sexta-feira, 15 de janeiro de 2021

"Fracasso" francês na defesa do ambiente


Fonte: Euronews

É conhecido em França como "O caso do século" e chegou finalmente a tribunal. Uma queixa contra o Estado francês pela inércia na proteção do ambiente ao longo das últimas décadas. O processo foi aberto há dois anos. Junta quatro organizações ambientalistas e tem o apoio de dois milhões e trezentos mil cidadãos.

Na abertura da sessão, no Tribunal Administrativo de Paris, o ministério público reconheceu a "culpa" do Estado - uma primeira vitória para a acusação que fala num "momento inacreditável".

Cécilia Rinaudo é coordenadora da Notre Affaire à Tous, uma das quatro organizações que estão na base deste processo judicial

Cécilia Rinaudo, coordenadora da organização Notre Affaire à Tous, sublinha que o que está em causa é que "durante anos, os governos têm feito promessas sobre o clima" e "os resultados não se vêem". A ativista lembra que "a França está na base de todos os acordos" alcançados internacionalmente. Nas suas palavras "é tempo do governo assumir as suas responsabilidades".

No mesmo sentido, Cécile Duflot, Diretora da Oxfam em França, sublinha que não se pode "colocar a responsabilidade de combater as alterações climáticas sobre os ombros dos cidadãos," acrecentando que "o Estado deve agir através de políticas públicas", e que isso "tem sido dito muito claramente".

Para o diretor executivo da Greenpeace em França, "se houver uma condenação do Estado francês, será muito complicado para o poder político e para o Governo continuar a afirmar que a França tem uma trajectória exemplar". À saída da primeira sessão no Tribunal Administrativo de Partis, Jean-François Julliard mostrou-se optimista.

Há cinco anos, o Acordo de Paris determinou limitar o aquecimento global a menos de 2 graus Celsius em relação aos níveis pré-industriais.

Os peritos dizem que a marca está longe de ser cumprida. O caso francês faz parte de um esforço crescente de ambientalistas em todo o mundo, usando a justiça para pressionar os governos a agir.


Sem comentários: