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domingo, 31 de maio de 2020

Microbiome rewilding: Biodiverse urban green spaces strengthen human immune systems

Fonte: aqui

A research team led by the University of Adelaide has found that revegetation of green spaces within cities can improve soil microbiota diversity towards a more natural, biodiverse state, which has been linked to human health benefits.

In the study, published in the journal Restoration Ecology, researchers compared the composition of a variety of urban green space vegetation types of varying levels of vegetation diversity, including lawns, vacant lots, parklands, revegetated woodlands and remnant woodlands within the City of Playford Council area in South Australia.

The purpose of the research was to understand whether it is possible to restore the microbiome of urban green spaces, a process known as microbiome rewilding. It is believed this process could expose us to a greater variety and number of microbiota (organisms living within a specific environment) and provide a form of immune system training and regulation.

Lead author of the journal paper, Ph.D. Candidate Jacob Mills from the University of Adelaide's School of Biological Sciences and Environment Institute, says historically humans lived in more rural and wild landscapes, and children spent more of their childhood outdoors, allowing exposure to more microbes.

"Urbanisation has radically changed our childhoods. More time spent indoors, poor quality diets and less exposure to wild environments has led to significant increases in non-communicable diseases such as poorer respiratory health," says Jacob.

"Exposure to biodiverse natural environments carries ecological benefits—green spaces with higher eco-system function give children better exposure to pick things up from soil, for example, there are microbial compounds in soil that reduce stress and anxiety.

"Put simply, the more diversity in microbiota that children are exposed to the healthier they will grow up," he said.

The research found that the revegetated and remnant woodlands examined comprised more native plant species than other green spaces such as lawns and vacant lots, and had greater diversity of microbiota.

Furthermore the soil microbiotas in revegetated urban green spaces were similar to those found in remnant woodlands, and differed greatly from lawns and vacant lots, which had lower microbiota diversity.

"This indicates that the revegetated woodlands soil microbiome had somewhat recovered to its previous more natural biodiverse state," says Jacob.

"Plant species richness, soil pH and electrical conductivity were the main variables for microbial communities in our study, the more diverse the soil biodiversity the better the eco-system function. Urban spaces low in microbial diversity tend to be more conducive to pathogens and pests, also known as microbial 'weeds.'"

"Increasing plant species diversity is important for the structure of microbial communities and increases eco-system function," he says.

Jacob says the findings of the study has implications for urban design, landscape architecture and councils.

"Our study provides a footing for urban planners and designers to place the environmental microbiome and access to diverse green spaces in their design principles when developing and rejuvenating urban areas.

"Greater biodiversity comes with the potential to reduce non-communicable disease rates through improved training of our immune systems to fight illness and disease.

"It could be implemented as a potential preventative health measure, particularly beneficial for lower socio-economic areas and could lessen the burden on our health systems."

The study is believed to provide the first evidence that revegetation can improve urban soil microbiota diversity towards a more natural, biodiverse state by creating more wild habitat conditions. This evidence supports initiating further studies within the growing field of microbiome rewilding.

"We hope that this work will inspire further research to understand and measure the impact of microbiome rewilding on human health," Jacob says.

A limpeza da "floresta" é um mito.


"A limpeza da floresta é um mito.
O que se limpa na floresta, a matéria orgânica?
E o que se faz à matéria orgânica, deita-se fora, queima-se?
Dantes era com essa matéria que se ia mantendo a agricultura em boas condições e melhorando a qualidade dos solos. E, ao mesmo tempo, era mantida a quantidade suficiente na mata para que houvesse uma maior capacidade de retenção da água.
Com a limpeza exaustiva transformámos a mata num espelho e a água corre mais velozmente e menos se retém na mata, portanto mais seco fica o ambiente. A limpeza tem que ser entendida como uma operação agrícola. Mas esta floresta monocultural de resinosas e eucaliptos, limpa ou não limpa, não serve para mais nada senão para arder. Aquela floresta vive para não ter gente."

Arquiteto Paisagista Gonçalo Ribeiro Telles

Não tenhamos ilusões quanto ao capitalismo verde: precisamos de uma visão de decrescimento

Parece que não há coragem para pensar ou liderar a necessária luta ecológica pela transição da sociedade. Será que uma análise verdadeiramente ecológica, sóbria, corajosa e profunda do problema “não vende”?


Por Guilherme Serôdio e Hans Eickhoff
O ambientalismo caduco ainda perdura em Portugal. No apogeu do presente momento histórico, o melhor que sonantes nomes e organizações conseguem propor no “Manifesto por uma Recuperação Económica Justa e Sustentável em Portugal” acaba por não ser mais do aquilo que já foi dito pela Comissão Europeia e que corresponde ao chamado “capitalismo verde”. Esta visão de “sustentabilidade” está refém das contradições profundas do Pacto Verde Europeu, da insustentabilidade da “transição energética”, da ineficácia repetitiva das COP, e da hipocrisia da promessa de neutralidade carbónica. Se queremos ser realistas, teremos que aceitar que é impossível continuarmos a ter crescimento económico, e que a solução terá de ser encontrada fora dele.

Mas parece que não há coragem para pensar ou liderar a necessária luta ecológica pela transição da sociedade. Será que uma análise verdadeiramente ecológica, sóbria, corajosa e profunda do problema – e das mudanças radicais a que vai obrigar – “não vende”? Será por isso que se tenta evitar a todo o custo “sentimentos de perda e pânico”, em vez de avançarem abordagens e soluções que nos permitam viver esses sentimentos de forma saudável, enfrentá-los coletivamente e lidar com eles da melhor maneira que encontremos, junt@s.

A situação atual é assustadora. É urgentemente necessário ter a coragem e a humildade de questionar posicionamentos que se defenderam durante vidas inteira, em torno dos quais se construíram identidades e carreiras. É preciso ter a coragem de aceitar que não devíamos, nem “relançar a economia”, nem andar como loucos à procura de soluções tecnológicas que resolveriam magicamente os nossos problemas.

Parece que se acabaram as ideias arrojadas e inovadoras, as narrativas alternativas capazes de galvanizar pessoas e a sociedade. O ambientalismo de hoje (em Portugal, mas não só) parece apenas conseguir dizer umas palavras bonitas e inócuas sobre solidariedade e sustentabilidade, sem ser capaz de avançar corajosamente em direção ao futuro. Repete indefinidamente a narrativa de um capitalismo tão “climático” como incongruente, repetidamente resgatado aos trilhões por planos de crescimento verde, agora geridos por fundos de investimentos que tanto têm a ganhar em manter o sistema como está: acelerado e destrutivo – mas altamente lucrativo para uma elite cada vez pequena. Queremos mesmo salvar este sistema e trazê-lo de volta ao “normal”, relançar a economia, apostar no crescimento verde, manter tudo como estava – mas agora “melhor”?

A ilusão verde
Talvez gostássemos, egoistamente, que fosse possível voltar ao antigo “normal”, mas agora “verde”. Vivemos nesta sociedade, fazemos parte desta cultura, estamos no lado privilegiado do planeta. Gostávamos que fosse realmente possível criar este admirável novo mundo verde que se preconiza. Mas isto não é possível. Não só a energia dita “verde” depende totalmente de uma economia e de uma indústria baseadas em combustíveis fósseis e de extração. O objetivo desta economia não deixa de ser a manutenção de um sistema extrativista, apostando em lógicas de crescimento infinito, com impactos ambientais muito para além da emissão de CO2. Mesmo se avançássemos a fundo no sentido dessa “transição verde”, a destruição ambiental resultante de construir toda a infra-estrutura de renováveis (milhares e milhares de eólicas e painéis solares, centrais de biomassa, cabos, robots e outras máquinas, etc.), as baterias (necessárias para armazenar toda a eletricidade gerada), e toda uma nova frota (agora positivamente elétrica) de carros, camiões, aviões, barcos, máquinas agrícolas, maquinaria pesada para a extração de minérios (muitos deles raros) resultaria num crime ecológico imensurável. Seria mais um passo irreversível em direção ao desequilíbrio total do sistema, para não falar da continuação de violências indizíveis sobre povos inteiros e classes economicamente desfavorecidas, no nosso país ou longe dele.

