quarta-feira, 17 de agosto de 2022

Demorou 50 anos. Academia pede desculpas a Sacheen Littlefeather, atriz nativo-americana que subiu ao palco dos Óscares a pedido de Marlon Brando

Faz bem a Academia em regressar a este dia triste de 1973, em que uma cidadã pertencente a uma minoria massacrada pelos colonos que, rápida e violentamente os fizeram passar de cerca de 23 milhões para pouco mais que DOIS, foi vaiada apenas pela sua etnia.



Em 1973, a atriz e ativista Sacheen Littlefeather denunciou, na cerimónia dos Óscares, o tratamento dos nativos-americanos pela indústria cinematográfica e pela televisão. Foi assobiada, insultada e até John Wayne terá sido impedido de subir ao palco para a retirar à força. O pedido de desculpa da Academia chegou agora, quase 50 anos depois.

A Academia de Artes e Ciências Cinematográficas de Hollywood tornou pública uma carta enviada, em junho, pelo presidente David Rubi a Sacheen, onde este assume que "os maus-tratos que [a atriz] sofreu por causa dessa declaração foram gratuitos e injustificados", acrescentando que, "durante muito tempo, a coragem que mostrou não foi reconhecida". "Por isso, oferecemos as nossas mais profundas desculpas e sincera admiração.”

Na cerimónia de 1973, Sacheen Littlefeather, então com 26 anos, subiu ao palco a pedido de Marlon Brando para receber e recusar o Óscar de Melhor Ator pelo papel em "O Padrinho". No seu discurso, escrito pelo ator norte-americano, a atriz nativo-americana não só denunciou o tratamento dos índios pela indústria, como também abordou o que aconteceu em Wounded Knee - um confronto violento entre nativos-americanos e agentes federais que ocorreu na Dakota do Sul no mesmo ano.

Sacheen, atualmente com 75 anos, reagiu com humor ao pedido de desculpa da Academia. "Nós, índios, somos pessoas muito pacientes, passaram-se apenas 50 anos!"

O pedido de desculpas veio acompanhado do anúncio de um evento com a atriz, que acontecerá no próximo dia 17 de setembro no Museu da Academia e que abordará o incidente e a representação do povo indígena no mundo audiovisual, descrito pela academia como "um programa muito especial de conversa, reflexão, cura e celebração”.

Sacheen Littlefeather descreve o evento como "um sonho tornado realidade". "É profundamente encorajador ver que muito mudou desde que não aceitei o Óscar há 50 anos."

Fonte: CNN

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