sexta-feira, 29 de maio de 2015

Foi lançado primeiro guia das rotas cicláveis de Portugal

Foto de Daniel Rocha
A Ecovias Portugal lançou o primeiro guia turístico, em formato digital e em inglês, que pretende promover o turismo em bicicleta e dá a conhecer 870 quilómetros de percursos cicláveis ao longo da costa atlântica portuguesa.

O road book permite aceder a 17 mapas e disponibiliza informação sobre as rotas cicláveis de longa distância, todas georreferenciadas em GPS, pontos de interesse turístico, histórico, arquitectónico e paisagístico, entre os quais se encontram o Parque Natural de Sintra-Cascais, o Cabo da Roca ou a Praia do Guincho, por exemplo. Possibilita ainda a consulta do perfil de cada percurso e estarão identificados os locais onde existe maior incidência de acidentes rodoviários.

Para além de ter como objectivo divulgar Portugal como um destino turístico preparado para ciclista e da aposta na promoção de actividades ao ar livre, o grande propósito é o de atrair os estrangeiros a visitarem o país através da circulação nas Ecovias em bicicleta, explica o responsável em comunicado. Esta é também a razão por o guia estar à venda apenas na versão em inglês.

O objectivo é tornar o road book num factor de crescimento económico, aumentando as taxas de ocupação no sector da hotelaria e da restauração, de modo a que posteriormente sejam criadas condições para o combate à desertificação, promovendo regiões do interior do país como destinos turísticos, defendem os promotores.

A rede das Ecovias, que estará em desenvolvimento até 2020, será dividida em secções com cerca de 40 a 50 quilómetros cada. Actualmente, conta já com 870 km de estradas secundárias identificadas ao longo da costa atlântica.

Para encontrar informações sobre o guia, consultar a página das Ecovias.

Texto editado por Ana Fernandes

quinta-feira, 28 de maio de 2015

Documentário do Mês. Memória dos Campos - Memory of The Camps (vídeo com restrições de idade)

Na primavera de 1945, as forças aliadas que libertaram a Europa encontraram evidências de atrocidades que torturaram a consciência do mundo desde então. Ao entrarem nos campos de concentração alemães, as tropas registraram em filme o que viram. FRONTLINE encontrou o filme inacabado armazenado num cofre no Imperial War Museum de Londres e o transmitiu pela primeira vez em 1985.

Memory of the Camps
Filmagens de campos de concentração nazis pelos Exércitos britânico e americano na Alemanha e na Áustria (e, no final, pelo Exército Vermelho em Auschwitz, na Polónia).
NOTA- Muitas imagens são insuportáveis. 
Foi há 70 anos. 
Locução do actor Trevor Howard.

quarta-feira, 27 de maio de 2015

A Very Happy Brain


This is the story of how Broody, a very unhappy brain, became very happy.
If you liked this story, click here to see how Broody learned to meditate, with his eyes open this video
If you wish to learn more about Meditation 2.0, please read this article

segunda-feira, 25 de maio de 2015

John Lennon On Revolution and Native Americans


John talks about peace, peaceful revolution, the black panthers and the Native American situation. This video is partially a response to those few sick, ignorant individuals who say John Lennon was a racist because of the song, "Woman is the Nigger of the World" See my video response below if intersted.

"Our society is run by insane people for insane objectives. I think we're being run by maniacs for maniacal ends and I think I'm liable to be put away as insane for expressing that. That's what's insane about it." -John Lennon

"Laurel and Hardy, that's John and Yoko. And we stand a better chance under that guise because all the serious people like Martin Luther King and Kennedy and Gandhi got shot." -John Lennon

"I am a firm believer in the people. If given the truth, they can be depended upon to meet any national crisis. The great point is to bring them to the real facts."- Abraham Lincoln

Biografia de John Lennon aqui
Site oficial : John Lennon
Outras publicação no Bioterra
O Medo e o Amor
Bed Peace

sábado, 23 de maio de 2015

Estudo revela que aves das Galápagos alimentam-se de flores para compensar a falta de insetos

Com a participação do Centro de Ecologia Funcional da Universidade de Coimbra, na Nature Communications
Até aqui, a história da ecologia e evolução das aves das ilhas Galápagos contava-se essencialmente com a necessidade de se alimentarem de insetos e sementes. No entanto um estudo agora publicado na revista “Nature Communications”, que contou com a participação de investigadores da Universidade de Coimbra (UC), mostra pela primeira vez que estas aves, incluindo os famosos tentilhões de Darwin, também se alimentam em larga escala de néctar e pólen de mais de 100 espécies de flores, acrescentando uma nova peça na compreensão da ecologia das espécies insulares. Ao longo de quatro anos, uma equipa multidisciplinar de investigadores de Espanha, Equador, Dinamarca e Portugal, através do Centro de Ecologia Funcional da Universidade de Coimbra (UC), procedeu à identificação dos grãos de pólen transportados no bico de aves de 19 das 23 espécies existentes nas Galápagos. Mais de 700 aves foram capturadas e libertadas após a colheita do pólen, e a informação recolhida foi depois processada com recurso a técnicas de análise de redes complexas. 