A dependência suicida do crescimento económico
Ser contra ESTA transição energética não é ser contra uma transição energética nem contra uma – muito necessária – transição societal. Ser contra a massificação das energias verdes e do crescimento económico que pretendem sustentar, não é negacionismo climático, nem é querer “voltar à idade da pedra”. Ser contra a narrativa “feel-good” e do “fácil de digerir” do mainstream ecológico em Portugal não é “contra-produtivo” para os esforços da transição. Ao contrário, é saber observar, sentir, analisar e relacionar informação que deixa clara a muita falta de coragem que continua a existir, e que impede a busca de verdadeiras soluções.

A única coisa que vai acontecer, ao tentar aguentar artificialmente um sistema que não pode nem deve estar de pé, é fazer ruir dos pilares que o sustentam. Já vemos os direitos humanos esquecidos nos tiros aos refugiados nos mares gregos, os fascismos emergentes, as desigualdades crescentes, atropelos à ecologia – quando entendida como equilíbrio de biodiversidade num planeta finito – e as vozes de um movimento ecologista cada vez menos pertinente. Manter este mesmo sistema económico, mas agora movido a motores elétricos ou de hidrogénio, significaria continuar a pescar 90% dos oceanos, perpetuar a agricultura industrial atual, continuar a fazer desaparecer milhões de espécies e florestas inteiras, etc.

Um modo de vida baseado em gigantescas cadeias de produção, transporte global constante e cada vez mais veloz, dependente de petróleo para tudo – inclusive para produzir comida – e apoiado na exploração constante de pessoas e da Natureza é obviamente insustentável.

Entender onde estamos
A economia nacional não precisa – como afirma o tal manifesto e todos os players políticos – “ser relançada”. Não pode ser relançada porque não podemos continuar a crescer economicamente, e é isso que “relançar da economia” quer dizer. Um modo de vida baseado em gigantescas cadeias de produção, transporte global constante e cada vez mais veloz, dependente de petróleo para tudo – inclusive para produzir comida – e apoiado na exploração constante de pessoas e da Natureza é obviamente insustentável. E “insustentável” significa: a dada altura não se consegue aguentar, deixa haver sustento. O que precisamos é de uma economia radicalmente transformada. E para que isso possa acontecer, vai ser necessária muita coragem, muita imaginação coletiva, muita experimentação, e muita adaptação a realidades locais. A nova organização económica terá de gerir o decrescimento sustentado do PIB e focar-se na transição, na capacitação de comunidades, e na construção de resiliência, para assim aumentar a capacidade de fazer face aos choques sistémicos que já sentimos e que aí vêm, cada vez mais.

Portugal devia começar imediatamente o (moroso) processo de transição que já deveria estar em curso. Temos pouco, muito pouco tempo. Precisamos de comunidades empoderadas, economias locais e de circuitos curtos, com descentralização política, muita experimentação social, capacitação humana, novos padrões de produção e de consumo, (re)construindo infraestruturas públicas resilientes e inovadoras, criando empregos decentes, valorizando os recursos locais e contribuindo para um território habitado inclusivo, seguro, resiliente e verdadeiramente sustentável. E estas são apenas algumas sugestões, onde há TANTO para sonhar, inventar e fazer!

Mas primeiro é preciso ter coragem e aceitar a realidade. Não precisamos de mais ilusões: precisamos de coragem, sobriedade e vontade de construir algo novo. Precisamos imaginação, de uma nova abordagem ecológica, e de começar AGORA! Temos de nos preparar em conjunto para o novo mundo que nos alcança.

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sábado, 30 de maio de 2020

A Finlândia se tornará o primeiro país do mundo a abolir todas as disciplinas escolares

Fonte: aqui

Numa era de tecnologia e informações de fácil acesso, nossas escolas ainda esperam que saibamos tudo dos livros, sem considerar se isso será o que realmente precisamos no nosso desenvolvimento profissional.

Quantas vezes você se perguntou se precisaria de matérias para aprender porque o currículo dizia isso? A Finlândia decidiu mudar isso em seu sistema educacional e introduzir algo adequado para o século XXI.

Em 2020, em vez de aulas de física, matemática, literatura, história ou geografia, a Finlândia introduzirá uma abordagem diferente da vida através da educação. Bem-vindo ao aprendizado baseado em fenómenos!

Como a Phenomenal Education (Educação Fenomenal em tradução livre) declara em seu site, “Na Aprendizagem Baseada em Fenómenos (PhenoBL) e no ensino, os fenómenos holísticos do mundo real fornecem o ponto de partida para a aprendizagem. Os fenómenos são estudados como entidades completas, em seu contexto real, e as informações e habilidades relacionadas a eles são estudadas através do cruzamento das fronteiras entre os sujeitos. ”

Isso significa que, em vez de aprender física (ou qualquer outro assunto) para aprendê-la, os alunos terão a oportunidade de escolher entre fenómenos de seu ambiente real e do mundo, como Mídia e Tecnologia ou a União Europeia.

Esses fenómenos serão estudados por meio de uma abordagem interdisciplinar, o que significa que os sujeitos serão incluídos, mas apenas aqueles (e apenas partes deles) que contribuem para se destacar no tópico.

Por exemplo, um aluno que deseja estudar um curso profissional pode fazer “serviços de cafeteria” e o fenómeno será estudado através de elementos de matemática, idiomas, habilidades de escrita e comunicação. Outro exemplo é a União Europeia, que incluiria economia, idiomas, geografia e a história dos países envolvidos.

Agora tome a sua profissão como exemplo e pense em todas as informações que você precisa saber conectadas a ela – agora você está pensando da maneira PhenoBL!

Esse tipo de aprendizado incluirá sessões presenciais e online, com forte ênfase no uso benéfico da tecnologia e da Internet através do processo de eLearning. Você pode ler mais sobre isso aqui .

No processo de aprendizagem, os alunos poderão colaborar com seus colegas e professores, partilhando informações e explorando e implementando coletivamente novas informações como uma ferramenta de construção.

O estilo de ensino também vai mudar!

Em vez do estilo tradicional de aprendizado centrado no professor, com os alunos sentados atrás de suas mesas e gravando todas as instruções dadas pelo professor, a abordagem mudará para um nível holístico. Isso significa que todo fenómeno será abordado da maneira mais adequada e natural possível.

No entanto, como afirma o Phenomenal Learning, “o ponto de partida do ensino fenomenal é o construtivismo, no qual os alunos são vistos como construtores ativos de conhecimento e as informações são vistas como sendo construídas como resultado da solução de problemas, construída com ‘pedacinhos’ em um todo que se adapte à situação em que é usado no momento. ”

Esse sistema educacional tende a incluir a inclinação em um ambiente colaborativo (por exemplo, trabalho em equipe), onde eles gostariam de ver as informações sendo formadas num contexto social, em vez de serem vistas apenas como um elemento interno de um indivíduo.

Esta abordagem apoiará o aprendizado baseado em perguntas, a solução de problemas e o aprendizado de projetos e portfólio. O último passo será a implementação prática, sendo vista como o resultado de todo o processo.

Essa reforma exigirá muita cooperação entre professores de diferentes disciplinas e é por isso que os professores já estão passando por um treinamento intenso.

De fato, 70% dos professores em Helsínquia já estão envolvidos nos trabalhos preparatórios, de acordo com o novo sistema.

O co-ensino está na base da criação do currículo, com a participação de mais de um especialista em disciplinas e os professores que adotarem esse novo estilo de ensino receberão um pequeno aumento em seu salário como sinal de reconhecimento.


Do ponto de vista do ensino, esse estilo também é muito gratificante e vale a pena para os professores. Alguns professores, que já implementaram esse estilo em seu trabalho, dizem que não podem voltar ao estilo antigo.

Isso de fato não surpreende, pois a interação nesse estilo de ensino é algo com que todos os professores sempre sonharam.

Atualmente, as escolas são obrigadas a introduzir um período de aprendizado fenomenal pelo menos uma vez por ano. O plano é implementar completamente a abordagem PhenoBL até 2020.

Uma abordagem semelhante chamada Centro de Aprendizagem Lúdica está sendo usada no setor pré-escolar e servirá como ponto de partida para a aprendizagem fenomenal.


