periurbanas. 91 pp. Asociación Europea de Vías Verdes. Namur.
  • Pessoa, F. (2002). Ecopista do Minho – Projecto de recuperação paisagística da plataforma ferroviária desactivada entre Valença e Monção. Rel. n. publicado. REFER.

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