segunda-feira, 30 de janeiro de 2017

Isidro, defensor das florestas, abatido a tiro no México

Isidro Baldenegro. Fonte: APorrea

O activista ambiental mexicano Isidro Baldenegro, reconhecido pela sua luta contra o abate ilegal das florestas na Sierra Madre, foi baleado mortalmente, informaram as autoridades no dia 18 de Janeiro. Isto acontece cerca de um ano depois do assassinato de outra activista ambiental, Berta Cáceres, nas Honduras.

Isidro Baldenegro, 51 anos, era agricultor e líder do povo indígena Tarahumara, na região montanhosa de Sierra Madre, um dos ecossistemas mais ricos do planeta. Em 2005 recebeu o prestigiado Goldman Prize pela sua luta em nome das florestas. “Passou grande parte da vida a defender as florestas antigas, de crescimento lento, do devastador abate de árvores numa região marcada pela violência, corrupção e tráfico de droga”, segundo um comunicado dos Goldman Prize.

Várias ameaças de morte já tinham obrigado Isidro a abandonar o estado de Chihuahua, segundo o jornal New York Times, citando Isela González, directora da Alianza Sierra Madre, organização que defende os direitos do povo Tarahumara.

Recentemente, Isidro regressou à região, mais concretamente a Coloradas de la Virgen, para visitar um tio. Na tarde de domingo, Romero Rubio Martínez, que estava na casa desse tio, puxou da arma e disparou seis tiros, tendo fugido de seguida, segundo o gabinete do Ministério Público de Chihuahua, citado por aquele jornal. Isidro morreu poucas horas depois.

Os motivos para este assassinato ainda não foram esclarecidos.

A União Internacional para a Conservação da Natureza (UICN) já reagiu à notícia da morte de Isidro Baldenegro, dizendo estar “comovida e entristecida”. “Estamos consternados com estas insensatas mostras de violência sobre activistas ambientais que, por meios pacíficos, defendem a natureza”, comentou Inger Andersen, a directora-geral da UICN, o mais alto organismo internacional para a conservação. “Os activistas que dedicam as suas vidas a proteger pessoas e natureza devem receber protecção, não devem trabalhar num ambiente de violência e de medo”, acrescentou.

A organização lançou um apelo a “todos os Governos do mundo para que façam os possíveis para julgar todos aqueles que tenham como objectivo a violência contra activistas ambientais na América Latina e em outros países”.

Isidro é já o segundo galardoado dos prémios Goldman a ser assassinado. Em Março de 2016, Berta Cáceres, 45 anos, foi assassinada na sua própria casa nas Honduras.

Susan R. Gelman, presidente da Fundação Goldman Environmental Foundation, diz-se “profundamente afectada pela morte de Isidro Baldenegro”. “O seu trabalho incansável na organização de protestos pacíficos contra o abate ilegal de árvores na Sierra Madre ajudou a proteger as florestas, as terras e os direitos do seu povo”, comentou, em comunicado.

“Era destemido e uma fonte de inspiração para tantas pessoas que lutam para proteger o Ambiente e os direitos dos povos indígenas.”

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