terça-feira, 10 de março de 2015

Descoberta a primeira planta carnívora fossilizada em âmbar


Uma espécie de planta carnívora que crescia há uns 40 milhões de anos no actual território da Rússia foi descoberta fossilizada em âmbar junto ao Mar Báltico.

Fonte: Phys.org
O espécime, localizado numa mina em Kaliningrado, pode estar relacionado com a planta Roridula, encontrada no sudoeste de África do Sul. A descoberta sugere que os «antepassados» da Roridula podem ter estado mais espalhados do que se pensava.

A Roridula «caça» as suas presas através de uma substância altamente viscosa, que prende os insectos e os deixa prontos para serem digeridos.

Tal como a Roridula, esta planta recentemente descoberta apresenta «tentáculos» e glândulas com os quais produziria o visco para imobilizar as presas, antes de libertar enzimas digestivas para extrair nutrientes dos insectos mais incautos (ver galeria).

Segundo os investigadores, que descreveram a descoberta na Proceedings of the National Academy of Sciences, o fóssil terá entre 35 e 47 milhões de anos e pode tratar-se de um antepassado da família da Roridula, chamada Roridulaceae.

De acordo com a doutora Eva-Maria Sadowski, da Universidade de Gottingen na Alemanha, esta terá sido a primeira vez que se descobriu uma planta carnívora fossilizada.

«O âmbar – resina de árvore fossilizada – preserva os organismos com uma fidelidade microscópica e frequentemente, os fósseis preservados em âmbar estão ausentes de todos os outros registos fossilizados [que não âmbar]», explicou.

«Contudo, restos de plantas são raramente encontrados em fósseis de âmbar, comparando com as grandes quantidades de insectos e outros animais», referiu.

«O nosso fóssil recentemente descoberto é o único caso documentado de uma planta carnívora fossilizada e representa a primeira amostra fossilizada de uma planta carnívora da família Roridulaceae, que hoje é endémica de África do Sul».

A descoberta também desafia a ideia prévia que a planta teve origem há 90 milhões de anos na zona sul do antigo «supercontinente» antes de se separar nos fragmentos de Terra tais como os conhecemos do actual mapa do globo.

Sadowski disse que a planta Roridula é muito eficiente a encurralar todos os tipos de insectos devido à substância viscosa que produz e à organização hierárquica dos seus tentáculos, verdadeiras unidades funcionais para uma eficaz captura de presas.

«O tentáculo mais longo faz o primeiro contacto com a presa. Por causa da grande flexibilidade destes tentáculos proeminentes, o insecto fica preso aos tentáculos de médio alcance, que fazem abrandar o movimento dos animais caçados.

«Por fim, os tentáculos mais curtos e rijos imobilizam a presa», acrescentou.

«Tal como no caso das plantas Roridulaceae modernas, as folhas fossilizadas [recentemente descobertas] têm tamanhos diferentes que desempenhavam funções específicas na captura de presas: o primeiro contacto, o abrandamento e a imobilização – em linha com os requerimentos de uma natureza carnívora», notou.

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