quarta-feira, 6 de abril de 2016

Documentário - O Cante é como eu


Documentário - O Cante é como eu
O Cante Alentejano em Ferreira do Alentejo


Video da própria UNESCO (legends in English)


Na região do Alentejo, este é um género musical composto por um grupo de amadores sem instrumentos, onde existem duas vozes a solo alternadas com o restante coro.

Antigamente, este estilo musical era feito de forma espontânea por um grupo de pessoas, na qual frequentemente se juntavam aquando os trabalhos do campo. A sua importância era marcada como estímulo, cantando ao ritmo do trabalho da ceifa ou como por exemplo na apanha da azeitona, através do manuseamento da vara. Com o passar dos anos, as formas de trabalhar foram-se alterando e isso fez com que o Cante Alentejano deixasse de ter a importância de outros dias. Passou assim a ser cantado em tabernas, sítio que na altura estava proibido às mulheres. Por esse motivo, o papel das mulheres desapareceu do Cante Alentejano, sendo que apenas depois do 25 de abril é que puderam voltar a constituir grupos femininos e a sua ingressão em grupos masculinos. Também antes do 25 de abril o cante não era bem visto, pois os seus temas eram e são usualmente tristes, dando a conhecer os sentimentos, as saudades, as recordações das suas raízes, amor, melancolia e ainda como cantos de intervenção, o que para o regime era uma afronta. Um grande impulso foi o Grândola Vila Morena de José Afonso que se eternizou na história de Portugal. Após 1974, os grupos de Cante Alentejano voltaram em força a dar voz às suas raízes, cantando sobre memórias passadas referentes às opressões do regime fascista.

Mas claro, também existem canções com humor e cheias de ironia que nos encantam e que as sabemos trautear de cor. Para mim a mais marcante é “Eu ouvi um passarinho”:

O passarinho cantou..." , música que o meu pai me cantava quando era pequenina e que me foi acompanhando na infância. Recordo ainda hoje com saudade esses momentos.

O Cante Alentejano é uma tradição que se ouve e que se entranha. É um estilo musical cheio de alma e carisma que nos remete a um intenso sentimento transportado por um povo através das suas puras vozes.

Todos nós sentimos que temos uma “costela” alentejana quando ouvimos os grupos a cantar de coração cheio. É parte da identidade portuguesa e, por este motivo, foi considerado no ano de 2014 Património Cultural Imaterial da Humanidade pela UNESCO, tal como o nosso Fado.

Ao longo dos anos começaram a aparecer mais grupos e projetos de ensinos do Cante em várias zonas do Alentejo e até em Lisboa. Atualmente existem grupos formados por cerca de 15 a 30 elementos, sendo grupos mistos, femininos ou masculinos que continuam a eternizar a nossa cultura, cantando as nossas raízes e passando-as de geração em geração.

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