A principal novidade do estudo é que praticamente todas as aves das Galápagos adotaram a mesma estratégia, ou seja, alimentando-se massivamente de flores ao longo de todo o ano e em todas as ilhas, independentemente da dieta típica dos seus antepassados vindos da América do Sul. Segundo Ruben Heleno, investigador do Centro de Ecologia Funcional da UC, que participou no estudo, esta mudança “introduz uma nova peça que pode ser muito importante no puzzle que é a evolução e a ecologia das espécies insulares”. De acordo com o investigador, a escassez de insetos obrigou muitos animais tipicamente insectívoros e granívoros a incluírem na sua dieta recursos florais mais abundantes, como pólen e néctar. “Este alargamento na dieta leva a que as aves das Galápagos se tornem massivamente mais generalistas, consumindo uma diversidade de flores muito maior do que a das aves na américa continental”, explica Ruben Heleno. O estudo expõe também as fragilidades do ecossistema das ilhas Galápagos. “Se por um lado, as aves ganham um recurso alimentar e simultaneamente as flores beneficiam porque são polinizadas pela ação das aves, podendo assim produzir mais frutos e mais sementes, por outro representa também uma ameaça uma vez que ao visitar e polinizar as plantas introduzidas pelo Homem nestes frágeis ecossistemas insulares, as aves podem acelerar a progressão de plantas invasoras e a destruição dos habitats únicos das Galápagos”, alerta o investigador da UC.

sexta-feira, 22 de maio de 2015

O que não queremos ver nos nossos índios

[Fonte: Envolverde, 27/4/15] Notícia de poucos dias atrás (Diário Digital, 19/4/15) dá conta de pesquisa (relatada pela revista Science) de um grupo de cientistas que, trabalhando na fronteira Brasil-Venezuela com índios ianomâmis, conclui que eles têm anticorpos resistentes a agentes externos – “um microbioma com o nível mais alto de diversidade bacteriana” jamais registrado em qualquer outro grupo. Por isso mesmo, “seu sistema imunológico apresenta mais microrganismos e de todas as bactérias que o dos demais grupos humanos conhecidos” – como demonstrou o sequenciamento de DNA e de bactérias encontradas na pele, na boca e nos intestinos.
Essas análises foram confirmadas por pesquisas em universidades norte-americanas, que recentemente devolveram aos ianomâmis 2.693 amostras de sangue levadas para os Estados Unidos em 1962 – e que agora foram sepultadas pelos índios em cerimoniais respeitosos. Segundo os pesquisadores, na relação com outros grupos humanos esses índios perdem a diversidade de microrganismos e se tornam vulneráveis a doenças que antes não conheciam.
A memória dá um salto e retorna a 1979, quando o autor destas linhas, então chefe da redação do programa Globo Repórter, da Rede Globo, foi pela primeira vez ao Parque Indígena do Xingu documentar um trabalho que ali vinha sendo feito por uma equipe de médicos da Escola Paulista de Medicina (hoje Universidade Federal de São Paulo), liderada pelo professor Roberto Baruzzi. Os pesquisadores acompanhavam a saúde de cada índio de várias etnias do sul do Xingu, mantinham fichas específicas de todos e as comparavam com a visita anterior. A conclusão era espantosa: não havia ali um só caso de doenças cardiovasculares – exatamente porque, vivendo isolados, os índios não tinham nenhum dos chamados fatores de risco dessas doenças: não fumavam, não bebiam álcool, não tinham vida sedentária nem obesidade, não apresentavam hipertensão, não consumiam sal (só sal vegetal, feito com aguapé) nem açúcar de cana. Saindo do Xingu, fomos documentar grupos de índios caingangues e guaranis aculturados que viviam nas proximidades de Bauru (SP). Os que trabalhavam eram boias-frias e os demais, mendigos, alcoólatras, com perturbações mentais. Praticamente todos eram hipertensos, obesos, com taxas de mortalidade altas e precoces. A comparação foi ao ar num documentário, As Razões do Coração, que teve índices altíssimos de audiência.
São informações que deveriam fazer parte de nossas discussões de hoje, quando estamos às voltas com várias crises na área de saúde – epidemias de dengue (mais de 220 casos novos por hora, 257.809, ou 55% do total, em São Paulo), índices altíssimos de obesidade, inclusive entre jovens e crianças, doenças cardiovasculares entre as mais frequentes causas de morte. Mas em lugar de prestar atenção aos modos de viver de indígenas, enquanto ainda na força de sua cultura, continuamos a tratá-los como seres estranhos, que vivem pelados, não falam nossas línguas, não trabalham segundo nossos padrões. A ponto de eles terem agora de se rebelar para que não se aprove no Congresso Nacional, sob pressão principalmente da “bancada ruralista”, uma proposta de emenda constitucional que lhes retira parte de seus direitos assegurados pela constituição de 1988 e transfere da Funai para o Congresso o poder de demarcar ou não terras indígenas.
Com esses rumos acentuaremos o esquecimento de que eles foram os “donos” de todo o território nacional, do qual foram gradativamente expulsos. Mas ainda são quase 1 milhão de pessoas de 220 povos, que falam 180 línguas, em 27 Estados. Agora avança, inclusive no Judiciário, a tese de que só pode ser reconhecido para demarcação território já ocupado efetivamente por eles antes de 1988. E assim cerca de 300 áreas correm riscos.
Só que nos esquecemos também dos relatórios da ONU, do Banco Mundial e de outras instituições segundo os quais as áreas indígenas são os lugares mais eficazes em conservação da biodiversidade – mais que as reservas legais e outras áreas protegidas. Que seus modos de viver são os que mais impedem desmatamentos – esse problema tão angustiante por sua influência na área do clima e dos regimes de chuvas.
Isso não tem importância apenas para o Brasil. A própria ONU, por meio de sua Agência para a Alimentação e Agricultura (FAO), afirma (Eco-Finanças, 17/4) que a “crise da água” afetará dois terços da população mundial em 2050 (hoje já há algum nível de escassez para 40% da população). E que o fator principal será o maior uso da água para produzir 60% mais alimentos que hoje.
Mas há diferenças de um lugar para outro. Os países ditos desenvolvidos, com menos de 20% da população mundial, consomem quase 80% dos recursos físicos; os Estados Unidos, com 5% da população, respondem por 40% do consumo. Segundo a sua própria Agência de Proteção Ambiental, os EUA jogam no lixo 34 milhões de toneladas anuais de alimentos. No mundo, um terço dos alimentos é desperdiçado (FAO, 5/2), enquanto mais de 800 milhões de pessoas passam fome e mais de 2 bilhões vivem abaixo da linha de pobreza. No Brasil mesmo, 3,4 milhões de pessoas passam fome (Folha de S.Paulo, 22/9/2014). A elas podemos somar mais de 40 milhões de pessoas que vivem do Bolsa Família.
Diante de tudo isso, vale a pena lembrar o depoimento do saudoso psicanalista Hélio Pellegrino, no livro Noel Nutels – Memórias e Depoimentos, sobre o médico que dedicou sua vida a grupos indígenas. “Se estamos destruindo os índios”, escreveu Hélio Pellegrino, “é porque nossa brutalidade chegou a um nível perigoso para nós próprios. Os índios representam a possibilidade humana mais radical e íntima de transar com a natureza (…). Homem e natureza são casados
(…). Dissolvido esse casamento, o homem tomba num exílio feito de poeira amarga e estéril”.