Crédito da foto de capa: Gabby Orcutt

Olhar em frente

Fonte: aqui

«Um dos principais indicadores do caminho que a recuperação económica vai seguir, tanto em Portugal como na Europa, encontra-se no futuro da aviação civil. O título deste artigo recicla a infeliz gafe da diretora-geral da Saúde, numa recente conferência de imprensa, tentando justificar a orientação europeia que vai permitir que os aviões voltem a voar lotados, a partir de 1 de junho (anulando o limite de dois terços estipulado pelo Governo português numa portaria de 2 de maio). Não se começa bem. Na verdade, mesmo que os passageiros "olhassem em frente" durante toda a viagem, é difícil explicar esta exceção sanitária em relação a outros espaços fechados e outros meios de transporte, sem recorrer ao antigo estatuto de privilégio da aviação civil.

A aviação civil é um daqueles setores que mostram como também na economia de mercado há uns atores que são mais iguais do que outros. Na maioria dos países europeus (ao contrário do que ocorre nos EUA, na Austrália, no Japão e no Canadá), o combustível aéreo (querosene ou jet fuel) e os bilhetes são isentos de impostos (o nosso ISP e o IVA). A competição desleal é conseguida através da penalização de outros modos de transporte (por exemplo, a ferrovia como alternativa aos voos Lisboa-Porto), mas sobretudo através de uma imperdoável externalização do impacto ambiental e climático da aviação.

A aviação civil triplicou os passageiros entre 2004 e 2019, correspondendo a sua pegada a 12% das emissões globais de gases de efeito estufa do setor dos transportes. Mesmo aqui, estes números beneficiam da conveniente exclusão "política" dos óxidos de azoto (NOx) libertados a elevada altitude, que se fossem contabilizados fariam saltar o impacto real da aviação civil na emergência climática de 2% para 4% a 8% (4.º Relatório do IPCC).

A aviação civil está numa dupla rota de colisão com a possibilidade de um futuro humano viável na Terra. Não só contribui crescentemente para o caos climático do planeta, como também foi e será o principal veículo de transmissão das próximas pandemias, como a covid-19 tragicamente já o ilustrou. Por todo o mundo, os cidadãos estão a endividar-se, através dos Estados, para salvar as companhias aéreas. Se a União Europeia quiser provar que é séria a sua aposta num pacto ecológico, que inclui retirar os privilégios à aviação civil, então é inevitável que as ajudas de Estado impliquem nacionalizações, ou entradas substanciais no capital das companhias, com uma ativa determinação de estratégias que reduzam as frotas e internalizem os danos ambientais nos preços, também em harmonia com a política europeia de descarbonização da economia.

Se a salvação da humanidade fosse uma área de negócio rentável, então os últimos 40 anos de febre neoliberal já teriam resolvido o problema, em vez de nos terem conduzido ao abismo de um planeta que poderá tornar-se inabitável nas próximas décadas. Ajudar a TAP só fará sentido se o Estado - como proprietário único ou sócio dominante - despertar da inaceitável letargia dos últimos anos, olhando de frente o futuro, colocando o interesse público no coração da viabilização da empresa.»

Mundo perdeu 178 milhões de hectares de floresta em 30 anos mas ritmo de destruição abrandou

O mundo perdeu 178 milhões de hectares de floresta nos últimos 30 anos, apesar de o ritmo da desflorestação ter abrandado na última década, segundo um relatório divulgado hoje pelas Nações Unidas.

O mundo perdeu 178 milhões de hectares de floresta nos últimos 30 anos, apesar de o ritmo da desflorestação ter abrandado na última década, segundo um relatório divulgado hoje pelas Nações Unidas.

A agência da ONU para a Alimentação e Agricultura (FAO) estima que o ritmo de destruição das florestas tenha descido de 7,8 milhões de hectares anuais na década de 1990 para 4,7 milhões de hectares entre 2010 e 2020 por causa da redução da desflorestação em alguns países e o aumento da cobertura florestal em outros.

Desde 2010, as maiores perdas aconteceram em África e na América do Sul.

Entre 2015 e 2020, o ritmo de desflorestação situou-se nos 10 milhões de hectares por ano, menos dois milhões do que nos cinco anos anteriores.

No ano de 2015, perderam-se 98 milhões de hectares devido a incêndios, sobretudo nas zonas tropicais, onde arderam 04% da floresta, sobretudo em África e na América do Sul.

Globalmente, existem 4.050 milhões de hectares de floresta, cobrindo um terço da superfície do planeta.

Mais de 90% das florestas regeneraram-se naturalmente, estima a FAO, que analisou dados de 236 países.

Desde 1990 que cada vez mais florestas saíram do domínio público, passando a ser geridas por empresas privadas, comunidades indígenas e outras instituições.

Mais de 180 milhões de hectares são usados para turismo, recreação, investigação e conservação de património cultural.

sexta-feira, 29 de maio de 2020

A “outra emergência”: jovens ambientalistas exigem “recuperação sustentável pós covid-19”

Numa carta aberta, centenas de jovens portugueses tentam chamar a atenção para a outra crise a “acontecer em paralelo” com a pandemia provocada pelo novo coronavírus. As alterações climáticas não desapareceram e eles exigem uma “recuperação sustentável pós covid-19”.
 
                        

Passada a primeira vaga da crise da covid-19, centenas de jovens portugueses tentam chamar a atenção para uma outra crise a “acontecer em paralelo” — e ainda longe de estar sob controlo. Numa carta aberta, o movimento Lidera aponta uma possível direcção “para uma recuperação sustentável pós covid-19”, desde a criação de empregos verdes à preservação de ecossistemas e ao fim dos subsídios aos combustíveis fósseis. “Não podemos esperar mais”, escreve o grupo formado por jovens cientistas, empreendedores, activistas, dirigentes educativos, deputados. 

Os últimos relatórios para a saúde a nível global da Organização Mundial de Saúde (OMS) e sobre os maiores riscos económicos globais (Fórum Económico Mundial), lançados antes da pandemia, têm duas coisas em comum: alterações climáticas e doenças infecciosas. E nunca iremos ter uma vacina para as alterações climáticas”, diz Catarina Alves, porta-voz da iniciativa. “Ou esta vai ser a altura certa para tomar as medidas capazes de trazer a mudança que necessitamos, ou então a covid-19 será a desculpa perfeita para desistir de objectivos que tínhamos delineados.”

Eles estão decididos a exigir a primeira opção. E se antes dos estados de emergência a palavra de ordem nos cartazes era “revolução verde”, agora os activistas pelo clima e pela sustentabilidade ambiental querem falar de “recuperação verde”. “Se nada mudarmos, para além do risco de crises epidémicas ser cada vez maior, o número de fenómenos meteorológicos extremos continuará a aumentar e os solos tornar-se-ão cada vez menos férteis, num mundo que espera vir a receber mais 26% de pessoas até 2050”, escrevem na carta que conta com mais de 500 assinantes, dando um exemplo da realidade portuguesa: “Fogos como os de 2017 serão mais comuns e o nível das águas do mar continuará a aumentar, algo especialmente relevante para Portugal, onde a maioria da população vive no litoral. E tudo isto abalará milhares de milhões de vidas, a nossa saúde e a economia global. Tal como o novo coronavírus.”

A associação Zero, a eurodeputada Maria Manuel Leitão Marques e Viriato Soromenho-Marques, catedrático de Filosofia da Universidade de Lisboa e uma das vozes que há mais tempo vem alertando para as alterações climáticas, são alguns dos apoiantes da proposta. Questionado pela agência de notícias LUSA, maioritariamente sobre o regresso aos materiais descartáveis, quer nas embalagens take away quer nas toalhas e máscaras descartáveis nos cabeleireiros, fonte oficial do Ministério do Ambiente disse “que com o regresso progressivo da actividade socioeconómica, as políticas ambientais revestem-se ainda de maior importância, dadas as implicações claras entre ambiente e saúde pública”. 

