sexta-feira, 23 de setembro de 2022

Sobre a Bicicleta em Portugal

O estranho caso do país que é líder europeu destacado na produção de bicicletas, com mais de 2,9 milhões de unidades (1 em cada cinco fabricadas na Europa saem de Portugal), mas que é o lanterna vermelho na sua utilização diária para o trabalho ou escola.


Pois, o teletrabalho parece fazer mais pelo ambiente, em Portugal, que o automóvel e a bicicleta. As escolas, as empresas não estão preparadas para resolver coisas simples para quem usa bicicleta: Onde trocar de roupa? Onde tomar um duche? 
Ciclovias desadequadas. Mal feitas.  
Parques? Deslocamentos simples até um supermercado e só temos uns 3-4 lugares, escolas idem, empresas idem.... 
Vandalismo, seguros, passadeiras  troca de pneus, falta de policiamento municipal. 
Empregos a 10 ou mais Km sem transportes públicos DIRECTOS e adequados...Muito para resolver...
Cada cidade portuguesa é um caos/ diversos problemas e MUITO poucas cidades planas.

Estratégia Nacional para a Mobilidade Ativa Ciclável (2020-2030)

Em 2011, segundo os Censos, apenas 0,5% das deslocações pendulares em Portugal eram feitas de bicicleta. O objetivo é atingir, até 2030, 7,5% das deslocações pendulares em todo o território nacional e 10% das deslocações pendulares nas cidades.

Entre as razões apontadas para esta aposta estão:
  • Promoção de saúde, combatendo a inatividade física que constitui um fator de risco que afeta particularmente a população portuguesa (assim reduzindo também os gastos do Serviço Nacional de Saúde);
  • Fortalecimento da economia e criação de emprego, reduzindo tempo de deslocações, reduzindo custos (associados a congestionamentos, sinistralidade, saúde, gastos com transporte, etc.), alargando o acesso a oportunidades de trabalho, beneficiando a economia de proximidade e o turismo, desenvolvendo o cluster da indústria da bicicleta em Portugal;
  • Melhoria do ambiente, contribuindo para os compromissos nacionais decorrentes do Acordo de Paris, no sentido de garantir a neutralidade carbónica em 2050;
  • Reforço da cidadania, ao promover a humanização das cidades, a participação na vida pública e a inclusão social.
A visão da Estratégia é:
Um país “orgulhosamente ativo”, onde caminhar e pedalar são atividades seguras e amplamente praticadas, constituindo opções de mobilidade acessíveis e atrativas, maximizando benefícios para a saúde, economia e emprego, ambiente e cidadania.
Entre as medidas propostas estão: o aumento das ciclovias, passando dos atuais 2 mil kms para 10 mil kms;  a inclusão da bicicleta como matéria nuclear do currículo de educação física, desde o 1º ciclo ao secundário; o possível alargamento do seguro escolar para as deslocações de bicicleta; medidas de acalmia de tráfego com a implementação de “zonas 30” e “zonas 20” como limites máximos de velocidade; a integração com os transportes públicos; incentivos fiscais para os cidadãos e organizações; o aperfeiçoamento do código da estrada e a sua execução efetiva; promoção do uso de bicicletas de carga no âmbito da logística urbana; o desenvolvimento de uma base de dados para fins de monitoramento, apoio à decisão política e fonte de informação para a investigação, entre outros.

O objetivo é também normalizar a utilização da bicicleta e promover uma cultura de mobilidade ativa, no âmbito de uma desejada mudança societal ao nível de comportamentos e mentalidades.

A missão geral da Estratégia é assim colocada:
Incentivar e generalizar o “andar a pé” e “andar de bicicleta” nas deslocações quotidianas e de lazer, tornando a mobilidade ativa a forma mais popular para percorrer curtas distâncias, potenciando sinergias com o transporte público em todo o território nacional e melhorando significativamente a qualidade de vida dos portugueses.

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