quarta-feira, 20 de maio de 2015

terça-feira, 19 de maio de 2015

Thich Nhat Hanh - No Mud, No Lotus, The Art of Transforming Suffering (2014)

Awakening the Heart ~ by Thich Nhat Hanh ~ The Practice of Inner Transformation


"A forma mais eficaz de mostrar compaixão para com outro é ouvir, mais do que falar. Tens a oportunidade de praticar uma escuta profunda e compassiva. Se conseguires escutar a outra pessoa com compaixão, a tua escuta será como um curativo para a sua ferida. Na prática de escuta compassiva, ouves com apenas um propósito, que é o de dar à outra pessoa uma possibilidade de ser ouvida e de sofrer menos.

Esta prática requer concentração estável e atenção à respiração, para te absteres de interromper ou tentar corrigir o que estás a ouvir. Enquanto a outra pessoa fala, podes ouvir muita amargura, percepções erradas, e acusações no seu discurso. Se deixares que estas coisas toquem na tua própria raiva, perderás a capacidade de ouvir profundamente.
Em vez disso, mantém-te fiel ao teu verdadeiro propósito e lembra-te: "Escutando assim, o meu único objectivo é ajudar a outra pessoa a sofrer menos. Ela poderá estar cheia de percepções erradas, mas eu não interromperei. Se eu entrar com a minha perspectiva das coisas ou corrigi-la, isto tornar-se-á um debate, não uma prática de escuta profunda. Noutra altura, poderá haver a possibilidade de lhe oferecer informação para que ela possa mudar a sua percepção errada. Mas não agora."[...]

Quando tiveres compreendido o seu sofrimento e estiveres pronto para falar, a tua voz conterá compaixão. Podes usar um discurso amoroso, sem julgamento ou culpa. Podes dizer algo como, "Não é minha intenção fazer-te sofrer. Eu não compreendia o teu sofrimento. Peço desculpa. Por favor ajuda-me ao contar-me as tuas lutas e dificuldades. Preciso de ajuda para te compreender." Ou poderás dizer,

"Sei que sofreste muito estes últimos anos. Não fui capaz de te ajudar a sofrer menos. Em vez disso, piorei a situação. Reagi com fúria e teimosia, e em vez de te ajudar, fiz-te sofrer mais. Peço-te muita desculpa." Muitos de nós já não conseguem utilizar este tipo de linguagem com a outra pessoa, porque sofremos tanto. Mas quando praticamos conscientemente a escuta profunda e o discurso amoroso, tanta cura e felicidade são possíveis."

segunda-feira, 18 de maio de 2015

Arquitecto Gonçalo Ribeiro Telles - "A Estrutura Ecológica da Cidade-Região"



Em Portugal, uma das figuras que mais tem insistido na importância da Hortas Urbanas é o arquitecto paisagista Gonçalo Ribeiro Telles (1922). Segundo Ribeiro Telles, em 1987, só em Lisboa existiam 3000 famílias que dependiam exclusivamente das suas hortas para não passarem fome. Para além dos alimentos, estas famílias ainda retiravam dois outros rendimentos das hortas, designadamente o dos crisântemos, que vendiam no dia de finados, e o dos manjericos que eram vendidos no mês dos santos populares.

Ribeiro Telles defende a integração da ruralidade no interior da cidade sobretudo por razões históricas e culturais, referindo que foi a partir da agricultura que a cidade nasceu. O espaço urbano permaneceu ao longo da sua história ligado ao espaço rural. A ruralidade faz parte da memória da cidade e da cultura das pessoas que nela vivem. Para Ribeiro Telles, a base da portugalidade encontra-se no mundo rural. E por isso a ruralidade deve continuar presente no espaço urbano. A identidade de cidades como Lisboa assenta, em grande parte, nas suas características rurais.

Para João Gomes da Silva (1962), a arquitectura paisagista não se deve reduzir à elaboração de uma imagem visualmente apelativa, destacando para além da dimensão estética, as componentes funcionais, ecológicas e culturais. Este arquitecto paisagista, que inclui frequentemente nos seus projectos de espaços urbanos e jardins privados pré-existências rurais e populares, defende que as tipologias rurais e as construções populares mudam assim de contexto e significado. Ao serem apropriadas e transformadas por uma cultura urbana, através de um olhar erudito, configuram-se como entidades histórica e culturalmente significativas, adquirindo valor estético e artístico. Passam, assim, a estar associadas ao lazer mesmo quando mantêm a sua função produtiva. Gomes da Silva recorre a Duchamp para descrever e interpretar a sua própria metodologia, apelando à noção de ready-made: objectos do quotidiano que, ao mudarem de contexto, sendo expostos numa galeria ou museu, se constituem como arte.

Actualmente, vão surgindo cada vez mais situações, onde certas franjas da sociedade, praticam o cultivo de produtos hortícolas ocupando vazios deixados pelo atravessamento de grandes infra-estruturas rodo e ferroviárias, terrenos expectantes, taludes sem vocação urbanística, espaços de ninguém e sem valor aparente, originando o fenómeno das Hortas de Lata. Este fenómeno é o principal sintoma de um certo vazio doutrinário do planeamento urbano que tem vindo a menosprezar o elevado potencial da horta como elemento estruturante do espaço urbano.