O movimento Lidera, que se descreve como “uma comunidade de jovens que querem efectivar a transição de Portugal para uma sociedade sustentável do ponto de vista social e climático”, trabalha de forma a “informar, preparar e conectar líderes” no combate às alterações climáticas. Arrancaram em Janeiro de 2020, um início simbólico de uma “década pelo clima” que tinha a crise climática como maior ameaça. Pelo menos, até a OMS decretar uma pandemia global. Com milhões de pessoas fechadas em casa, muitas das notícias sobre alterações climáticas começaram a focar-se no regresso dos animais selvagens às cidades, na quebra de emissões de dióxido de carbono e na diminuição da poluição atmosférica. 

“Tínhamos receio que isso transmitisse à população que o problema já estava resolvido e que tinha de deixar de ser um foco”, diz Catarina Alves, justificando a escolha do momento para a publicação da carta. “Não quer dizer que, para resolvermos as questões do ambiente, temos de nos fechar em casa, tem de haver desemprego, tem de haver mortes e mais desigualdade social, quando o combate às alterações climáticas é exactamente o contrário. O combate às alterações climáticas é uma questão social porque afecta a vida de todos nós.”

Na carta divulgada durante o fim-de-semana, propõem um regresso a uma “nova normalidade” assente em quatro pilares. “Numa altura em que o Estado terá de injectar dinheiro de todos no sector privado, deveremos exigir dessas empresas contrapartidas que garantam a sua transição energética e uma maior eficiência no uso de recursos”, escrevem, acrescentando que o “Estado deve eliminar subsídios aos combustíveis fósseis” e aplicar o princípio de poluidor-pagador. 

Investir em mais e melhores transportes colectivos electrificados; considerar os impactos sociais e ambientais nas decisões de investimento; criar empregos verdes; favorecer a economia circular, preservar os ecossistemas que sequestram e armazenam carbono natural e ensinar o desenvolvimento sustentável “de forma transversal em todas as áreas do ensino superior” são outras das propostas “para garantir uma transição justa, que não deixe ninguém para trás”.

Fé nos Burros


Projecto de Fotografia e Vídeo realizado em parceria com a Associação para o Estudo e Protecção do Gado Asinino (AEPGA) e o Município de Alfândega da Fé no Nordeste de Portugal, o projeto Fé nos Burros procura enaltecer a cumplicidade da relação homem-animal, com particular relevância para os burros, burras, mulas e machos, apoiando-se na realidade presente, e o seu legado cultural e social. Produção MediUtopia João Pedro Marnoto
Alfândega da Fé Municipality: Ana Margarida Duque
AEPGA: Miguel Nóvoa
Fotografia [Livro e Exposição] Realização, Guião, Fotografia & Edição [Filme] - João Pedro Marnoto Pesquisa de campo: Miguel Nóvoa
Música: C. Filipe Alves; José Travieso

Porcelanas



Por Professor Galopim de Carvalho
(Um simples apontamento)

Em termos muito gerais podemos dizer que a porcelana é um produto cerâmico branco, translúcido, totalmente vidrado, impermeável, ou seja, isento de porosidade.
Não podemos falar de porcelana sem uma referência muito especial à China, o berço da “arte cerâmica”, iniciada no terceiro milénio a.C., mas foi só a partir da dinastia Han (206 a.C.-220 d.C.) que surgiu a produção de cerâmica cozida e vitrificada, ou seja, de porcelana. De notada beleza e fruto de grande qualidade técnica, a porcelana chinesa exerceu grande influência na Ásia e na Europa.

Foi Marco Polo (c. 1254-1324) que a deu a conhecer na Europa, através do material que trouxe de lá, por ocasião da sua viagem ao Oriente. Mas foram os navegadores portugueses do século XVI que, no seu retorno, introduziram a porcelana nos mercados europeus, e foi o eborense Gaspar da Cruz (1520 –1570), um frade da Ordem dos Pregadores que, no seu “Tratado das cousas da China”, descreveu os processos pelos quais se obtinha ali esse tipo de cerâmica.

Quando as primeiras porcelanas chegaram à Europa, foram os italianos que, pela brancura e pelo brilho desta cerâmica, iguais aos da parte da concha envolvente da abertura do búzio "porcellana" (nome vulgar de um gastrópode do género "Cypraea"), lhe deram esse mesmo nome. Abertura que então lhes lembrou a vulva da porca, "porcella" em italiano.

A partir da sua chegada a Portugal e conhecido o modo de fabrico, foram descobertas e seleccionadas importantes jazidas de caulino e aperfeiçoadas as técnicas de produção. Portugal, Espanha, Inglaterra, França e Alemanha progrediram no fabrico de porcelana, chegando, no século XVIII, a atingir o nível de qualidade então reconhecido na China, permitindo uma hábil imitação dos modelos antigos.

Atualmente, a matéria-prima destinada a esta indústria é constituída por caulino, feldspato, quartzo (via de regra, uma areia) e uma pequena porção de argila gorda. Na respectiva pasta cerâmica, o feldspato actua como fundente de alta temperatura, o quartzo forma o esqueleto do produto final e a argila gorda (uma esmectite) confere a plasticidade necessária à citada pasta.

Um parêntese para lembrar que caulino, cujo nome provém de Kao Ling, uma localidade na província de Jiangxi, na China, é uma argila muito branca, praticamente destituída de óxido e hidróxido de ferro, pelo que permanece branca após cozedura. Os ingleses chamam-lhe “China clay”, numa alusão nítida à importância desta matéria-prima no país do Sol Nascente.

As peças de porcelana distinguem-se das dos demais produtos cerâmicos pela sua dureza, brancura, brilho vítreo, impermeabilidade, elevada resistência mecânica e translucidez, características que lhe advêm do facto de serem cozidas e vitrificadas a temperaturas na ordem dos 1300 a 1500 ºC, em ambiente redutor. Por ser um material isento de porosidade, com características semelhantes às do vidro, torna-se bastante higiénico e ideal como loiça de serviço à mesa.

A primeira produção de porcelana na Europa, mais precisamente em Meissen (Mísnia, em português), cidade da Saxónia, teve lugar num tempo em que a alquimia começava a dar lugar à química. Deve-se ao trabalho do químico alemão Johann Friedrich Böttge (1682-1719) que, para tal, utilizou caulino puro. Em 1710 surgiu nesta cidade o embrião da Staatliche Porzellan-Manufaktur, uma das fábricas de porcelana mais prestigiadas. Apesar das tentativas de manter em segredo a respectiva tecnologia, ela acabou por se estender a outras congéneres alemãs e, depois, a toda a Europa, onde ficou conhecida por “porcelana alemã” ou “porcelana de Saxe”.

O fabrico da porcelana em França, em começos do século XVIII, teve início em Sèvres, nos arredores de Paris, em 1756, ganhando nome como “Real Fábrica de Porcelana”, após a tomada de posse por Luís XVI, em 1760, que procedeu à melhoria dos equipamentos. Igualando a qualidade da porcelana alemã, e sob a direcção do químico e mineralogista francês, Alexandre Brongniart (1770-1847), Sèvres tornou-se o maior centro distribuidor deste produto na Europa. Interrompida aquando da Revolução Francesa, ressurgiu como empresa nacional, ao tempo de Napoleão. A “Manufacture National de Sèvres” e o “Musée National de la Céramique” estão, desde 2010, reunidos num único estabelecimento público.

Após a dita Revolução, surgiram em Limoges várias fábricas que, no século XIX, devido à alta qualidade dos seus produtos, fizeram desta outra cidade francesa o mais famoso centro da indústria e arte cerâmicas, produzindo a que mereceu o nome de “porcelana fina” ou “porcelana de Limoges”.
Baixelas de mesa, bacias e jarros de lavatório e peças decorativas, geralmente, monogramadas ou brasonadas, inicialmente pintadas à mão por artistas profissionais contratados, muitas delas, com filetes de ouro, entraram nas casas reais, da nobreza e da burguesia mais abastada de França e dos países com os quais havia trocas comerciais.
Nos anos 30 do século XX, sem perda de qualidade no fabrico, a decoração da porcelana de Limoges passou a ser feita com decalques.

