terça-feira, 3 de janeiro de 2017

Parlamento Europeu publica Estudo sobre Efeitos da Alimentação e Agricultura Biológica na Saúde Humana

Estudo sugere que grávidas e crianças devem consumir biológico

O Centro de Serviços de Investigação do Parlamento Europeu realizou uma revisão de diferentes estudos na área da alimentação e agricultura biológica e os seus efeitos na saúde humana, com foco na questão da saúde pública. As conclusões políticas do estudo apontam para o aconselhamento a grávidas e crianças para o consumo de frutas e legumes biológicos, para a necessidade de maiores apoios à agricultura biológica, alimentação biológica e investigação na área, assim como para a necessidade de maior fiscalização.


O estudo afirma ser já um dado científico que o público consumidor de produtos biológicos tem maior tendência a hábitos de vida saudáveis como um maior consumo de fruta, legumes e cereais integrais. Estes mesmos hábitos estão associados a uma diminuição da Diabetes tipo 2 e doenças cardiovasculares. O estudo conclui também que estes padrões são também positivos do ponto de vista ambiental estando associados a uma menor libertação de gases de estufa e melhor uso da terra.

O facto de não serem usados químicos de síntese na alimentação biológica é certamente um fator de redução de ricos para a saúde humana. O estudo conclui com grande certeza que a exposição aos pesticidas é substancialmente reduzida assim como o risco de sofrer das doenças crónicas a eles associadas. Pode ler-se no relatório que “apesar dos pesticidas serem testados antes de irem para o mercado, há ainda falhas importantes que permanecem, como por exemplo as avaliações que continuam a ignorar os estudos que evidenciam os efeitos negativos dos pesticidas organofosforados no desenvolvimento cognitivo das crianças. Durante a gravidez e nos primeiros anos de vida é desaconselhado o consumo de pesticidas, mas, no entanto, é aconselhado o consumo de frutas e legumes.” Assim, uma das consequências políticas do estudo, sugeridas pelos investigadores, será a de aconselhar a alimentação biológica a grávidas e a crianças.

Outro dos aspetos focados nesta revisão é a qualidade do solo e das plantas na produção biológica. O solo apresenta menores níveis de azoto e o desenvolvimento das plantas é afetado de forma positiva. Verificaram-se quantidades ligeiramente superiores de polifenóis em alimentos biológicos, sendo estes compostos importantes para a prevenção de doenças crónicas em seres humanos. Os minerais e vitaminas têm algumas variações, mas não muito significativas. Os investigadores apontam para o facto de que há outras variáveis envolvidas no que diz respeito à composição nutricional das plantas, tais como: variedade, tipo de solo, clima, condições climáticas.

Um dos aspetos mais relevantes para os investigadores no que diz respeito à saúde pública é a quantidade de cádmio existente nos solos onde a produção é convencional. “O uso a longo prazo de fertilizantes minerais de fósforo contribuiu para o aumento do cádmio em solos agrícolas. Há indícios de que as culturas produzidas pela agricultura biológica, especificamente cereais, têm concentrações comparativamente baixas de cádmio.” O estudo afirma que “Isto é altamente relevante para a saúde humana porque a alimentação é a via de transmissão de cádmio em não-fumadores” e reforça a importância deste ponto na investigação, afirmado que “A exposição atual da população ao cádmio está próxima e, em alguns casos, acima, dos limites toleráveis. Experiências de longo prazo, com mais de 100 anos, indicam que as culturas de cereais fertilizadas com adubo mineral tendem a ter maior teor de cádmio em comparação com as culturas de cereais fertilizadas com estrume animal"

Também no consumo de produtos de origem animal há diferenças significativas: o leite biológico tem em média quantidades superiores de ómega 3, em cerca de 50%, assim como a carne e os ovos. Este fator deriva do facto da produção animal biológica ter como base a alimentação em pastagens ao ar livre e menos em rações compostas. Para os investigadores, bem mais relevante para a saúde pública, é o contributo do modo de produção animal convencional para o aumento da resistência das bactérias aos antibióticos, sendo que a produção animal biológica exclui por completo os antibióticos, mostrando-se mais favorável à saúde pública.

No momento em que se prepara uma nova legislação para a Agricultura Biológica na Europa, as conclusões políticas do estudo apontam para a importância de proporcionar maiores apoios à agricultura biológica, alimentação biológica e investigação na área, assim como para a necessidade de maior fiscalização. Os investigadores sugerem que a alimentação biológica (de frutas e legumes) deve ser a aconselhada durante a gravidez e na alimentação das crianças, que a diminuição do cádmio nos solos, a diminuição da exposição aos pesticidas e  diminuição do uso antibióticos em animais devem estar no topo das prioridades da saúde pública e a solução pode estar na agricultura biológica.
Tenha acesso ao relatório oficial aqui.

Fonte: Agrobio

1 comentário:

Rogério G.V. Pereira disse...

Voltarei aqui
na véspera da audiência que conto vir a ter com a direcção do INIAVE

dá-me dicas que os desarme
(pedem ser três perguntas inocentes)