Cabe ao poder político e económico, em diálogo com equipas de designers, arquitectos, arquitectos paisagistas, agrónomos, biólogos, urbanistas, engenheiros e até artistas plásticos, a criação de projectos estruturados que possam rever o desenho urbano, corrigindo e rentabilizando o solo, por forma a assegurar à cidade um desenvolvimento harmonioso e sustentável.

A Horta Urbana deve assumir um papel relevante na ocupação do território, numa simbiose entre a cidade tradicional e a cidade moderna. Onde o estado ao deter a totalidade dos espaços deve fazer uma divisão fundiária de forma a potenciar o aparecimento das hortas. Esta divisão fundiária deve ter em conta zonas de terrenos expectantes, vazios deixados pelas infra-estruturas ou cursos de água, taludes sem vocação urbanística mas, também espaços centrais da cidade elevando a horta a equipamento comunitário.

Neste sentido, a Horta Urbana dá à cidade um espaço que privilegia a interacção social, a qualidade ambiental e acima de tudo uma infra-estrutura de custos reduzidos e com um grande potencial de retorno na vida económica das famílias. A Horta Urbana é uma infra-estruturas de inovação urbana, com a possibilidade de conferir sentido e oportunidade a áreas negligenciadas e de difícil manutenção, dotando-as de zonas de lazer, espaços de articulação, convívio comunitário, acrescentando valor à vida nas cidades e à saúde dos seus habitantes.

terça-feira, 12 de maio de 2015

Judith Malina: Ela sonhava com um teatro revolução e fez esse teatro até ao fim



Com aproximadamente uma centena de peças no seu historial, o Living Theatre revolucionou a prática teatral ao apresentar-se fora das salas e procurando uma constante acção política e social. A sua fundadora, Judith Malina, morreu sexta-feira (dia 10 de Abril), aos 88 anos.

Em Fevereiro de 2013, pondo fim à mais longa permanência do Living Theatre num mesmo espaço nova-iorquino, o grupo era “despejado” de Clinton Street. Mais de seis décadas depois de Judith Malina e Julian Beck terem fundado a sua companhia de teatro, a essência continuava tão marginal quanto sempre havia sido. Aos 88 anos, Malina era ainda movida pelo mesmo “sonho de uma bela revolução anarquista não-violenta”, apresentando na noite de despedida desse espaço Here We Are, uma peça que afirmava a ineficácia de um sistema político montado sobre a ideia da democracia representativa. Judith Malina morreu aos 88 anos na passada sexta-feira. O seu sonho não – continua vivo, depositado nas mãos do seu filho Garrick Beck e dos restantes sucessores na direcção do Living Theatre.

Mesmo com um estado de saúde tão fragilizado quanto as finanças do grupo, Malina encontraria ainda forças para estrear, em 2014, a sua derradeira criação, Nowhere to Hide. Prova de uma vontade férrea em fazer vingar a sua visão utópica de um teatro implicado política e socialmente, Malina carregaria a missão do Living Theatre depois de perder os seus dois companheiros – Beck morreu em 1985, Hanon Reznikov, seu segundo marido, desapareceu em 2008.

A notícia da morte de Malina na Lillian Booth Actor Home, devido a uma doença pulmonar, foi avançada pelo jornal The New York Times. Embora seja naturalmente tentador recordar a marca de actriz de Malina na série Os Sopranos ou nos filmes Os Dias da Rádio, de Woody Allen, ou Um Dia de Cão, de Sidney Lumet, a grande obra da sua vida seria o trabalho constante com o Living Theatre, fundado em 1947.

A experiência de Ouro Preto
Animado por uma postura de contra-cultura e de revolução da linguagem teatral, propondo-se libertá-la do palco, levando-a para as ruas, o Living Theatre pautou-se desde o início por uma relação de confrontação com todo o tipo de convenções, nomeadamente quebrar o mais possível a fronteira entre actores e público, entre ficção e realidade, entre arte e política. Exemplo máximo dessa visão teatral terá sido Paradise Now, espectáculo que causou um sério impacto em Sérgio Godinho quando o viu em Genebra em 1969, onde então estudava. “Fiquei impressionado com aquela experiência de teatro bastante inovadora, feita de fragmentos, porque não era uma peça no sentido convencional”, lembra o músico ao PÚBLICO.

Pouco depois, na sequência de vários encontros em Paris quando Godinho integrava o elenco do musical Hair, o Living Theatre convidá-lo-ia a juntar-se-lhe em Ouro Preto, no Brasil, onde se iriam apresentar num festival de teatro. “Nessa altura já tinham feito uma ruptura com o teatro de salas, queriam fazer um teatro de rua e assumidamente anarquista e de agitação”, diz o músico português, justificando o porquê de não ter hesitado em embarcar com a sua companheira, Sheila Charlesworth, a caminho do Brasil. A companhia preparava nesses dias de 1971, em pleno período de ditadura militar no país, um espectáculo em apoio aos trabalhadores da multinacional canadiana de alumínios Alcan. O teatro fazia-se, afinal, onde eles estivessem. Era vivo nesse sentido – não se desligava depois da saída do palco. Aliás, o palco tinha sido eliminado para que o teatro existisse sempre.

No entanto, acabariam todos presos em Belo Horizonte devido a uma acção de extrema-direita no primeiro dia do festival. “Primeiro, fomos acusados de subversão e de posse de maconha. Estivemos presos dois meses e acabámos por ser expulsos do Brasil depois de uma grande contestação internacional [liderada por nomes como Susan Sontag e Jean-Paul Sartre], embora tenhamos sido absolvidos”, recorda Godinho.