No que se refere a Portugal, só em 1824 surgiu a Fábrica de Porcelana, de Vista Alegre, em Ílhavo. Com elevado pendor artístico, esta que é a mais antiga da Península Ibérica, representa um empreendimento continuado por uma panóplia de unidades industriais com capacidade para produzir e exportar milhões de peças por ano, entre decorativas e baixelas de mesa que podem ser admiradas no respectivo Museu. Uma outra referência nesta indústria/arte é a SPAL Porcelanas, fundada em 1965, em Alcobaça. Com duas unidades fabris e algumas centenas de trabalhadores, exporta cerca de 70% da sua produção, em especial para os Estados Unidos da América, França, Espanha, Itália, Canadá, México e Alemanha.

História da Cerâmica em Portugal

Por Professor Galopim de Carvalho


FAIANÇAS
(Um simples apontamento)

Tipo bastante comum de cerâmica branca ou de cor marfim, a faiança é menos rica em caulino do que a porcelana. Na sua composição, além do caulino, incorpora geralmente uma argila esmectítica, mais gorda (plástica), que lhe dá a moldabilidade pretendida, areia e um descolorante. Sendo um corpo poroso, com uma capacidade de absorção de água geralmente superior a 3%, necessita de ser vidrado, o que é feito posteriormente à cozedura, a temperaturas variando entre 900 e 1250°C, mais baixas, portanto, do que as usadas na indústria do caulino. O termo que deu nome a este tipo de cerâmica radica em Faenza, nome da cidade italiana, da província da Ravena, que foi um importante centro cerâmico do Renascimento.
Pelo facto de ser produzida com exigências técnicas superiores às do barro vermelho e de se caracterizar por relativa brancura, a faiança foi, desde sempre, considerada um material mais nobre de que o dito barro vermelho. Produto tradicional português, a sua variedade é imensa, quer como baixelas de mesa (serviços de jantar, de chá e de café), pratos, travessas e outras peças decorativas, quer como azulejos, usados desde o século XVI, no revestimento de paredes interiores e exteriores.
Segundo se julga saber, este tipo de cerâmica, remonta ao século IX a.C., sendo já então conhecida no Egipto e na Mesopotâmia. Foi a partir destas civilizações da Antiguidade, que chegou ao sul da Península, trazido pelos árabes. Foram os artesãos andaluzes que, em começos do século XVI, o introduziram em Portugal, com uma loiça mais marfim do que branca, vidrada, adjectivada de malagueira, do nome de Málaga, a cidade do sul de Espanha.
Com muito escassa ou nenhuma decoração, esta faiança, ainda muito fruste e, como tal, relativamente barata e de uso corrente, manteve-se em produção até começos do século XIX.
Com a vinda para Lisboa de oleiros flamengos, a meados do século XVI, registou-se notável desenvolvimento nesta outra arte cerâmica, alastrando, depois, para Coimbra e Vila Nova de Gaia. Na primeira metade do século XVII, a faiança portuguesa, ainda uma manufactura, experimenta um melhoramento na qualidade da produção, focando, sobretudo, motivos ornamentais do Oriente, expressos em pintura em tons de azul cobalto. Entre o século XVII e começos do século XIX, foram criadas em Portugal dezenas de fábricas de faiança, dispersas por Lisboa, Porto, Coimbra, Aveiro, Viana do Castelo, Caldas da Rainha e Estremoz.
Vidrada e pintada manualmente com motivos tradicionais e outros, a faiança portuguesa atingiu elevada qualidade bem demonstrada pela volumosa produção, em resposta a exigente procura.

quinta-feira, 28 de maio de 2020

COVID-19 É necessário salvar vidas, proteger meios de subsistência e salvaguardar a Natureza para reduzir o risco de futuras pandemias

Artigo original aqui
"Existe uma única espécie responsável pela pandemia do COVID-19 - nós. Assim como nas crises climáticas e de biodiversidade, as recentes pandemias são uma consequência direta da atividade humana - particularmente dos nossos sistemas financeiros e económicos globais, baseados num paradigma limitado que valoriza o crescimento económico a qualquer custo. Temos uma pequena janela de oportunidade, para superar os desafios da crise atual, para evitar semear as as futuras.
Doenças como COVID-19 são causadas por microorganismos que infectam o nosso corpo - com mais de 70% de todas as doenças emergentes que afetam pessoas originárias da vida selvagem e de animais domesticados. As pandemias, no entanto, são causadas por atividades que levam a um número crescente de pessoas a entrar em contacto direto e geralmente em conflito com os animais que carregam esses patogénicos.
A desflorestação desenfreada, a expansão descontrolada da agricultura, a agricultura intensiva, a mineração e o desenvolvimento de infraestruturas, bem como a exploração de espécies selvagens, criaram uma 'tempestade perfeita' para o transbordo de doenças da vida selvagem para as pessoas. Isso geralmente ocorre em áreas onde vivem comunidades mais vulneráveis ​​a doenças infecciosas.
Nossas ações impactaram significativamente mais de três quartos da superfície terrestre da Terra, destruíram mais de 85% das áreas húmidas e dedicaram mais de um terço de toda a terra e quase 75% da água doce disponível às lavouras e à produção animal.
Adicionalmente, o comércio não regulamentado de animais silvestres e o crescimento explosivo das viagens aéreas globais, clarificaram como um vírus que antes circulava inofensivamente entre uma espécie de morcego no sudeste da Ásia já infectou quase 3 milhões de pessoas, trouxe sofrimento humano incalculável e interrompeu economias e sociedades em todo o mundo. Esta é a mão humana na emergência de uma pandemia.
No entanto, isso pode ser apenas o começo. Embora as doenças entre animais e humanos já causem uma estimativa de 700.000 mortes por ano, o potencial para futuras pandemias é vasto. Acredita-se que 1,7 milhão de vírus não identificados do tipo conhecido capaz de infectar pessoas ainda existam em mamíferos e aves aquáticas. Qualquer um desses pode ser a próxima "Doença X" - potencialmente ainda mais perturbadora e letal do que o COVID-19.
É provável que as pandemias futuras ocorram com mais frequência, se espalhem mais rapidamente, tenham maior impacto económico e matem mais pessoas se não tomarmos muito cuidado com os possíveis impactos das escolhas que fazemos hoje.
Mais imediatamente, precisamos garantir que as ações que estão a ser tomadas para reduzir os impactos da atual pandemia não ampliem os riscos de futuros surtos e crises. Há três considerações importantes que devem ser centrais para os planos de recuperação de vários triliões de dólares e do estímulo económico que já está a ser implementado.
Primeiro, devemos garantir o fortalecimento e a aplicação das regulamentações ambientais - e apenas implantar pacotes de estímulo que ofereçam incentivos para atividades mais sustentáveis ​​e positivas para a Natureza. Neste momento, pode ser politicamente conveniente relaxar os padrões ambientais e sustentar indústrias como a agricultura intensiva, transporte de longa distância, como as companhias aéreas e sectores de energia dependentes de combustíveis fósseis, mas fazê-lo sem exigir mudanças urgentes e fundamentais, subsidia essencialmente o surgimento de futuras pandemias.
Segundo, devemos adotar uma abordagem "Uma saúde" em todos os níveis de tomada de decisão - do global ao local - reconhecendo as complexas interconexões entre a saúde das pessoas, animais, plantas e nosso ambiente partilhado. Os departamentos florestais, por exemplo, geralmente estabelecem políticas relacionadas com a desflorestação e aumentam os lucros principalmente para o sector privado - mas são os sistemas de saúde pública e as comunidades locais que frequentemente pagam o preço dos surtos das doenças resultantes. Uma abordagem Uma Saúde (One Health) garantiria que sejam tomadas melhores decisões que levem em conta os custos e as consequências de longo prazo das ações de desenvolvimento - para pessoas e a Natureza.
Terceiro, temos que financiar e recorrer adequadamente aos sistemas de saúde e incentivar a mudança de comportamento na linha de frente do risco de pandemia. Isso significa mobilizar financiamento internacional para aumentar a capacidade da saúde em áreas emergentes de doenças - como clínicas; programas de vigilância, especialmente em parceria com os povos indígenas e as comunidades locais; pesquisas de risco comportamental; e programas de intervenção específicos. Também implica oferecer alternativas viáveis ​​e sustentáveis ​​às atividades económicas de alto risco e proteger a saúde dos mais vulneráveis. Isto não é simples altruísmo - é um investimento vital no interesse de todos para evitar futuros surtos globais.
Talvez o mais importante seja que precisamos de mudanças transformadoras - do tipo destacado no ano passado no Relatório Global de Avaliação do IPBES (aquele que encontrou um milhão de espécies de plantas e animais em risco de extinção nas próximas décadas): reorganização fundamental em todo o sistema , fatores económicos e sociais, incluindo paradigmas, metas e valores, promovendo ações sociais e ambientais"