A garra de Judith

“É impossível falar da Judith sem falar do Julian”, argumenta Sérgio Godinho. “Mas a Judith era fantástica e tinha mais afinidade com ela do que com o Julian, porque era uma judia nova-iorquina com sentido de mordacidade e extremamente culta, sempre ligada às teorias mais avançadas do teatro, sobretudo do Piscator.” Nascida na Alemanha, em 1926, Malina mudou-se com a família para Nova Iorque e foi precisamente com Erwin Piscator que se formou como actriz e encenadora. A sua vida ficaria marcada pelo encontro com o pintor expressionista Julian Beck. A estreia da companhia deu-se em 1951, com Dr. Faustus Lights the Lights, de Gertrude Stein, tendo seguido depois para autores como T. S. Eliot. Jean Cocteau ou William Carlos Williams.

Em 1977, o crítico de arte e programador Ernesto de Sousa chamou a companhia para a histórica exposição Alternativa 0, na Galeria de Arte Moderna, em Belém, tendo apresentado três performances em Lisboa e seguido depois em digressão para Coimbra e Porto, onde montaram o espectáculo Sete Meditações sobre Sado-Masoquismo Político.

Em cada momento, de profunda convicção na revolução social pelo teatro, “a garra da Judith Malina determinou todo aquele nervo que o Living Theatre teve”, acredita Sérgio Godinho.

Fonte: Público

Biografia e Obra

sexta-feira, 8 de maio de 2015

A educação que temos rouba dos jovens a consciência, o tempo e a vida

Claudio Naranjo

"- Você diz que para mudar o mundo é preciso mudar a educação. Qual é o problema da educação e qual é a sua proposta?

- O problema da educação não é de forma alguma o que os educadores pensam que é. Acreditam que os alunos não querem mais o que eles tem a oferecer. Aos alunos vão querer forçar uma educação irrelevante e estes se defendem com distúrbios de atenção e com a desmotivação. Eu acho que a educação não está a serviço da evolução humana, mas sim a produção ou socialização. Esta educação serve para adestrar as pessoas de geração em geração, a fim de continuar a ser mais um manipulado pelos cordeiros da mídia. Este é um grande mal social. Você quer usar a educação como uma maneira de embutir na mente das pessoas uma maneira de ver as coisas que irá atender ao sistema e a burocracia. Nossa maior necessidade é evoluir na educação, para que as pessoas sejam o que elas poderiam ser.

A crise da educação não é uma crise entre as muitas crises que temos, uma vez que a educação é o cerne do problema. O mundo está em uma profunda crise porque não temos uma educação para a consciência. Nós temos uma educação de uma forma que está roubando as pessoas de sua consciência, seu tempo e sua vida.

O modelo de desenvolvimento econômico de hoje tem ofuscado o desenvolvimento da pessoa"


Ler toda a entrevista aqui

quinta-feira, 7 de maio de 2015

Escolas de Paz

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Teresa Lamas Serra – Desenhos dos + pequeninos. Tema da Paz – Fev.2013

Sonho com uma escola de amor, onde o foco é aprender, aprender a ser, aprender a estar, aprender a dar, aprender a amar, aprender a respeitar, aprender a escutar, aprender a crescer com conhecimento, valores e princípios.

Sonho com uma escola de paz, onde a partilha é um bem comum, e a competição não é cultivada, onde os desempenhos de cada um, só a cada um dizem respeito, onde a subjectividade é premiada e a diferença cultivada, onde não há prémios para os melhores e rótulos para os piores.

Sonho com uma escola onde não há piores nem melhores, apenas crianças diferentes, que aprendem de forma diferente, nem melhor nem pior.
Sonho com uma escola que questione, que interrogue, que esteja aberta à mudança, a programas adequados à idade das suas crianças.
Sonho com uma escola que veja a criança como criança, e não como um adulto.
Sonho com uma escola de cores, onde a criatividade é alimentada, explorada, e fomentada.
Sonho com uma escola onde as abraços são ensinados, e o diálogo a única forma de resolver conflitos.

Sonho com uma escola que dê voz, às vozes que dela fazem parte.
Sonho com uma escola que acolha o erro como parte integrante de qualquer aprendizagem.
Sonho com uma escola onde aqueles que ensinam sabem que a qualquer aprendizagem deve anteceder a conquista afetiva daqueles a quem se quer ensinar.
Sonho com uma escola onde os adultos que a modelam, são adultos de paz e amor, com a missão clara do seu papel de educadores.
Sonho com uma escola de silêncio, de meditação e de educação para a vida e para o amor.
Sonho com uma escola imperfeita, onde todos desejam aprender e crescer, onde a missão é o florescimento humano.

quarta-feira, 6 de maio de 2015

Vinicius de Moraes & Baden Powell- Canto de Xangô


Eu vim de bem longe
Eu vim, nem sei mais de onde é que eu vim
Sou filho de Rei
Muito lutei pra ser o que eu sou
Eu sou negro de cor
Mas tudo é só amor em mim
Tudo é só amor para mim
Xangô Agodô
Hoje é tempo de amor
Hoje é tempo de dor, em mim
Xangô Agodô

Salve, Xangô, meu Rei Senhor
Salve, meu orixá
Tem sete cores sua cor
Sete dias para a gente amar

Mas amar é sofrer
Mas amar é morrer de dor
Xangô meu Senhor, saravá!
Xangô meu Senhor!
Mas me faça sofrer
Mas me faça morrer de amor
Xangô meu Senhor, saravá!
Xangô Agodô!