O pouco gosto pela escola é um problema crónico

Estudo internacional revela que a pressão com os trabalhos de casa é elevada em Portugal e que o gosto pela escola diminuiu significativamente. A atividade física continua fraca e as raparigas mais velhas estão cada vez mais ligadas à comunicação online.
Fonte: aqui
O Health Behaviour in School-aged Children (HBSC/OMS) estuda os comportamentos e a saúde dos adolescentes de 45 países nos seus contextos de vida. Há boas e más notícias, há situações que não mudam, há desafios também. O gosto pela escola dos alunos portugueses está em níveis muito baixos, é fraco em si mesmo e fraco na comparação com os restantes países. “Os resultados são maus desde 1998, a pedir ação urgente na escola, na comunidade e na família”, lê-se no relatório do estudo que é realizado de quatro em quatro anos e conta com a colaboração da Organização Mundial da Saúde. Os dados agora divulgados abrangem amostras representativas de alunos de 11, 13 e 15 anos.

O gosto pela escola dos alunos portugueses piorou. Em 1998, cerca de 29% dos adolescentes de 15 anos afirmavam gostar muito da escola, 20 anos depois, em 2018, a mesma resposta caiu para os 9,5%. É uma das piores médias dos 45 países e que coloca Portugal em 38.º lugar. O Azerbaijão surge em 1.º lugar, a Arménia em 2.º, a Islândia em 3.º, a Macedónia do Norte em 4.º do lado dos que gostam muito da escola.

As raparigas portuguesas gostam mais da escola do que os rapazes. Os dados de 2018 mostram que aos 11 anos, as raparigas (29%) gostam mais da escola do que os rapazes (22%). Aos 13 anos continuam a ser as raparigas (14%) a gostar mais da escola do que os rapazes (10%). Aos 15 anos, as diferenças entre géneros não são significativas, no entanto, a tendência mantém-se: as raparigas (11%) gostam mais da escola dos que os rapazes (8%). Segundo o relatório, os alunos que gostam mais da escola “apresentam mais satisfação com a vida, menor risco de uso de substâncias e melhores indicadores de saúde mental”.

A pressão com os trabalhos da escola, sobretudo nos mais velhos e nas raparigas, é elevada e também põe Portugal nos piores lugares, desde 1998. Esta é outra das más notícias crónicas. Em 2018, as diferenças entre géneros nos 11 anos não são significativas, verifica-se, no entanto, a tendência para as raparigas (30%) sentirem mais pressão com os trabalhos de casa do que os rapazes (28%). Ambos os géneros se mantêm acima da média europeia (rapaz 26%, raparigas 25%), apesar da tendência europeia ser em sentido diferente do que em Portugal, ou seja, em média os rapazes é que tendem a sentir mais pressão com os trabalhos de casa. Aos 15 anos, as raparigas (73%) sentem mais pressão com os trabalhos de casa do que os rapazes (49%), acima da média europeia (rapaz 38%, rapariga 51%).

Outra má notícia crónica diz respeito à prática da atividade física dos jovens portugueses que continua fraca, poucos cumprem com o recomendado, e fica aquém da média europeia. Os resultados são maus desde 1998. Os jovens portugueses apresentam valores mais elevados no que se refere ao excesso de peso e à obesidade, comparativamente à média dos restantes países do estudo.

Satisfeitos com a vida, seguros na escola
Há também boas notícias. O comportamento alimentar continua, em geral, melhor do que a média europeia, e também melhorou a nível nacional. “A qualidade está garantida, mas não a apresentação e o sabor de acordo com os adolescentes portugueses”. O consumo de cannabis está a descer e, neste momento, é menor do que a média europeia. Mais uma boa notícia do estudo que, ao todo, recolheu respostas de 227 441 adolescentes de 11, 13 e 15 anos de 45 países. Esta base internacional incluiu 5839 jovens portugueses, 3065 dos quais do género feminino, 52,5% da amostra.

Há situações que se mantêm ao longo dos anos. A qualidade da comunicação com o pai e a mãe, com diferenças de padrão nos rapazes e nas raparigas, mantém-se e é superior à média europeia. A perceção de suporte familiar aumentou entre 2014 e 2018. Em 2018 ambos os géneros estavam acima da média europeia (rapazes 73%, raparigas 70%), enquanto em 2014 mantinham valores semelhantes à média europeia (rapazes 72%, raparigas 69%). “Em termos comparativos os resultados do apoio social entre pares sugerem que as raparigas recebem mais apoio social por parte dos amigos e os rapazes por parte dos colegas da escola”.

A satisfação com a vida melhorou desde 2014. Os jovens de 15 anos dão nota de 7,4 numa escala de 0 a 10. O estudo, feito no nosso país desde 1998 e internacionalmente desde 1983, adianta ainda que 80,3% dos alunos portugueses sentem-se sempre ou quase sempre seguros na escola. Os acidentes e lesões são menos frequentes que a média europeia nas raparigas mais novas e são mais frequentes nas raparigas mais velhas. São mais frequentes que a média europeia nos rapazes mais novos e menos frequentes nos rapazes mais velhos. O que sugere, lê-se, “um padrão de desenvolvimento diferente nos acidentes e lesões em rapazes e raparigas em Portugal em comparação com os outros países”. O que merece atenção.

As lesões e os acidentes têm vindo a aumentar sobretudo nas raparigas no escalão etário intermédio, dos 13 anos, e nos rapazes mais novos. O ciberbullying é inferior à média europeia. Tem tendência a subir dos 11 para os 13 anos e descer dos 13 para os 15 anos. As lutas diminuíram nos mais velhos e nas raparigas e são menos frequentes face à média europeia. Aumentaram, porém, nos mais novos, sendo nesta idade mais frequentes que a média europeia.

Tristeza, nervosismo, irritação
As raparigas mais velhas usam bastante a comunicação online, verifica-se um elevado uso das ferramentas tecnológicas. Na preferência pela comunicação online para a partilha de segredos, sentimentos e preocupações, sobressaem os rapazes de 11 e 13 anos, quando comparados com as raparigas. No relato de impactos negativos das redes sociais verificam-se diferenças estatisticamente significativas nos 13 anos, apresentando as raparigas uma maior percentagem: rapazes 6%, raparigas 9%.

O álcool apresenta uma tendência de subida, mas a embriaguez está a descer. Os rapazes e raparigas de 13 anos e as raparigas de 15 demonstram um consumo ligeiramente superior à média ao longo da vida e nos últimos 30 dias em que participaram no estudo. E 11% dos rapazes e 9% das raparigas de 15 anos reportaram ficar embriagados nesses últimos 30 dias, sendo que a média dos restantes países é de 16% e 13%, respetivamente.

Em 2018, na percentagem de adolescentes que refere ter tido relações sexuais até aos 15 anos, Portugal com 18,5% está na média europeia, que é de 19%. A percentagem do uso do preservativo (68%) e da pílula (34%) na última relação sexual está acima da média europeia (preservativo 61%, pílula 26%). Relativamente a ter tido relações sexuais até aos 15 anos, em 2018, em Portugal há diferenças estatisticamente significativas entre géneros: rapazes 22%, raparigas 15%.

Em 2018, é mais frequente os alunos apresentarem dois ou mais sintomas físicos ou psicológicos do que em 2014, mas ainda assim inferior à média europeia. No mesmo ano, de modo geral, são mais frequentes as dificuldades em adormecer, tristeza, nervosismo, irritação e dores de costas. São menos frequentes as dores de cabeça. Há uma menor frequência de tonturas em relação à média europeia, valor que se manteve em 2018 em Portugal.

Margarida Gaspar de Matos, coordenadora do estudo em Portugal, psicóloga e professora, destaca a questão do fraco gosto pela escola e a pressão dos trabalhos de casa. Um problema crónico, na sua opinião. “Temos a falta de atividade física sobretudo nos mais velhos e nas meninas. Outro problema crónico”, refere ao EDUCARE.PT. A alimentação melhorou, o excesso de peso mantém-se. Evidencia-se a perceção de um bom apoio social dado pela família e pelos amigos, não tanto pelos professores. Há três resultados que serão estudados no próximo ano. A cannabis a descer. O álcool a subir, mas a embriaguez a descer. As lesões com a idade a descer nos rapazes e a subir nas raparigas.

“Ouvir os alunos e os professores, os pais e os outros profissionais na escola, é importante para mudar as coisas. Já há muitas escolas a fazer grande trabalho. Pode aprender-se com estas e multiplicar efeitos. Parece que o estilo e o dinamismo do(a) diretor(a) faz toda a diferença, agora que as escolas estão num processo de autonomia”, diz Margarida Gaspar de Matos. “Este ano iniciamos um projeto muito inovador em nove escolas por todo o país, em conjunto com a Direção-Geral da Educação, o ESABE – Ecossistemas de Aprendizagem, Saúde e Bem-Estar. É um projeto de construção e partilha de soluções. Se o projeto continuar, apareceremos com um conjunto de metodologias durante o próximo ano”, adianta.

No estudo internacional, Portugal encontra-se na 22.ª posição, nos 45 países que participam no estudo HBSC, quanto ao nível médio de riqueza das famílias portuguesas. A maioria dos pais, 94,6%, está empregado, 1,5% dos pais e 3,5% das mães não têm um trabalho, e 0,4% de jovens têm ambos os pais desempregados. Portugal apresenta um nível de desemprego nas mães (3,5%) superior à média dos 45 países incluídos (2,9%). A frequência de pais e mães empregados de 94,6% é inferior à média europeia de 95,3%.

No estudo em Portugal, os jovens são na sua maioria de origem portuguesa (74,8%). Existem 19,5% em que pelo menos um dos seus pais nasceu fora do país. Relativamente à estrutura familiar, 69,8% vivem com os pais na mesma casa. Dos que não vivem com ambos os pais, 17,8% vivem numa família monoparental e 12,4% noutro tipo de estruturas familiares.

A opinião de EINSTEIN sobre o capitalismo



«A anarquia económica da sociedade capitalista tal como existe hoje é, na minha opinião, a verdadeira fonte do mal.
Vemos diante de nós uma enorme comunidade de indivíduos, alguns dos quais lutam incessantemente para despojar os outros dos frutos do seu trabalho colectivo.
Estou convencido de que há apenas uma forma de eliminar estes sérios males, nomeadamente através do estabelecimento de um economia socialista, acompanhada por um sistema educacional que seria orientado para objectivos sociais. »

Albert Einstein, in Why Socialism?

Katherine Johnson Dies at 101; Mathematician Broke Barriers at NASA

She was one of a group of black women mathematicians at NASA and its predecessor who were celebrated in the 2016 movie “Hidden Figures.”

Katherine Johnson, part of a small group of African-American women mathematicians who did crucial work at NASA, in 1966.Credit...NASA/Donaldson Collection, via Getty Images



Feb. 24, 2020


They asked Katherine Johnson for the moon, and she gave it to them.

Wielding little more than a pencil, a slide rule and one of the finest mathematical minds in the country, Mrs. Johnson, who died at 101 on Monday at a retirement home in Newport News, Va., calculated the precise trajectories that would let Apollo 11 land on the moon in 1969 and, after Neil Armstrong’s history-making moonwalk, let it return to Earth.

A single error, she well knew, could have dire consequences for craft and crew. Her impeccable calculations had already helped plot the successful flight of Alan B. Shepard Jr., who became the first American in space when his Mercury spacecraft went aloft in 1961.

The next year, she likewise helped make it possible for John Glenn, in the Mercury vessel Friendship 7, to become the first American to orbit the Earth.

Yet throughout Mrs. Johnson’s 33 years in NASA’s Flight Research Division — the office from which the American space program sprang — and for decades afterward, almost no one knew her name.

Mrs. Johnson was one of several hundred rigorously educated, supremely capable yet largely unheralded women who, well before the modern feminist movement, worked as NASA mathematicians.

Mrs. Johnson at her desk at Langley in an undated photo. Credit...NASA

But it was not only her sex that kept her long marginalized and long unsung: Katherine Coleman Goble Johnson, a West Virginia native who began her scientific career in the age of Jim Crow, was also African-American.

In old age, Mrs. Johnson became the most celebrated of the small cadre of black women — perhaps three dozen — who at midcentury served as mathematicians for the space agency and its predecessor, the National Advisory Committee for Aeronautics.

Their story was told in the 2016 Hollywood film “Hidden Figures,” based on Margot Lee Shetterly’s nonfiction book of the same title, published that year. The movie starred Taraji P. Henson as Mrs. Johnson, the film’s central figure. It also starred Octavia Spencer and Janelle Monáe as her real-life colleagues Dorothy Vaughan and Mary Jackson.

In January 2017 “Hidden Figures” received the Screen Actors Guild Award for outstanding performance by a cast in a motion picture.

The film was nominated for three Oscars, including best picture. Though it won none, the 98½-year-old Mrs. Johnson received a sustained standing ovation when she appeared onstage with the cast at the Academy Awards ceremony that February.

Of the black women at the center of the film, Mrs. Johnson was the only one still living at the time of its release. By then, she had become the best-known member of her formerly unknown cohort.

In 2015, President Barack Obama awarded her the Presidential Medal of Freedom, proclaiming, “Katherine G. Johnson refused to be limited by society’s expectations of her gender and race while expanding the boundaries of humanity’s reach.”

In 2017, NASA dedicated a building in her honor, the Katherine G. Johnson Computational Research Facility, at its Langley Research Center in Hampton, Va.

That year, The Washington Post described her as “the most high-profile of the computers” — “computers” being the term originally used to designate Mrs. Johnson and her colleagues, much as “typewriters” was used in the 19th century to denote professional typists.

She “helped our nation enlarge the frontiers of space,” NASA’s administrator, Jim Bridenstine, said in a statement on Monday, “even as she made huge strides that also opened doors for women and people of color in the universal human quest to explore space.”

Taraji P. Henson portraying Mrs. Johnson in a scene from the 2016 movie “Hidden Figures.”Credit...Twentieth Century Fox, via Associated Press

As Mrs. Johnson herself was fond of saying, her tenure at Langley — from 1953 until her retirement in 1986 — was “a time when computers wore skirts.”

For some years at midcentury, the black women who worked as “computers” were subjected to a double segregation: Consigned to separate office, dining and bathroom facilities, they were kept separate from the much larger group of white women who also worked as NASA mathematicians. The white women in turn were segregated from the agency’s male mathematicians and engineers.

“As Good as Anybody”

But over time, the work of Mrs. Johnson and her colleagues — myriad calculations done mainly by hand, using slide rules, graph paper and clattering desktop calculating machines — won them a level of acceptance that for the most part transcended race.

“NASA was a very professional organization,” Mrs. Johnson told The Observer of Fayetteville, N.C., in 2010. “They didn’t have time to be concerned about what color I was.”

Nor, she said, did she.

“I don’t have a feeling of inferiority,” Mrs. Johnson said on at least one occasion. “Never had. I’m as good as anybody, but no better.”

To the end of her life, Mrs. Johnson deflected praise for her role in sending astronauts into space, keeping them on course and bringing them safely home.

“I was just doing my job,” Ms. Shetterly heard her say repeatedly in the course of researching her book.

But what a job it was — done, no less, by a woman born at a time, Ms. Shetterly wrote, “when the odds were more likely that she would die before age 35 than even finish high school.”

Creola Katherine Coleman was born on Aug. 26, 1918, in White Sulphur Springs, W.Va., the youngest of four children of Joshua and Joylette (Lowe) Coleman. Her mother was a schoolteacher, her father a farmer.