segunda-feira, 4 de maio de 2015

O que o Dalai Lama ensinou a Daniel Goleman sobre inteligência emocional


Duas décadas antes de Daniel Goleman escrever pela primeira vez sobre inteligência emocional nas páginas do Harvard Business Review (HBR), ele se encontrou com o 14º Dalai Lama na universidade Amherst College, em Massachusetts, Estados Unidos. O Dalai Lama comentou com o jovem jornalista de ciências do New York Times que ele estava interessado em se reunir com cientistas. Daí começou uma longa e rica amizade, uma vez que Goleman se envolveu, com o passar dos anos, com a organização de uma série do que ele chama de “diálogos estendidos”, entre o líder espiritual budista e pesquisadores de áreas que vão da ecologia à neurociência. Nos 30 anos seguintes, enquanto Goleman seguia com seu próprio trabalho de psicólogo e consultor de negócios (business thinker), ele passou a enxergar o Dalai Lama como um líder bastante incomum. Por isso, é compreensível que ele tenha ficado maravilhado quando, na ocasião do 80º aniversário de seu amigo, pediram-lhe que escrevesse um livro descrevendo a abordagem compassiva do Dalai Lama para lidar com os problemas mais espinhosos do mundo. Previsto para ser lançado em junho, “Uma Força Para o Bem” traz elementos tanto da experiência de Goleman na ciência cognitiva quanto do relacionamento dele com o Dalai Lama. Além de explorar o poder e a ciência da compaixão, é também um convite para a ação. Curioso sobre o livro e sobre como os pontos de vista do Dalai Lama em relação à compaixão influenciaram o pensamento dele no tema da inteligência emocional, entrevistei Goleman pelo telefone. O que se segue são excertos editados da nossa conversa.

HBR. Vamos começar com algumas definições. O que é compaixão, na forma que você descreve? Parece bastante com empatia, que é um dos componentes principais da inteligência emocional. Tem diferença?

Goleman: Sim, uma diferença importante. Como já escrevi recentemente na HBR, três tipos de empatia são importantes para a inteligência emocional: empatia cognitiva – a habilidade de entender o ponto de vista do outro; empatia emocional – a habilidade de sentir o que a outra pessoa sente; e preocupação empática – a habilidade de perceber o que a outra pessoa necessita de você. Cultivar todos os três tipos de empatia, que se originam em diferentes partes do cérebro, é importante na construção de relações sociais.

Porém, a compaixão é um passo além da empatia. Sentimos compaixão quando ficamos aflitos ao vermos alguém em dificuldade – e, por causa disso, queremos ajudar aquela pessoa.

Por que é preciso fazer essa distinção?

Colocando de forma simples, a compaixão é o que faz a diferença entre o compreender e o se importar. É o tipo de amor que um pai tem pelo filho. Cultivar isso de forma mais ampla significa estender isso para outras pessoas que estão em nossas vidas e para aqueles com quem nos encontramos.

Acho que, no local de trabalho, essa atitude tem um efeito positivo imenso, seja no jeito que nos relacionamos com nossos pares, seja na forma como somos enquanto líderes, ou mesmo na maneira como nos relacionamos com nossos clientes e consumidores. Quando temos uma disposição positiva em relação à outra pessoa, criamos um tipo de ressonância que gera confiança e lealdade, tornando as interações harmoniosas. E o oposto disso – quando não fazemos nada para mostrar que nos importamos – cria desconfiança, desarmonia e causa grande disfunção em casa e no trabalho.

Colocando desse jeito, é difícil discordar que, se você trata bem as pessoas, as coisas saem melhores do que quando você não trata, ou que, se você se importa com elas, elas vão se importar bem mais com você. Então, por que você acha que isso não acontece naturalmente? É uma coisa cultural? Ou é a confusão que existe sobre quando a competição é saudável?

Acho que muitas vezes há uma incompreensão que leva as pessoas a pensarem que, se eu for legal com o outro ou se eu estou defendendo os interesses do outro, isso significa que eu não estou defendendo os meus próprios interesses. A patologia que isso gera é pensar que: “bom, vou pensar apenas em mim mesmo e não vou ligar para os outros”.  E isso, obviamente, é o tipo de atitude que gera muitos problemas tanto no plano dos negócios quanto no plano pessoal. Contudo, a compaixão também inclui você mesmo. Se a gente se assegura de que estamos protegendo a nós mesmos e de que estamos bem – e também se assegura de que o outro está bem -, isso cria um ambiente diferente para trabalhar com outras pessoas e para cooperar com outras pessoas.

Você poderia dar um exemplo de como isso funcionaria no mundo dos negócios?

Há uma pesquisa realizada com vendedores renomados e com gerentes de atendimento ao cliente que mostrou que aqueles que têm o nível de desempenho mais baixo apresentam uma atitude do tipo: “Vou fechar esse negócio agora da melhor forma possível para mim e não me importo com o efeito que isso terá na outra parte”, o que significa que você pode até fazer aquela venda, mas que vai perder o relacionamento. Por outro lado, no topo do ranking, os melhores se caracterizam pela atitude “Estou trabalhando tanto para os clientes quanto para mim mesmo. Vou ser completamente franco e vou agir como um assessor deles. Se o negócio que eu posso propor não for o melhor que eles podem conseguir, vou deixá-los cientes disso. Porque isso irá fortalecer o relacionamento, mesmo que signifique que eu perca aquela venda específica”. E acho que isso capta a diferença entre a atitude do “primeiro eu” e a atitude do “pelo bem de todos”, que eu quero passar.

Como podemos cultivar a compaixão no caso de simplesmente não estarmos sentindo isso?

Recentemente, neurocientistas têm estudado a compaixão, e universidades como a de Stanford, Yale, Berkeley e a universidade de Wisconsin, em Madison, nos Estados Unidos, entre outras, têm realizado testes com diferentes metodologias que buscam aumentar a compaixão. Neste momento, há tipo uma tendência para que a mindfulness seja incorporada no local de trabalho, e parece que há dados do instituto Max Planck que mostram que aprimorar a mindfulness tem sim um efeito no funcionamento do cérebro, mas o circuito que é afetado não é o circuito para a preocupação ou compaixão.  Em outras palavras, a mindfulness sozinha não gera automaticamente um aumento na compaixão.

Mesmo assim, nos métodos tradicionais de meditação que estão na base da mindfulness para o local de trabalho, as duas coisas sempre estiveram ligadas, de maneira que mindfulness é praticada em um contexto em que também se cultiva a compaixão.