From her earliest childhood Katherine counted things: the number of dishes in the cupboard, the number of steps on the way to church and, as insurmountable a task as it might pose for one old enough to be daunted, the number of stars in the sky.

“I couldn’t wait to get to high school to take algebra and geometry,” Mrs. Johnson told The Associated Press in 1999.

But for black children, the town’s segregated educational system went as far as only sixth grade. Thus, every fall, Joshua Coleman moved his family 125 miles away to Institute, W.Va.

In Institute, Katherine’s older siblings, and then Katherine, attended the high school associated with the West Virginia Collegiate Institute, a historically black institution that became West Virginia State College and is now West Virginia State University.

Mrs. Johnson at NASA’s Langley Research Center in 1980.Credit...NASA

Mr. Coleman remained in White Sulphur Springs to farm, and, when the Depression made farming untenable, to work as a bellman at the Greenbrier, a world-renowned resort there.

Katherine entered high school at 10 and graduated at 14. The next year she entered West Virginia State. By her junior year, she had taken all the math courses the college had to offer.

Her mentor there, William Waldron Schieffelin Claytor, only the third black person to earn a doctorate in mathematics from an American university, conceived special classes just for her.

“You would make a good research mathematician,” he told his 17-year-old charge. “And I am going to prepare you for this career.”

“Where will I find a job?” Katherine asked.

“That,” he replied, “will be your problem.”

After graduating summa cum laude in 1937 with a double major in mathematics and French, she found, unsurprisingly, that research opportunities for black female teenage mathematicians were negligible. She took a job as a schoolteacher in Marion, Va.

In 1940, she was chosen by the president of West Virginia State to be one of three black graduate students to integrate West Virginia University, the all-white institution in Morgantown.

Two years earlier, ruling in the civil-rights case Missouri ex rel. Gaines v. Canada, the United States Supreme Court held that where comparable graduate programs did not exist at black universities in Missouri, the state was obliged to admit black graduate students to its white state universities. In the wake of that decision, West Virginia’s governor, Homer Holt, chose to desegregate public graduate schools in his state.

Now married to James Francis Goble, a chemistry teacher, she entered West Virginia University in the summer of 1940, studying advanced mathematics.

“The greatest challenge she faced,” Ms. Shetterly wrote, “was finding a course that didn’t duplicate Dr. Claytor’s meticulous tutelage.”

But after that summer session, on discovering she was pregnant with her first child, she withdrew from the university. She returned with her husband to Marion and was occupied with marriage, motherhood and teaching for more than a decade.

NASA Opens to Women

Then, in 1952, Katherine Goble heard that Langley was hiring black women as mathematicians.

The oldest of NASA’s field centers, Langley had been established by the National Advisory Committee for Aeronautics in 1917. In 1935, it began hiring white women with mathematics degrees to relieve its male engineers of the tedious work of crunching numbers by hand.

Within a decade, several hundred white women had been employed as computers there. Most, unlike the male scientists at the agency, were classified as subprofessionals, paid less than their male counterparts.

In June 1941, as the nation prepared for war, President Franklin D. Roosevelt signed Executive Order 8802, barring racial discrimination in the defense industry. In 1943, with the wartime need for human computers greater than ever, the Langley Memorial Aeronautical Laboratory, as the research facility was then known, began advertising for black women trained in mathematics.

Among the first hired was Dorothy Vaughan, who began work that year. In 1951, Mrs. Vaughan became the first black section head at NACA, as the advisory committee was known, when she was officially placed in charge of Langley’s West Area Computing Unit, the segregated office to which the black women were relegated.

It was in this unit that Katherine Goble began work in June 1953, tabulating sheets of data for the agency’s engineers.

By the time she arrived, the company cafeteria had already undergone de facto desegregation: Its “Colored Computers” sign, designating a table in the back for the women, had been a salubrious casualty of the war years. But the separate bathrooms remained.

Quite by accident, Katherine Goble broke that color line herself. While the agency’s bathrooms for black employees were marked as such, many bathrooms for whites were unmarked.

Without realizing it, she had been using a white women’s restroom since her arrival. By the time she became aware of her error, she was set in her routine and disinclined to change. No one took her to task, and she used the white bathrooms from then on.

Two weeks into her new job, she was borrowed by the Flight Research Division, which occupied an immense hangar on the Langley grounds.

There, the only black member of the staff, she helped calculate the aerodynamic forces on airplanes. For that task, as she quickly demonstrated, she came armed with an invaluable asset.

“The guys all had graduate degrees in mathematics; they had forgotten all the geometry they ever knew,” Mrs. Johnson said in the Fayetteville Observer interview. “I still remembered mine.”

She remained in the division for the rest of her career.

Mrs. Johnson did the trajectory analysis for the launch of Freedom 7 in 1961, the Mercury program mission on which Alan B. Shepard became the first American in space.Credit...NASA

By the early 1960s, with the United States provoked by Soviet prowess in space, NASA was under great pressure to launch an astronaut. It fell to the Flight Research Division to do many of the associated calculations.

“Our assignment was the trajectory,” Mrs. Johnson explained to The Associated Press. “As NASA got ready to put someone in space, they needed to know what the launch conditions were. It was our assignment to develop the launch window and determine where it was going to land.”

Clandestine Calculations

Their work was secret — at times even from the mathematicians themselves.

“We were the pioneers of the space era,” Mrs. Johnson told The Daily Press, a Virginia newspaper, in 1990. “You had to read Aviation Week to find out what you’d done.”

She routinely logged 16-hour days, once falling asleep at the wheel of her car and waking up — safe, providentially — at the side of the road.

But the work engaged her deeply.

“I loved every single day of it,” she told Ms. Shetterly. “There wasn’t one day when I didn’t wake up excited to go to work.”

It helped sustain her through the death of her first husband from brain cancer in 1956, leaving her, at 38, a widow with three adolescent daughters. She married James A. Johnson, a United States Army captain, in 1959.

Over the years, Mrs. Johnson published more than two dozen technical papers. She was among the first women at NASA to be a named author or co-author on an agency report.

Ceaselessly curious about the aerospace technology that underpinned her work, she made it possible for women to attend the agency’s scientific briefings, formerly closed-door affairs reserved for male staff members. (“Is there a law against it?” Mrs. Johnson asked, and when her male colleagues, after some head-scratching, concluded that, no, there was no law, they let her in.)

After retiring from NASA, Mrs. Johnson became a public advocate for mathematics education, speaking widely and visiting schools.

Her death was announced by NASA. She is survived by two daughters, Joylette Hylick and Katherine Moore; six grandchildren; and 11 great-grandchildren. Another daughter, Connie Garcia, died in 2010; her second husband, James Johnson, died in 2019.

Mrs. Johnson, left, and her fellow former NASA scientist Christine Darden in 2016 at the Hampton History Museum in Virginia.Credit...Chet Strange for The New York Times

Mrs. Johnson’s colleague Mary Jackson died in 2005; Dorothy Vaughan died in 2008.

An autobiography by Mrs. Johnson for young readers, “Reaching for the Moon,” was published last year.

In 2016, Mrs. Johnson, self-effacing as ever at 98, seemed somewhat indifferent to the fuss surrounding the feature film about her life.

“I shudder,” she told The New York Times that September, some three months before the film’s release, having heard that the screenwriters might have made her character seem a tiny bit aggressive. “I was never aggressive.” (As things transpired, Mrs. Johnson liked the finished film very much, Ms. Shetterly said in an interview for this obituary in 2017.)

Mrs. Johnson may not have been aggressive, but she was assuredly esteemed. An index of just how esteemed she was came from Mr. Glenn, Mercury astronaut and future United States senator, who died in 2016.

In early 1962, a few days before he prepared to orbit the Earth in Friendship 7, Mr. Glenn made a final check of his planned orbital trajectory. The trajectory had been generated by a computer — not the flesh-and-blood kind, but the electronic sort, which were starting to supplant the agency’s human calculators.

Electronic computation was still something of a novelty at NASA, and Mr. Glenn was unsettled by the use of a soulless mass of metal to divine something on which his life depended.

He asked that Mrs. Johnson double-check the machine’s figures by hand.

“If she says the numbers are good,” he declared, “I’m ready to go.”