A universidade de Stanford, por exemplo, desenvolveu um programa incorporando versões seculares de métodos que originalmente vieram de práticas religiosas. Trata-se de uma meditação em que se cultiva uma atitude de gentiliza amorosa, ou de preocupação, ou de compaixão pelas pessoas. Primeiro, você faz isso com você mesmo. Em seguida, com pessoas que você ama. E depois com pessoas que você apenas conhece. E, finalmente, com todo mundo. E o efeito disso é deixar o circuito do cérebro responsável pela compaixão já engatilhado, de forma que você fique mais inclinado a agir dessa forma quando a oportunidade surge.

Você comentou que o Dalai Lama é um tipo de líder bastante distinto. Há alguma coisa que nós, enquanto líderes, podemos aprender com essa forma ímpar de liderança dele?

Tendo observado ele ao longo dos anos, e também o entrevistado extensamente para esse livro, além de obviamente estar imerso na literatura sobre liderança, três coisas me chamaram a atenção.

A primeira é que ele não está ligado a absolutamente nenhuma organização. Ele não tem nenhuma atividade econômica. Ele é não um líder partidário. Ele é um cidadão do mundo em geral. E isso tem liberado ele para lidar com os maiores problemas que nós enfrentamos.  Entendo que, na medida em que um líder está ligado a uma determinada organização ou um determinado resultado, isso cria um tipo de miopia sobre o que é possível ou sobre o que é importante; o foco fica restrito ao resultado do próximo quadrimestre ou da próxima eleição. Ele está completamente fora disso. Ele pensa em termos de gerações ou daquilo que é melhor para a humanidade como um todo. Como a visão dele é tão ampla, ele pode se debruçar sobre os desafios maiores, em vez daqueles menores e mais restritos.

Portanto, acho que tem uma lição aqui para todos nós: que seria perguntar a nós mesmos se há alguma coisa que limita nossa visão – que limita nossa capacidade de nos importarmos? E existe alguma maneira de ampliá-la?

A segunda coisa é que ele tira informação de qualquer lugar. Ele se encontra com chefes de estado e ele se encontra com mendigos. Ele está pegando informação com pessoas de todos os níveis da sociedade e em todo o mundo. Essas fontes abundantes e variadas permitem que ele compreenda situações profundamente, e ele consegue analisá-las por diversas maneiras e chegar a soluções que não estão condicionadas a ninguém. E acho que essa é outra lição que os líderes podem aprender com ele.

E a terceira seria o escopo da compaixão dele: é bem ilimitada. Acho que é um ideal que todos devemos lutar para atingir – ele parece se preocupar com todo mundo, e com o mundo inteiro em geral.

Você tem chamado esse livro de um convite para a ação? O que você espera que pessoas façam depois de lê-lo?

O livro é realmente um convite para agir, mas é um convite muito bem fundamentado. O Dalai Lama acredita fortemente que devemos fazer uma análise profunda dos problemas e deixar que as soluções surjam dessa análise. E, além disso, ele é um incentivador enfático de que as pessoas partam agora para a ação. Sem sentir-se passivo, sem sentir-se incapaz, sem sentir: “qual é o sentido disso; não estarei aqui mesmo para ver o benefício disso”. Em vez disso, devemos começar a mudança agora, mesmo que a mudança só gere benefícios para as futuras gerações.

Então, minha esperança, assim como é a dele, é ajudar as pessoas a entender o que elas podem fazer ao enfrentar problemas que são muito vastos – criar uma economia mais inclusiva; dar um propósito para o trabalho; não apenas fazer bem, mas fazer o bem; acabar com a injustiça e iniquidade, com a corrupção e o conluio na sociedade, seja nos negócios, na política ou na religião; ajudar o meio ambiente a se recuperar; a esperança de que algum dia os conflitos serão resolvidos pelo diálogo e não com guerras.

Essas são questões muito grandes. Mas todo mundo pode fazer alguma coisa para dar um empurrãozinho na direção certa, mesmo que seja apenas superar as diferenças e tornar-se amigo de alguém que pertence a um outro grupo. Isso na verdade tem um resultado final muito poderoso. Quando existem dois grupos em algum lugar do mundo que possuem uma rixa entre si e, ainda assim, algumas pessoas desses grupos opostos gostam uns dos outros, isso é porque eles tiveram algum contato pessoal – eles fizeram um amigo naquele outro grupo. Então uma coisa simples como superar as diferenças é na verdade uma coisa bem profunda.

Em cada uma dessas áreas, seja qual for a capacidade que tenhamos, a questão é usá-la, e não apenas ficar esperando.

*Traduzido do artigo publicado na Havard Business Review

Segunda-feira..."Portem-se bem"



Peste & Sida in "Acordas p'la manhã" do álbum "Portem-se Bem" (1989).


Homenagem a João Ribas - 05/1965 - 03-2014 R.I.P.

sábado, 2 de maio de 2015

Fósseis de um anfíbio gigante foram encontrados no Algarve

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Fósseis de um anfíbio gigante com cerca de 220 milhões de anos foram encontrados no Algarve, na aldeia da Penina, concelho de Loulé. Escavados em 2010 e 2011, nas rochas formadas num antigo lago, os fósseis são agora descritos como pertencentes a uma espécie nova do grupo dos metopossauros – anfíbios primitivos a partir dos quais evoluíram os anfíbios modernos, como os sapos e as salamandras. Nome científico da nova espécie:Metoposaurus algarvensis.

Os metopossauros eram parecidos com salamandras gigantes, alguns atingiam dois metros de comprimento, como este agora descoberto. Durante o período Triásico, viveram em lagos e rios, tal como vivem actualmente os crocodilos, explica em comunicado a Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade Nova de Lisboa, à qual pertence o paleontólogo português Octávio Mateus, um dos elementos da equipa. Mas estes anfíbios primitivos, acrescenta o comunicado, eram parentes muito distantes das salamandras actuais.

A descoberta foi revelada num artigo científico na revista Journal of Vertebrate Paleontology, no qual se apresenta o Metoposaurus algarvensisnão só como uma espécie nova para a ciência, mas também como a “primeira espécie de metopossauro da Península Ibérica, tendo por base vários exemplares excepcionais de uma acumulação de ossos do Triásico Superior no Algarve”.

Até agora, o registo de metopossauros na Península Ibérica limitava-se a material fragmentado. Além da nova espécie portuguesa, na Europa apenas há mais duas outras espécies de metopossauros (a Metoposaurus diagnosticus e a Metoposaurus krasiejowensis), refere ainda o artigo assinado por cientistas das universidades de Edimburgo e Birmingham (Reino Unido) e do Museu de História Natural de Paris (França), além do paleontólogo português.

Para lá da Europa, têm sido encontrados fósseis de metopossauros em África e na América do Norte. Mas as diferenças na estrutura do crânio e da mandíbula dos fósseis descobertos em Portugal revelaram que são de uma nova espécie e que a distribuição geográfica dos metopossauros é maior do que se pensava até agora, sublinha o comunicado, divulgado no início desta semana.

“Este novo anfíbio parece saído de um filme de monstros. Era tão comprido como um pequeno carro e tinha centenas de dentes afiados numa grande cabeça achatada, que parecia a tampa de uma sanita quando as mandíbulas estavam fechadas”, considera o primeiro autor do estudo, Steve Brusatte, da Universidade de Edimburgo. “Era o tipo de predador feroz que os primeiros dinossauros tinham que enfrentar, muito antes dos dias gloriosos do T-rex e do Brachiosaurus”, refere ainda Steve Brusatte, no comunicado. “É uma daquelas criaturas do passado distante que parece um extraterrestre – mas, na verdade, é muito relevante. Este tipo de grandes anfíbios foi o ‘stock’ ancestral de onde vieram as rãs, as salamandras e os tritões”, acrescenta o paleontólogo à BCC online.

Em 2009, a equipa encontrou a acumulação de ossos, que na prática é um cemitério de anfíbios gigantes, onde centenas de animais terão morrido quando o lago secou. No ano seguinte, os cientistas começaram as escavações – “e até à data”, lê-se no artigo, “escavámos vários crânios e blocos de material pós-craniano desarticulado, que tem sido preparado no Museu da Lourinhã”, onde o paleontólogo português também é colaborador.

Até ao momento, foram escavados apenas quatro metros quadrados deste cemitério de anfíbios gigantes, o que é uma parte muito pequena da acumulação de fósseis. Ainda assim, segundo a BBC online, os cientistas encontraram ossos fossilizados de pelo menos dez indivíduos e, em escavações futuras, esperam escavar centenas. “Significa que teremos muitos fósseis que nos podem dizer como era esta criatura, como era a sua ecologia e o mundo em que habitava”, diz Steve Brusatte.

Ouvida pela BBC online, a paleontóloga Susan Evans, do University College de Londres, que não participou no trabalho, considera impressionante o novo metopossauro, até por ser o primeiro da Europa do Sul. “É um espécime muito bem preservado e numa nova localidade, mas estas coisas têm sido encontrados em vários locais”, comenta. “É um parente das salamandras na mesma medida em que os ornitorrincos são um nosso familiar distante.”

A maioria destes anfíbios monstruosos desapareceu durante uma extinção em massa há 201 milhões, um extermínio que marcou o fim do Triásico e o início do período Jurássico. Os dinossauros, que tinham aparecido uns 20 a 30 milhões de anos antes, escaparam-se e o supercontinente Pangea, que agrupava todos os continentes da Terra, estava a começar a dividir-se.

“Esta descoberta é o exemplo de um achado de uma época muito pouco conhecida em Portugal, o Triásico, há cerca de 200 milhões de anos, altura em que viveram alguns dos primeiros dinossauros”, sublinha Octávio Mateus.

Música do Bioterra: Clan of Xymox - Cold Damp Day


Clan of Xymox - Cold Damp Day


Cold Damp Day
I can't escape this bitter taste
And it's all because of you
When you're gone I feel alone
And my patience is wearing thin
When I dream in my bed
My pillow is wrapped around my head
I need your warmth , taste your skin
And all the noise is growing thin
And there's nothing I can do
There's nothing I can say
And there's nothing I can do
And nothing can make you stay
On this cold damp day
I wished you could stay
On this cold damp day
I wished you could stay

I don't want this aggravation
I don't find it even crazy
The days are slow , I said to you
I would always have you be
Close to me and my ache
Increased again, inside my head
The way it appeared you felt the same
Saying one more time my name
The sweetest words , this captive slave
Who could not speak about his craze...
"There's nothing wrong"
-you crossed the water-
"There's nothing else"
-I miss your laughter-
"There's nothing wrong"
-The cares go on-
"There's nothing else"
-I miss your laughter-
There's nothing I could say
And There's nothing I can do
On this cold damp day
I wished you could stay
It's cold and grey
I wished you could stay
I wished you could stay
I can't control heart and soul
there's no comfort of any kind
two worlds apart , a single star
Should lead you to my heart

And There's nothing I can do
And nothing could make you stay
I wished you could stay
It's cold and grey
I wished you could stay
On this cold damp day
I wished you could stay

sexta-feira, 1 de maio de 2015

Documentário da Semana- "Som da Rua: Uma Orquestra, Todas as Vidas"

No Dia Mundial do Trabalhador, vi e desejo partilhar este profundo documentário de Esperança.

SINOPSE:

Em cada artéria da cidade do Porto, um músico da orquestra "Som da Rua". Dezenas de sem-abrigo juntaram-se ao longo de vários meses em nome de um sonho: cantar contra a solidão no palco da Casa da Música. De porta aberta ao que a alma de cada um dos protagonistas ditava, vários rostos, muitas histórias contadas na primeira pessoa: a droga, a violência, a discriminação, a fome e a solidão acabaram silenciadas pela música dos que acreditaram até ao último dia. As lágrimas e os aplausos inundaram a casa de todas as músicas.